Leitores do Dinheirama, hoje é dia de novidade. O novo visual está no ar e você pode participar do blog contando sua história. A idéia é escrever um artigo sobre sua vida financeira, dando opiniões sobre o tema e pontuando aquilo que julga interessante e importante no seu cotidiano econômico. O artigo de hoje é obra do leitor Arthur Gouveia. O próximo pode ser o seu. Mande sua história.
Com a palavra o Arthur: Na semana passada, o Navarro me convidou a escrever um artigo para o Dinheirama. Recebi a sugestão de falar sobre uma experiência pessoal que envolva o dinheiro. Percebi que tenho muitas coisas para escrever. Muitas tentativas, alguns erros e, felizmente, mais acertos. Pensei em escrever sobre tudo isso, mas o artigo estava ficando enorme então resolvi pontuar apenas algo importante para mim.
Primeiramente, quero deixar claro que sou um homem comum. Não fiz faculdade de economia, não fiz MBA em finanças, meus pais nunca tiveram muito dinheiro ou me educaram financeiramente. Aprendi a gostar do meu dinheiro com tentativas, erros, acertos, leitura e pesquisa. Agora sim vamos ao artigo.
Responda rápido: qual o valor da taxa Selic? Qual o valor da taxa de juros do seu cheque especial? Qual o valor da taxa de juros do seu cartão de crédito? Vou confessar: eu também não consigo responder rápida e precisamente a essas perguntas. Mas vamos às respostas: Selic: 11,5%a.a., meu cheque especial e cartão de crédito: 7,56%a.m. (139,78%a.a!!!!). A média, calculada pelo banco central é de 139,73%a.a.!!!!!!
Visto esse cenário e entendido que ninguém pega empréstimo ou financia uma compra com taxa Selic, percebe-se que a compra parcelada não vale a pena. Uma exceção é pagar um financiamento a 2% ao mês com dinheiro aplicado a 3%. Nesse caso não vale a pena sacar para pagar à vista. Como esse tipo de “anomalia” não acontece na minha vida, prefiro pagar à vista, ou fazer o que eu chamo de “bom parcelamento”. Foi assim que comprei meu computador há cerca de 4 anos e é assim que estou mobiliando minha casa.
Como tudo começou…
Há algum tempo, ainda estagiário, consegui juntar uma graninha e decidi comprar um computador. Fiz, então, uma grande pesquisa. Qual o melhor processador, qual a melhor placa-mãe para esse processador, qual a memória que apresentava melhor desempenho com essa placa e assim por diante. No fim de alguns dias de pesquisa tinha no papel o computador dos meus sonhos! Um excelente desempenho! Guardei esse sonho por alguns meses. Vocês não acreditam no quanto o preço caiu! Não me lembro os valores, mas foi algo significativo. Quando começei a comprá-lo, existiam coisas mais modernas, mas aquele PC ainda era o computador dos meus sonhos. Foi aí que começei o “bom parcelamento”.
Como eu havia especificado cada componente, cada peça separadamente, eu não poderia simplesmente entrar em um loja querendo comprar um computador. Fui em várias lojas para pesquisar o que havia de mais barato. Consegui, assim, o menor custo em cada componente do PC. Alguns itens comprei até pela Internet. Ah, paguei tudo à vista! Levei quase dois meses para comprar e montar tudo, mas economizei uma boa grana e aprendi bastante sobre montagem de computadores.
Como isso se tornou parte de minha cultura…
E é assim que estou mobiliando minha casa. Me casei há cerca de um ano e meio e até hoje não tenho uma mesa de jantar. Não posso receber visitas pois não tenho um sofá na sala de estar. Ao entrar em meu apartamento você irá se deparar com um grande espaço vazio. Antes de me casar, eu e minha esposa decidimos que não compraríamos nada para agradar aos parentes, aos amigos ou a quem quer que fosse. Iríamos mobiliar nossa casa da forma que nós, e somente nós, quiséssemos. Nossa casa deve atender às nossas necessidades, ao nosso conforto. Não importa se a mãe, a sogra, o vizinho ou a cunhada reclamam, o importante é que seja confortável para nós, moradores!
Começamos pesquisando muito, muito mesmo. Não só os preços, mas a qualidade dos produtos, a assistência técnica, o prazo de garantia. Queríamos encontrar uma boa relação custo/benefício. Nessa época fizemos uma compra usando o “mau parcelamento”. Compramos uma máquina de lavar em 10 prestações! Caraca! Parecia que o carnê não ia acabar nunca! A partir daí decidimos: no máximo três parcelas. Se não temos grana para isso, devemos esperar mais.
E foi assim, uma coisa de cada vez, que compramos a máquina de lavar, a geladeira, o fogão, a TV, a cama e uma mesinha de vidro na cozinha para ter pelo menos um lugar pra sentar e tomar café da manhã. Dessa forma estamos montando nossa casa. Devagar e sempre, parcelado. Evito ao máximo parcelar o valor de minhas compras. Prefiro parcelar meus desejos. Se não dá pra comprar agora, espero. E você?
Crédito da foto para Marcio Eugenio