A queda livre do combalido peso argentino não mostrou sinais de desaceleração nesta terça-feira, com a moeda local ultrapassando a barreira psicológica de 1.000 pesos por dólar, menos de duas semanas antes de uma eleição presidencial crucial.
O peso desvalorizou para o menor nível histórico de 1.050 pesos por dólar no mercado paralelo informal nesta terça-feira, disseram operadores, com uma diferença chocante de 200% em relação ao valor da taxa de câmbio oficial rigidamente controlada, atualmente em 350 pesos por dólar.
Posteriormente, a moeda reduziu as perdas antes de fechar em 1.010 por dólar, com a demanda por moeda estrangeira levando o banco central do país a vender cerca de 220 milhões de dólares em reservas, sua maior intervenção desde o final de agosto.
Os eleitores argentinos irão às urnas no dia 22 de outubro para escolher entre os três principais candidatos à sucessão do presidente esquerdista Alberto Fernández, que está prestes a deixar o cargo, com o libertário radical Javier Milei sendo visto como o favorito devido à sua surpreendente primeira colocação nas primárias de agosto.
Desde a votação das primárias, a moeda perdeu 44% de seu valor.
“Tudo está trabalhando contra o peso porque basicamente ninguém quer negociar com ele”, disse um gerente de banco de capital com negócios na Argentina, sob condição de anonimato.
“Portanto, não importa quanto você paga por um dólar, o objetivo é dolarizar antes das eleições e esperar para ver quem será o presidente.”
O analista Salvador Vitelli destacou que o valor atual do peso ajustado pela inflação no mercado informal é o mais fraco em três décadas, com exceção de outubro de 2020, quando a moeda caiu brevemente para 1.128 por dólar.
O banco central discutirá a possibilidade de aumentar a taxa de juros de referência de seus atuais 118% em sua reunião de quinta-feira, disse uma fonte à Reuters.
A inflação anual em agosto chegou a 124%.