Diz o ditado que não há mal que sempre dure, e nem bem que nunca acabe. Os mercados de risco trabalham sempre seguindo essa máxima.
Já foi tempo em que os mercados passavam meses em alta, ou até anos seguidos de alta ou de queda. Com a globalização, isso deixou de ser possível, já que sempre teremos algum estresse acontecendo em algum lugar. E irá influir no humor dos investidores e influir na precificação dos ativos pelo mundo.
Se torna ainda mais verdade, quando o dirigente da maior economia do planeta se chama Donald Trump e age de forma imprevisível e com mudanças diametrais de postura. Basta citar o imbróglio das negociações comerciais entre os EUA e a China, cujo fulcro central é ainda mais difícil de ser resolvido, qual seja a hegemonia tecnológica americana, assombrada por investimentos maciços da China nessa área nos últimos anos.
Destacamos a beligerância de Donald Trump, ora saindo do acordo nuclear, ou tecendo forças com a Coreia do Norte, para não falar de pressões sobre parceiros históricos vizinhos como Canadá e México. Ou mesmo parcerias comerciais importantes com os europeus e ameaças de tarifação sobre a indústria automotiva.
Agora as baterias de Trump se voltam novamente para o Irã do líder Ali Khamenei, estabelecendo sucessivas sanções e ampliando em demasia as tensões no Oriente Médio e estreito de Ormuz, por onde passa boa parte do petróleo.
Em 25 de junho de 2019, Trump praticamente declarou guerra ao Irã (já tinha suspendido ataque no incidente com dois petroleiros), ao declarar que qualquer coisa que seja um ataque contra os EUA será respondida com esmagadora força. Trump espera que o Irã tenha entendido o recado.
Lembramos deste fato para justificar o estresse dos investidores, sobretudo depois de o Ibovespa ter batido recorde histórico de pontuação e também o índice americano S&P 500. Na semana anterior, a Bovespa subiu mais de 4,0% e os índices americanos tiveram altas expressivas.
Pois bem, a semana de 24 a 28 de junho, começou com realizações de lucros recentes dos investidores em todo o mundo, com a aversão ao risco voltando a aflorar e ativos em queda, enquanto o dólar voltou a registrar valorização no mercado internacional, por conta da proteção pelos investidores.
Temos que considerar ainda que o pano de fundo é de desaceleração da economia global, e a queda de juros que se espera por parte dos principais bancos centrais não é exatamente por um motivo nobre. Mas sim para tentar reacender as economias e levar as taxas de inflação para perto das metas estabelecidas.
No Brasil, em alguns momentos, o presidente Bolsonaro chega a lembrar Trump com declarações intempestivas e bruscas mudanças de focos e algumas guinadas em seu staff; o que acaba gerando incertezas. Sem contar as dificuldades para formatar base de apoio e aprovar reformas que são essenciais para o país, o que agrega sempre desgaste.
Então, até por razões diversas, os mercados de risco domésticos reagem da mesma forma. A sessão de 25 de junho, foi típica de realizações de lucros recentes e expectativas frustradas sobre a votação da reforma da Previdência na comissão especial, agora empurrada para a semana de 1 a 5 de julho. Além disso, ducha de água fria em quem apostava em queda forte da Selic, já que o Bacen ligou o fato à essencialidade de reformas.
Fazendo uma leitura, o quadro ainda parece ser favorável à ampliação do nível de exposição em ativos de risco, principalmente quando cotejado com taxas de juros em provável queda. Mas há que se ter cuidado com posturas mais agressivas dissociadas de proteções em derivativos, pois os ventos ainda podem mudar bruscamente. Ampliar risco sim, mas com consciência das escolhas feitas.
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Bons negócios e até a próxima semana.