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Obsolescência programada: só o que é novo é bom? Cuidado!

by Conrado Navarro
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A obsolescência programada diminui o ciclo de vida dos produtos e faz você consumir mais. Como lidar com isso?

Pense por um instante nas coisas que você compra e usa no seu dia a dia. A obsolescência programada talvez tenha colaborado para que você tenha gasto mais do que deveria para manter seu padrão de vida. Será mesmo?

Vamos olhar para a situação de outro ângulo: será que tem um ou outro item que você poderia usar mais, mas não usa? Ou que usou pouco e já quer trocar? Ou algo que deseja tanto a ponto de querer sempre estar com a versão mais atualizada? Um celular, por exemplo? Carro, quem sabe?

O fato é que cada vez mais somos impelidos a consumir sem pensar tanto nos impactos financeiros de nossas escolhas, em uma espécie de mundo mágico em que ter e mostrar é mais importante que ser e respeitar o padrão de vida. Parece perigoso? Pois é…

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Obsolescência programada: da necessidade para o desejo

“Qualquer cliente posso comprar um carro de qualquer cor que quiser, desde que seja preto”. Você já ouviu essa frase? Ela foi dita por Henry Ford, fundador da Ford, e consta em sua autobiografia publicada pela primeira vez em 1922.

Sua frase ficou famosa porque ele foi um dos pioneiros na produção em série de veículos, algo que até então acontecia de forma praticamente artesanal. E a questão de ter apenas uma cor era uma maneira de mostrar como isso facilitaria a produção ao mesmo tempo em que baixaria os custos.

Na prática, durante os cinco primeiros anos de comercialização do modelo, foram oferecidas outras cores além do preto (verde, vermelho, azul, marrom, bege e cinza). Mas as cores eram cores primárias, simples, e o foco era uma compra racional, com caráter mais duradouro. A obsolescência programada começava a engatinhar.

Quem iria querer um carro na cor “Miami Blue” ou “Bege Harvest Moon” nas primeiras décadas do século passado? O carro passou a ser um item de conforto, mas baseado na necessidade de se locomover mais rapidamente, bem como para acelerar negócios e a prestação de serviços.

Com o tempo, o carro passou a ser também um sinal de status, com personalização maior, cores e acessórios exclusivos. Quem dirige um carro esportivo é alguém mais rápido que quem não o dirige? O prazer e o desejo passaram a falar alto, e isso esse caminho não tem volta.

Do consumo por necessidade, passamos para o mundo da publicidade e marketing que transformam praticamente qualquer item em um objeto de desejo, de um telefone a um carro, passando por cadernos, brinquedos e o que mais você conseguir pensar.

Não bastasse a mudança na forma de vender os produtos, nós compramos a ideia de que é importante “estar na moda”, ou seja, abraçamos a obsolescência programada na medida em que trocamos cada vez mais frequentemente de itens, sem essa real necessidade.

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Obsolescência programada: uma corrida sem vencedores

Considere por um instante uma verdade irrefutável: necessidades são finitas; o desejo, por outro lado, é infinito. Além de infinito, o desejo também é volátil e está muito relacionado com influências externas, estilo de vida e persuasão.

Não me leve a mal, o desejo e o prazer são muito importantes para a automotivação, mas eles não podem ser o grande objetivo da vida. Não funciona porque nosso cérebro não sabe lidar com condições moderadas de prazer, sempre exigindo mais – está ai o enorme problema das drogas que não me deixa mentir.

Quando você se preocupa primeiro (e do jeito certo) com suas necessidades e prioridades, você cria condições para viver um estilo de vida voltado para experiências (mais minimalista), o que denota a compreensão de que é a jornada que importa, não a linha de chegada. A corrida pelo prazer não tem vencedores e só gera mais ansiedade e dívidas.

A linha que divide o montante ideal de desejos colocados em prática e uma vida sustentável é tênue e muito subjetiva. Costumo dizer que essa divisão se chama planejamento financeiro, mas sei que o nome em si não é tão divertido. A obsolescência programada abusa disso nos produtos que você vê e compra.

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Obsolescência programada: onde entra o planejamento financeiro?

Se não podemos vencer a corrida, qual é a graça então? “Lá vem o Navarro com aquela história de jornada de educação financeira”, eu consigo ouvir você pensando alto e suspirando. Sim, o que vale é como aproveitamos o que temos e quem somos, não o quanto temos mais em relação aos demais.

Trocar de celular todo ano, comprar um carro muito além das suas possibilidades, renovar o guarda-roupa como se isso fosse uma necessidade, tudo isso custa dinheiro, muitas vezes mais do que podemos realmente gastar. Do desejo surgem as dívidas, minando o prazer ao mesmo tempo em que aumentam a ansiedade.

O planejamento financeiro é importante porque determina o que realmente importa e precisa ser priorizado, bem como define limites para o consumo no dia a dia para que os objetivos de curto, médio e longo prazo sejam respeitados.

Ao realizar o controle financeiro, o recado que damos à nós mesmos e nossa família é o de que a realização de sonhos será possível, mas de forma paciente, com o tempo e sem dívidas desnecessárias. A frustração por não estar sempre com tudo novo precisa conviver bem com as planilhas que mostram quando será capaz comprar/trocar o que você deseja.

Conclusão

Muita gente acha que a educação financeira acaba com o consumismo, mas sua função não é essa. Não temos como não ter desejos de consumo, portanto o que procuramos é inteligência para priorizar e comprar o que sonhamos do jeito certo, no tempo adequado. A obsolescência programada ainda vai nos assolar, mas não sucumbiremos a toda ela de uma vez.

O principal em uma vida financeira equilibrada é ser capaz de saber quando é possível dar vazão aos desejos e prazeres do consumo. Do mesmo jeito que a vida não é uma corrida para definir quem tem mais desejos realizados, tampouco se trata de uma competição entre quem chega ao final tendo acumulado mais dinheiro.

Dinheiro precisa ser uma ferramenta de liberdade, por isso devemos ser sábios ao usá-lo. O consumo por desejo veio para ficar e estamos inseridos neste mundo, portanto precisamos nos ajustar a ele – não o negar ou venerar.

Foto: Pexels.

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