Comprar presentes caros para quem você ama parece lógico e desejável, mas será que precisa mesmo ser assim para demonstrar amor e carinho?
Os primeiros momentos de um relacionamento costumam ser os mais importantes para definir como a história vai evoluir do ponto de vista do planejamento financeiro. Nesta fase, presentes caros podem parecer essenciais. Não são. Não deveriam ser.
O assunto de hoje é polêmico e meu objetivo aqui não é realizar um “ataque ao status”, “declarar guerra ao consumismo” ou qualquer coisa neste sentido. Partir para uma reflexão assim não faz meu gênero, até porque presentes caros e educação financeira podem conviver quando existe planejamento.
No meu ponto de vista, a discussão não deve se dar em torno do preço das coisas. Prefiro outras perguntas:
- Por que compramos o que compramos para presentear alguém?
- Quais são as nossas expectativas quando presenteamos?
- O presente dado diz mais sobre nós ou sobre a história do relacionamento?
- Quem recebe o presente conseguiu (mesmo) entender o que você queria transmitir?
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Presentes caros para ser diferente?
Desde que o mundo é mundo, conquistar alguém é um dos mais prazerosos e divertidos objetivos em que se pode pensar. Faz tempo que, tanto com seres humanos como na natureza, parte desta missão requer surpreender, impressionar quem se deseja conquistar.
Ao longo da história e evolução do homem, surpreender começou a se misturar com a ideia de comprar presentes caros, ainda que com a melhor das intenções e partindo do pensamento ingênuo típico de quem está apaixonado (uma das maravilhas da conquista).
Deixamos de consumir por necessidade e passamos a comprar também por desejo, o que também contribuiu para enormes avanços no conforto e na qualidade de vida. E se desejamos mais, talvez faça sentido preencher os mais elevados desejos de quem amamos, não é mesmo?
Quem pode se dar ao luxo de satisfazer os mais elevados desejos dos outros? Isso nos torna, portanto, diferentes no processo de conquista e amor? Difícil dizer, embora eu pense que não. O lance com os desejos é que eles são infinitos e, apesar da enorme alegria por vê-los realizados, logo vamos querer mais e mais.
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Menos presentes caros, mais originalidade e criatividade
O que torna alguém realmente diferente, principalmente se colocarmos e educação financeira nessa equação, é a combinação de originalidade, criatividade e planejamento. O presente pode não ser o mais caro, mas a circunstância e sua atmosfera podem somar por um impacto mais duradouro.
Porque, na boa, nós nos lembramos muito mais das ocasiões e experiências que das coisas. Pense sobre isso por alguns instantes. Datas históricas, momentos especiais, viagens, frases inesquecíveis, tudo isso vem à tona em sua cabeça não porque você se lembrou de uma coisa específica, mas por causa de uma experiência.
Presentes caros, portanto, não serão incríveis porque são caros. Frases como “Ninguém nunca te deu algo assim” ou “Um presente especial para alguém especial” são fortes, mas vazias. O momento, o dia, sua energia e sinceridade e como você chama atenção são mais importantes que a atenção que a coisa é capaz de atrair sozinha.
Outro comportamento bastante comum: presentear de forma ostensiva para aplacar a ausência emocional (e física) ou para se desculpar por comportamentos inadequados. Compram algo caro, exclusivo, como um objeto de desejo fosse suprir a falta de compromisso e escolhas erradas.
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Presentes caros podem colocar suas finanças em risco
De que adianta oferecer um presente caro e depois se endividar para dar conta de pagá-lo? Se o objetivo é surpreender para conquistar, ou seja, criar um vínculo ainda mais forte e duradouro, colocar as próprias contas em risco é um ato perigoso também para o relacionamento e quem você ama.
Uma surpresa criativa pode criar um efeito “uau” mais duradouro ao mesmo tempo em que é compatível com um padrão de vida mais inteligente, que depois será essencial para os planos da nova família.
Quem exagera nos presentes e age de forma irresponsável enquanto conquista tende a seguir o mesmo padrão de comportamento durante a vida, o que torna mais difícil lidar com a realidade financeira e a necessidade de colocar em prática um controle financeiro que funcione.
Se o foco é um relacionamento maduro, sincero e pautado na verdade, esconder decisões que colocam em risco o orçamento é uma escolha no mínimo imatura. O efeito colateral no médio e longo prazo costuma ser justamente o oposto do desejado quando a compra do objeto caro foi realizada.
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Conclusão
De novo, eu não quero generalizar e nem tampouco exagerar nas críticas a quem compra presentes caros. Eu não tenho nada com isso. O que eu quero mesmo é provocar você a pensar melhor nas próprias escolhas de uma forma mais ampla, adulta e responsável. E ter coisas caras pode muito bem fazer parte disso.
Se você tem sonhos de consumo, como eu também tenho, deve se planejar para realizá-los. Essa afirmação é óbvia e você já sabe que deveria ser assim. A prática, como também sabemos, é mais difícil porque frustrações e a ansiedade bagunçam nosso emocional e sucumbimos à inúmeras tentações (para depois nos arrependermos).
Diálogo, experiências, criatividade e sinceridade são mais importantes para o sucesso de um relacionamento que presentes incríveis e demonstrações exageradas de “amor financeiro”. Se for para gastar, que isso faça sentido e torne a vida de ambos melhor, mais feliz e interessante.