Amor, oportunidade única! Desde que comecei a escrever, recorro muitas vezes à essa expressão para demonstrar alegria, arrependimento, tristeza e outros sentimentos que, vez por outra, também passam por mim. Não que eu ache que a escrita substitua o bom e velho contato humano, a boa conversa. No entanto, nem sempre temos um bom amigo à disposição para “abrir o coração”.
Essa introdução ao artigo de hoje representa um pedido de desculpas antecipado. Hoje vou fugir um pouco (muito?!) do objetivo principal do Dinheirama. Não vou falar de economia ou investimentos. A verdade é que, por muitos dias, tentei silenciar o desejo de escrever sobre o caso da pequena Isabella Nardoni. Como pai que sou, não consegui!
Decidi atrever-me, nessas poucas linhas, a tecer alguns comentários sobre a tragédia que já ocupa boa parte do espaço da mídia em geral. Isabella, que foi espancada e arremessada pela janela do apartamento de seu pai, representa as muitas crianças e jovens que sofrem abusos e que são vítimas de crimes brutais. Como pai que sou, sigo chocado!
Não vou ocupar esse espaço para tecer acusações ou defender teses sobre os culpados. Felizmente, este não é meu papel. Minha relação com a história é mais simples: também sou pai. Fui agraciado por Deus com uma linda menina, que é meu melhor e maior incentivo para, dia após dia, ser uma pessoa mais responsável e capaz de dar bons exemplos. Filha, eu te amo!
Os acontecimentos que estão comovendo a sociedade servem justamente para demonstrar o nosso bem mais importante: a vida. A vida daqueles que mais amamos, ouso acrescentar. “O pior momento do amor é quando somos obrigados a esquecer quem aprendemos a amar”. Como pai que sou, li a frase e me emocionei!
Fora a tragédia em si, que mexe suficientemente com todos nós, vem à tona uma série de argumentações que imprimimos sempre em nossos artigos por aqui. Valores, crenças pessoais, fé e o amor são nossos verdadeiros tesouros. Sem isso, dinheiro não adianta de nada. Nada. Há quem prefira uma página repleta de gráficos e números. Aqui buscamos uma pessoa inteira sendo capaz de interpretá-los.
Assim, é impossível não se emocionar!
Concordo que muito já se falou e especulou sobre o caso, que muitas vezes é cansativo e triste ligar a TV ou ler o jornal. Concordo que esse assunto não tem relação com a vida financeira de cada um de vocês. Concordo que este talvez não seja o lugar ideal para o artigo. Mas olho para o lado e vejo minha bela princesinha me encarando. Como pai que sou, preciso escrever!
A oportunidade de dizer “Eu te amo” a todos aqueles que realmente nos são importantes não custa caro quando eles estão entre nós. Será que você tem feito isso? A vida nos mostra, através de mais este brutal caso, que os melhores exemplos são justamente os que nos alertam para o quanto devemos valorizar as oportunidades de compartilhar carinho e boas experiências com quem nos faz feliz.
E as muitas Isabellas “anônimas”?
O tempo vai passar. Para nossa tristeza, logo encontraremos, através do rádio, dos jornais e da TV, novos casos semelhantes, que trarão novos pensamentos, julgamentos e sentimentos. A dor daqueles que conviveram com as muitas Isabellas se atenuará, mas continuará forte a vontade de vê-las, abraçá-las e dizer: Eu te amo!
O dinheiro, algo tão importante e presente em nossas vidas, torna-se irrelevante, desnecessário. Quanto custa um “eu te amo”? Não deixo passar um dia sem falar isso para todos aqueles que realmente fazem parte da minha vida. Como pai que sou, não poderia ser diferente!
Hoje a pequena Isabella completaria 6 anos de idade. Não haverá bolo, nem festa. Fica, então, meu desabafo e o convite para um minuto de silêncio diante das nossas reações e comportamento perante aqueles que amamos. O dinheiro pode esperar.
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Ricardo Pereira é Analista Financeiro Sênior da ABET Corretora de Seguros, trabalhou no Banco de Investimentos Credit Suisse First Boston e edita a seção de Economia do Dinheirama.
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Crédito da foto para Marcio Eugenio.