A opinião parece ser unânime: o preço dos carros no Brasil é alto e comprar certo é um desafio. Como lidar com isso?
Como comprar o carro ideal considerando o preço dos carros no Brasil? Responder a essa pergunta não é uma tarefa simples, afinal são muitas variáveis envolvidas do lado pessoal e outras tantas no lado da compra (juros altos, muitas opções de carros etc.).
Hoje vou tentar abordar um pouco da falácia do custo-benefício envolvendo o preço dos carros no Brasil. Você provavelmente já ouviu (ou leu) sobre como a escolha certa do carro deve levar em conta seu preço de compra, mas também suas características e concorrentes.
Há muitas histórias envolventes sobre como decidir a compra do veículo, mas a maioria delas compara veículos de propostas diferentes e que atendem necessidades distintas para “provar” que determinado carro é mais interessante. Ou seja, elas não levam em conta a sua história pessoal e nem tampouco o custo total de propriedade.
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Preço dos carros no Brasil: muito além da etiqueta
O preço dos carros no Brasil é importante e você precisa estar atento para não pagar demais ou comprar errado. Fato. Mas antes de falarmos especificamente disso, uma pergunta: você sabe mesmo qual é o carro ideal para você? Estou falando das suas necessidades.
Sua tentação pode ser a de responder um enfático “Sim, claro”, mas basta analisar quais carros você consideraria comprar para talvez constatar que não é bem assim. É muito comum ver consumidores comparando carros de categorias e características muito diferentes porque eles estão “na mesma faixa de preço”. Isso não faz sentido.
No AutoVideos, empresa da qual também sou sócio, fizemos uma pesquisa e descobrimos que 70% das pessoas já se arrependeram, ou conhecem alguém que se arrependeu, da compra de um carro. Eles descobriram na prática o que resumi nestes primeiros parágrafos. Até criei um conteúdo específico sobre como comprar o carro ideal (conheça aqui).
Um hatch, um sedan ou um SUV que custam quase a mesma coisa não são a mesma coisa. Aliás, são bem diferentes, principalmente se levarmos em conta o custo total de propriedade. Em outras palavras, o impacto financeiro de cada um desses carros será muito diferente ao longo da jornada na sua garagem.
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Preço dos carros no Brasil: mentiram sobre o custo-benefício
Aqui a notícia que não tem como ser dada de outro jeito: mentiram pra você sobre custo-benefício. Pagar mais barato não é sinônimo de fazer o melhor negócio, assim como não adianta comparar coisas diferentes para criar uma falsa justificativa para um compra ruim. Muitas vezes, é isso que induzem você a fazer.
A compra de um carro precisa levar em conta muito mais que condições comerciais e o impacto financeiro do veículo tem que ser analisado em profundidade hoje e ao longo do tempo em que ele estará em sua garagem. O seu orçamento doméstico vai sofrer com a compra, mas quanto? Você sabe fazer essa análise?
Impostos, taxas, multas, estacionamento, lavagem, revisões, manutenção, pneus, algumas despesas são relativamente óbvias e você até se lembra delas. Mas a depreciação e o custo de oportunidade, por exemplo, quase nunca aparecem na conta antes de fechar negócio.
A depreciação é quanto o carro vai perder de valor ao longo do tempo, e isso é importante porque apesar de ter usufruído do bem, você terá perda real de patrimônio líquido com o decorrer dos anos. Um veículo que se deprecia menos é essencial para um bom planejamento financeiro.
O custo de oportunidade representa quanto você poderia ganhar se investisse o valor da compra do carro (valor total à vista ou entrada) ou a diferença entre um e outro modelo. Se os preços dos carros no Brasil são salgados e os juros do financiamento são altos, essa análise fica ainda mais importante.
Quando você coloca despesas estimadas, depreciação e custo de oportunidade juntos você tem o custo total de propriedade do carro, e isso é muito mais importante que custo-benefício. Quem realmente pensa nisso quando vai comprar ou trocar de carro?
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Preço dos carros no Brasil: evite as armadilhas clássicas
Além de considerar outros fatores antes de comprar o carro, é fundamental também prestar atenção nas armadilhas clássicas usadas para convencer você de que está fazendo um bom negócio. Dentre elas, as principais são:
- Taxa zero. As famosas “parcelas iguais, sem juros” são atraentes e se tornam um ótimo argumento de vendas, mas são na verdade uma forma de camuflar custos. Em matemática financeira, nada pode custar a mesma coisa hoje e daqui 12, 24 ou 36 meses (e a inflação, por exemplo?). Juro zero não existe. O ideal é encontrar um preço à vista melhor que o “entrada mais parcelas iguais”ou um financiamento com juros mais interessantes;
- Troca com troco ou o seu carro como entrada. Isso não é necessariamente uma armadilha, mas costuma ser ruim para quem está colocando o carro na troca porque o valor pago costuma ser muito abaixo do preço médio de venda (esqueça a tabela, é importante frisar). A depreciação já terá feito um “estrago” considerável, vender muito mais baixo que o possível pode tornar o negócio bastante pior. O ideal é fazer a troca com planejamento, para isso anunciando o carro com paciência e vendendo com calma.
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Conclusão
Comprar ou trocar de carro geralmente começa como um sonho, mas em muitos casos termina como um pesado financeiro. Como existe um apego emocional grande (carro é sinônimo de conquista e status), muitas famílias colocam o orçamento em perigo para manter na garagem sua compra.
Cuidado com a tentação de justificar sua compra com argumentos imaginários e que só fazem sentido para você. Isso até pode não fazer diferença no caso de pessoas com renda elevada e mais patrimônio, mas detona as finanças de quem quer cumprir objetivos e praticar a educação financeira com mais inteligência.
Não acredite na história do custo-benefício sem realmente analisar suas necessidades e as características dos carros com muito cuidado. Os preços dos carros no Brasil são o que são também porque pouquíssimos consumidores analisam o custo total de propriedade antes da aquisição. Em muitos casos, um bom carro usado é uma saída muito melhor.
Foto: Pexels.