Se você acha que os sonhos de médio e longo e prazo são iguais ao pote de ouro no fim do arco-íris, que todo mundo diz que existe, mas ninguém nunca viu, chegou a hora de saber que no mundo real existe, sim, um pote recheado de ouro esperando por você, mas para alcançá-lo é preciso muito mais que perseguir faixas coloridas no céu! Caramba, hoje estou psicodélica!
É, prezado leitor do Dinheirama, o papo de hoje envolve imaginação, sonhos, metas e a capacidade de se manter firme nos propósitos, sem é claro deixar de lado o planejamento necessário para conquistar cada um dos objetivos. Complexo? Até que não.
Vou contar um pouco de como aprendi a me manter firme nos propósitos e as técnicas que eu utilizo para manter meus “pupilos” do Me Poupe! no caminho certo. Mas, antes, quero explicar a você um conceito que eu criei há pouco tempo durante uma inspiradora entrevista que dei ao estimado Conrado Navarro, um dos gênios por trás dessa plataforma.
Um dos grandes equívocos que cometemos na tentativa de realizar os sonhos de médio e longo prazo é justamente não saber definir o espaço de ambos no tempo. Para entender melhor, faça uma selfie no seu smartphone. Isso mesmo, uma selfie!
Fez? Agora repare bem no que vê. Sério, faça a selfie e olhe para ela. Pronto, agora vai ficar mais fácil entender o conceito de curto, médio e longo prazo. Acompanhe:
- Sonho de curto prazo: é aquele que quando você realizar, você vai fazer uma nova selfie sorridente e ainda estará do mesmo jeitinho que se encontra na selfie de hoje;
- Sonho de médio prazo: é aquele que quando você realizar, vai se olhar no espelho e notará algumas mudanças em relação à selfie tirada hoje. O cabelo estará diferente, o corpo não será mais o mesmo (espero que esteja melhor), as linhas de expressão vão se intensificar, você talvez terá um novo emprego, um novo círculo de amigos e aí por diante;
- Sonho de longo prazo: A selfie do sonho de longo prazo talvez nem precise mais de um smartphone para ser feita. Imagine daqui a 20 anos como serão as fotos de si mesmo! Quando se olhar no espelho depois de realizar o sonho de longo prazo, muitas características físicas e comportamentais terão mudado, e para melhor! Quem persegue os objetivos durante tanto tempo só pode ser uma pessoa mais evoluída do que aquela que estabeleceu a meta tanto tempo atrás.
Você deve concordar comigo que os sonhos de curto prazo sempre são os mais fáceis de realizar, afinal parece que tudo é possível quando o objeto de desejo está bem diante de nossos olhos e ao alcance das mãos e do cartão de crédito.
Essa tendência que os seres humanos têm a concretizar objetivos de curto prazo e procrastinar os objetivos de longo prazo vem dos nossos ancestrais, aqueles que viviam nas cavernas. Naquela época, precisávamos ser ágeis e tomar atitudes imediatistas para garantir a sobrevivência. Não estava nos planos garantir o alimento para a próxima década, mas apenas para a próxima semana.
Evoluímos como espécie, criamos comunidades, desenvolvemos tecnologias, mas continuamos agindo instintivamente como nossos parentes distantes (10.000 anos é muito tempo, né?). Vivemos e pensamos no hoje e… Bem, deixamos o futuro para o futuro.
Vou dar um exemplo usado constantemente na Psicologia Econômica: foi feita uma pesquisa com homens e mulheres, acima de 20 anos, questionando “O que você prefere para um lanche da tarde daqui a sete dias, uma banana ou um bombom de chocolate?”. 80% responderam que preferiam a banana.
A mesma pergunta foi feita, mas desta vez o prazo era imediato: “O que você prefere agora, uma banana ou um bombom?”. 90% ficaram com o bombom.
Isso quer dizer que nossa mente quer ficar satisfeita imediatamente, ainda que saiba que aquela não é melhor decisão a ser tomada. Outra conclusão que podemos tirar do estudo é que no futuro, de acordo com nossa própria percepção, seremos sempre melhores e mais cuidadosos (só que não).
É por isso que precisamos lutar diariamente contra o “homem das cavernas” que mora dentro de nós e fazer o possível para que nossa consciência financeira fale sempre mais alto.
5 passos para alcançar objetivos de médio e longo prazo
Agora que você entendeu o que são sonhos de curto, médio e longo prazo e que tomamos decisões baseados no prazer e satisfação imediatos, fica mais fácil se preparar para realizá-los.
1. Defina objetivos claros e realistas
Que sonhos de médio e longo prazo são esses que você gostaria tanto de realizar? Um carro novo? Uma viagem em comemoração aos 20 anos de casamento? Uma festa de casamento? A independência financeira?
Não importa o tamanho do seu sonho, ele tem um preço e um prazo para ser realizado. Identifique suas metas de consumo e faça uma lista com dois sonhos de médio e um sonho de longo prazo, depois pesquise e dê um valor a cada um deles.
2. Desenhe a estratégia
Agora que você sabe quanto custa e propôs uma data limite para realizar cada um dos sonhos, é hora de pensar num plano de ação eficiente. O que você vai precisar?
- Papel;
- Caneta;
- Acesso à internet;
- Conhecimento básico de investimentos.
No papel, escreva o nome do objetivo, a data que pretende realizá-lo e o preço. Acesse a internet e procure por simuladores de poupança. Gosto muito do simulador criado pelo Gustavo Cerbasi porque ele mostra como a rentabilidade de uma aplicação nos ajuda no longo prazo. A calculadora também leva em consideração a inflação, fator que muita gente acaba desconsiderando na hora de planejar o futuro.
Com a ajuda deste ou de um outro simulador ou planilha (clique para mais opções), ou ainda da calculadora financeira (isso é para quem manja), trace a meta mensal de reserva para o objetivo.
Sonhos de longo prazo costumam ser caros, mas têm o bônus do tempo e dos juros sobre juros durante todo o período de acumulação. Pensando em estratégia para a realização dos objetivos, do total da reserva mensal separada para investir:
- 40% para sonhos de curto prazo (até 2 anos);
- 35% para sonhos de médio prazo (de 2 a 10 anos);
- 25% para sonhos de longo prazo (acima de 10 anos).
Esta é uma divisão aleatória, que funciona bem para mim; você pode (deve) adequá-la à suas necessidades e definir qual objetivo requer mais esforço de poupança.
3. Defina a meta mensal da reserva
Se seus sonhos são arrojados, a poupança mensal também deverá ser. Diante dos números apresentados naquela pesquisa de preços dos objetivos de curto, médio e longo prazo (passo 1), defina o valor mensal a ser retirado da sua conta corrente. É aquela boa e velha regra do pague-se primeiro e pague as contas depois.
O mercado tem ótimas alternativas de corretoras de valores que sacam o valor da conta corrente e enviam o valor proposto mensalmente para o investimento desejado. É uma ótima saída para quem tem preguiça ou vive criando desculpas para gastar o excedente no banco.
4. Divida os sonhos de longo prazo em pequenas metas de curto prazo
Só de pensar em juntar R$ 1.500.000,00 para a aposentadoria em trinta anos, me dá um frio na espinha e uma sensação inexplicável de que não é possível fazer isso com um salário de R$ 5.000,00. Agora, se eu pensar em acumular R$ 7.000,00 todo ano com o mesmo objetivo, fica tudo mais fácil!
É como comer um elefante (o quê, você nunca devorou um elefante?). Se você pensar em comer o bicho inteiro, jamais vai conseguir mesmo. Mas se começar com uma garfada e depois outra e depois outra, quando perceber lá se foi o elefante todo.
5. Gratifique-se
A técnica da gratificação funciona muito bem quando precisamos nos focar num objetivo distante porque relaciona algo que nem sempre é prazeroso com uma experiência extremamente divertida.
Lembra-se dos nossos antepassados? Então, é nessa hora que eles se sentirão acariciados. Quando temos um objetivo que não pode ser tocado ou vivenciado no presente, tendemos a criar barreiras psicológicas para sabotá-los. Por isso é importante se presentear quando atingir as metas de cruzo prazo do passo 4.
Assim que definir a meta, defina também a sua gratificação. Exemplo: para a minha aposentadoria de R$ 1.500.000,00 em trinta anos, vou guardar R$ 580,00 durante doze meses até completar R$ 7.000,00. No dia em que acumular essa reserva me presentearei com um jantar no meu restaurante predileto.
Conclusão
Controlar os impulsos, renunciar às tentações e identificar o que vale e o que não vale nosso dinheiro e esforço é o maior desafio no caminho ao acúmulo de patrimônio. Por isso, seja sempre honesto consigo mesmo (a) e saiba que, apesar de distantes, os objetivos de médio e longo prazo estarão lá se você se preparar para eles desde agora.
No poupecomsara.blogspot.com dou várias dicas de como economizar no dia a dia e ensino o caminho das pedras para transformar cada pequeno valor na fortuna desejada. Espero que você consiga se manter firme no propósito! Até a próxima!
Foto “Chasing dream”, Shutterstock.