Emanuel comenta: “Navarro, acompanho seu site a algum tempo, desde que resolvi começar a investir e tenho aprendido muito com tudo o quê você escreve. Parabéns e obrigado pelo blog! Comecei devagar, mas nem tanto, por fundos de ações, administrados pelo banco. No entanto, já pensando num futuro mais diversificado, vi no próprio site do banco a opção de “oferta pública de ativos”, mas sem muito mais explicações, apenas longos documentos com uma infinidade de informações sobre as empresas em questão. Você poderia explicar melhor o que é isso e como funciona? Obrigado“.
Emanuel, obrigado pelas regulares visitas e por estar aprendendo com o Dinheirama. Fico muito satisfeito sabendo que posso mesmo ajudar. Aliás, convido-o para participar da Promoção Dinheirama 100 Posts. Tem blog? Então participe! Parabéns pela atitude e pela determinação ao escolher, de cara, algo mais arriscado. No entanto, devo alertá-lo para que também se preocupe em investir parte de seu patrimônio financeiro em algo mais seguro e de menos risco. Use esta mesma atitude e valores para preocupar-se com as reservas. A oferta pública de ativos é mais conhecida como IPO, sigla para Initial Public Offerings. Vou detalhar suas características básicas.
Entendendo o IPO
De uma forma simples e objetiva, um IPO é uma possibilidade criada para que as empresas possam capitalizar-se através da Bolsa de Valores. O IPO, como a sigla indica, trata das ofertas primárias de ações. Ou seja, oferta de ações por parte de empresas que ainda não possuiam capital aberto. Basta imaginar a estréia de uma empresa na Bovespa, o grande e esperado primeiro dia. Afinal, tudo tem sua primeira vez. Certo?
O que significa participar de um IPO?
É preciso considerar que, como a empresa ainda não está listada na Bovespa, você precisará de um mecanismo para reservar suas compras, garantindo sua posição quando do início do pregão. E é isso que as corretoras oferecem como parte de suas atividades. Emanuel, então esta tal “oferta pública de ativos” é uma possibilidade dada pelo banco para que você escolha uma empresa que ainda vá estrear na Bolsa e reserve parte de suas ações para compra no dia do pregão inicial.
Reservar ações de uma empresa? Mas a que preço? Como é que sei que não estão cobrando caro, se ela nunca esteve listada na Bovespa?
Mais uma pergunta do milhão cuja resposta não é tão simples. A definição do preço da ação em uma abertura de capital é algo complexo e feita de uma forma sistemática e em sintonia com o mercado. Mas ela acaba terminando em uma matemática. Sabemos que o mercado não é assim tão matemático e as reações das pessoas é que acabam movendo a montanha de dinheiro aplicada na Bolsa. Logo, você não tem (ou terá) garantia nenhuma de que as ações subirão de preço.
Mas não se assuste. IPOs são, por definição, algo arriscado e perigoso. Mas são também momentos onde se pode ganhar muito dinheiro. Você já deve ter aprendido que onde há risco alto, há também possibilidade de retorno alto. Costumo dizer que, enquanto as ações em geral são uma atração para o longo prazo, os IPOs são uma boa opção para o curto prazo. As ações negociadas no primeiro dia de pregão podem ter altíssima valorização, como pode perceber no seguinte exemplo: dos 25 IPOs realizados no ano passado, 20 tiveram alta no primeiro dia de negociação. A maior alta foi de 29,46% e a pior marca foi uma queda de 6,67%. Isso em um dia.
Mas atenção para o mercado
Se você não conhece muito bem o mercado de ações e a psicologia que cerca as pessoas que dele participam, prefira ficar de fora dos IPOs. Bem, está certo que ninguém conhece bem essa psicologia, mas ainda assim sugiro que analise muito bem a situação antes de entrar numa reserva de ações ainda não negociadas. Experimente-se e procure informar-se melhor. Não é pecado ler, pesquisar e perguntar mais.
Muito se fala sobre os IPOs de 2007. O que eu acho? Certamente ainda temos bons IPOs pela frente, assim como temos outros meio sem graça. O importante é você não esperar que algum especialista lhe diga onde aplicar. Seria leviano de nossa parte recomendar algo sem que você realmente entenda o que está fazendo. Prefira que ele lhe repasse informações confiáveis sobre as empresas, seus mercados, concorrentes e situação histórica e decida-se tendo bons argumentos e referências.
Alguns profissionais e investidores preferem arriscar pra valer, no maior estilo “suiço” de ser. Conhecem parcialmente a empresa que oferece as ações, gabam-se do incrível faro para os bons negócios e admitem que perder faz parte da brincadeira. São bons profissionais, mas são para um público diferente do meu. Quem tem dinheiro sobrando pode até brincar, mas este não é meu caso. Ainda não. É o seu?