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O aumento da inadimplência no Brasil: sobram desejos e falta educação financeira

por Ricardo Pereira
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O aumento da inadimplência no Brasil: sobram desejos e falta educação financeiraA cada novo dia surgem diversas notícias de que as classes C e D são as meninas dos olhos do comércio e da indústria. São os principais alvos de campanhas de marketing, graças ao recente crescimento econômico do Brasil e a melhora no padrão de vida (aumento da renda média, acesso ao crédito e mais qualidade de vida) dessa parte da população.

Confesso que sempre vi esse cenário com reservas. É claro que o consumo e a realização dos sonhos não podem ser simplesmente esquecidos, mas pouco se falou da necessidade de guardar dinheiro e construir patrimônio, algo tão necessário para o futuro – inclusive para conquistar melhores oportunidades de consumo lá (ali) na frente, com consciência e inteligência.

Explosão de consumo e de devedores
O resultado da explosão do consumo começou a aparecer: de acordo com a Serasa Experian, a inadimplência do consumidor registrou acréscimo de 17,3% se comparada a abril de 2010. Os números apresentados hoje representam a 12ª elevação consecutiva. Alguns dirão que os níveis ainda são baixos e administráveis. Eu prefiro ser mais realista. A situação não é boa.

Se você, amigo leitor do Dinheirama, perceber que está dentro dessa estatística divulgada, entenda que o grande desafio é aceitar que o (principal) culpado pela situação difícil do momento não é ninguém além de você mesmo, que optou por realizar aquisições que suas condições financeiras não permitiam.

Lembre-se ainda que a inadimplência pode levá-lo ao pior dos perigos: a necessidade de arcar com os altos juros praticados no Brasil. Vale, mais uma vez, repetir o mantra já tantas vezes mencionado por aqui: crédito fácil não é sinônimo de crédito barato. Simples assim.

Medidas de controle são necessárias
Temos percebido que o governo vem adotando medidas de restrição ao crédito. Interessante, mas ele poderia também optar por alternativas mais eficientes e práticas como a limitação de parcelas em financiamentos. Com o aumento dos juros, as pessoas não reduziram o consumo, mas optaram por aumentar os prazos.

O perigo ficará cada dia mais evidente à medida que o consumidor mais afoito for incorporando novas despesas e novos parcelamentos em seu orçamento. Uma bomba relógio está sendo armada diante de nossos olhos!

Outro ponto que não pode ser desconsiderado ao estudar os números é o quesito inflação. Ao contrário de alguns especialistas, não acredito que a alta dos preços foi o fator determinante para os resultados de agora. É inegável, estou de acordo, que alguns produtos como combustíveis e alimentos, por exemplo, tiveram um acréscimo significativo nos últimos meses.

Cartão de crédito, ferramenta de consumo e responsabilidade
Vale a lembrança de que o cartão de crédito é um grande instrumento de educação financeira, mas também é um perigo para os desavisados. Quem utiliza a ferramenta da maneira apropriada, respeitando os limites do padrão de vida, consegue usufruir dos benefícios prazo estendido, segurança e controle nas compras. Já quem utiliza o cartão de crédito sem o devido cuidado e gasta mais do que pode se virá enroscado com os mais altos juros (mais de 500% ao ano em alguns casos) e, consequentemente, com a inadimplência.

A preocupação com o cartão de crédito também se justifica pela facilidade de uso. Se você não consegue resistir aos apelos de consumo, uma alternativa é deixar o cartão em casa e não carregá-lo na carteira, optando pela sua utilização apenas nos momentos de extrema necessidade. Nessa hora, a responsabilidade com seu bolso tem que ser valorizada.

Educação financeira, oportunidade e consciência
Colocar a educação financeira em destaque no dia a dia familiar é um grande desafio. Mas, pense bem, ter que conviver amarrado, sem liberdade e envolto em dívidas, sofrimento e falta de esperança não é um desafio muito maior? Quantos já chegaram até o Dinheirama pensando que a vida tinha acabado e que não sabiam mais o que fazer para colocar as finanças em dia. Sei que não é fácil.

Por fim, reitero minha opinião de que os sinais da inadimplência podem ser interpretados como um grave perigo. Ora, na medida em que ela for aumentando, maiores serão os perigos para a economia real. Empregos, crescimento do país, oportunidades, tudo ficará comprometido. Como você pode ver, o fato de se programar para quitar suas contas possui maiores desdobramentos e consequências do que você pode imaginar.

Estar em dia com o seu bolso faz bem pra você, pra sociedade e para o país. Não comprometa seu futuro gastando sem planejar. Combinado? Até a próxima.

Foto de sxc.hu.

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