Os eleitores portugueses foram às urnas neste domingo, enfrentando uma escolha entre mudar para um governo de centro-direita ou manter a centro-esquerda no poder, embora nenhum dos dois pareça ter chances para uma maioria absoluta.
O partido de extrema-direita Chega vem crescendo em influência e pode desempenhar um papel importante nas negociações pós-eleitorais.
As questões que dominam a campanha no país mais pobre da Europa Ocidental incluem uma forte crise habitacional, baixos salários, saúde precária e corrupção, vista por muitos como endêmica nos principais partidos.
As seções eleitorais abriram às 8h (horário local) e fecham às 19h na área continental de Portugal e uma hora depois no arquipélago dos Açores.
O comparecimento às 13h era de 25,21%, um pouco acima dos 23,27% registrados no mesmo horário na eleição anterior em janeiro de 2022, informou o Ministério do Interior. Resultados são esperados por volta da meia-noite.
A eleição, desencadeada pela renúncia do primeiro-ministro socialista António Costa em meio a uma investigação de corrupção há quatro meses, coloca em confronto os dois partidos que se alternam no poder desde o fim de uma ditadura fascista há cinco décadas, o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD).
“Espero que a vida seja melhor do que é agora”, disse Diamantino Vieira, de 86 anos, à Reuters, enquanto esperava para votar em uma seção eleitoral na cidade de Espinho, no norte do país, onde Luis Montenegro, que está no comando da Aliança Democrática (AD) de partidos de direita, também votou.
A AD, que inclui o PSD de Montenegro e dois partidos conservadores menores, lidera a maioria das pesquisas de opinião, mas pode ter dificuldades para governar sem o apoio de Chega. Até o momento, Montenegro descartou qualquer acordo com os populistas radicais, que querem um papel no governo.
Também em Espinho, Ana Maria, de 73 anos, incentivou outras pessoas a votar para reclamar da situação do país, acrescentando: “As pessoas no governo… só olham para seus bolsos e só se preocupam com elas mesmas. São inúteis”.
O PS no poder, liderado por Pedro Nuno Santos após a renúncia de Costa, poderia tentar repetir suas antigas alianças com o Bloco de Esquerda e os comunistas que lhes permitiram governar entre 2015 e 2019, se a esquerda combinada obtiver mais de 115 assentos no Parlamento de 230 lugares.
As pesquisas sugerem que o apoio à mensagem anti-establishment do Chega, sua promessa de varrer a corrupção e a hostilidade ao que ele vê como imigração “excessiva”, praticamente dobrou desde a eleição de 2022, embora permaneça em terceiro lugar.
Na sexta-feira, o presidente conservador Marcelo Rebelo de Sousa disse ao jornal Expresso que faria tudo o que pudesse para impedir que o Chega chegasse ao poder, atraindo críticas, já que o chefe de Estado deve permanecer neutro.