Lá estava eu com meus pensamentos no último final de semana. Refletia muito sobre o tal sonho de muitos brasileiros de chegar ao primeiro milhão. Mas, pensei, o que significa chegar ao primeiro milhão? Parece-me, e chego a essa conclusão realizando um exercício simplista, que o primeiro milhão representa um símbolo de sucesso financeiro. Errado! Muitas revistas e livros tentam vender essa “informação” de forma equivocada, muitas vezes com “fórmulas” e conceitos aparentemente simples, mas perigosos.
O primeiro milhão, se desacompanhado de conhecimento, dedicação, disciplina e da educação financeira, pode significar a ruína. O inicio de um grande sonho pode se tornar um verdadeiro pesadelo. Estou sendo enfático e dramático, porque esta meta tão famosa precisa de mais respeito por parte de muitos brasileiros. Na verdade, quantos podem dizer que já chegaram ao primeiro milhão? Pesquisas recentes mostram que, de 2002 até os dias atuais, muitos atingiram este patamar.
Quem, por exemplo, aproveitou e surfou fortemente no mercado de ações durante este período teve bons resultados e números extremamente positivos – muitos milionários vieram daí. Mas, muito dos novos milionários também se tornaram rapidamente ex-milionários, simplesmente porque falharam na base, na gestão e manutenção do dinheiro e da capacidade de multiplicá-lo com inteligência. Faltou respeito para com o dinheiro – souberam investi-lo, mas não souberam usá-lo e reinvesti-lo.
Primeiro milhão. De sucesso ou de dívidas?
Como gosto de dizer, dinheiro não aceita desaforo. Respeite-o sempre. Ao mesmo tempo em que muitos chegaram ao primeiro milhão, tal valor se tornou pequeno perto do grande rombo causado pelo primeiro, segundo e terceiro milhão em dívidas e maus negócios. Para muitos, vem fácil e, como já diz o ditado, vai fácil. Qual é o problema? Por que isso acontece com tanta frequência?
Ao encarar esta constatação, esbarramos em uma triste realidade: não somos preparados para lidar com o dinheiro, seja ele pouco ou muito. A maioria da população brasileira ainda é “analfabeta” quando consideramos o assunto educação financeira. Gente que se aperta a cada dia e afunda em dividas, caindo na armadilha do consumo imediato e sem critério.
Ah, não se engane: são milhares de brasileiros na mesma situação, de gente simples, humilde, sem instrução a médicos, dentistas, engenheiros, contadores, administradores e economistas. Mas o quadro é reversível e é para isso que estamos aqui. Continue sua leitura porque a promoção de Natal deste artigo é fantástica!
Vale a pena ler de novo
Como mencionei no artigo “O Brasil dos endividados, acomodados e investidores”, hoje a população brasileira enfrenta uma realidade perversa: em pesquisa nacional realizada pelo grupo responsável pela ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira):
- Nada menos que 84% das pessoas pesquisadas revelaram que não possuem qualquer tipo de investimento. Por quê? Por não contabilizarem sobras de dinheiro ao final do mês;
- Outros 36% se declararam gastadores;
- 44% disseram poupar todo mês;
- 26% deles admitiram estar com o nome sujo no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) ou Serasa. Desses, 17% disseram que vão esperar a dívida caducar.
Os números são claros e não deixam margem para interpretações dúbias: o brasileiro, em geral, gasta mais do que ganha. E, infelizmente, ainda na maioria dos casos. Pior, o exemplo é passado para as novas gerações que, mesmo com as tentativas da escola, repete os erros dos pais. O que fazer? Como melhorar este quadro?
Educação Financeira: a única saída para a independência
Não podemos nos iludir acreditando que todos nos tornaremos milionários. Não quero parecer pessimista, mas isso é impossível. Entretanto, com a educação financeira é possível nos tornarmos independentes financeiramente ou mesmo ricos dentro de nosso padrão.
Isso, sem esquecer de agir e pensar nas oportunidades do futuro, nos nossos filhos e netos. É ser e ter no presente, mas com planejamento para ser e ter também no futuro. Logo, o importante é criar a independência para que, ao chegar à melhor idade, possamos aproveitar e curtir a vida, sem a preocupação cruel de precisar contar com a ajuda dos outros para sobreviver.
Foto “one million”, Shutterstock.