Os estados considerados os mais poderosos parias do mundo, Rússia, Coreia do Norte e Irã, têm intensificado sua cooperação desde a invasão russa à Ucrânia em 2022.
Impulsionados pelas sanções ocidentais e um desdém compartilhado pelos Estados Unidos, esses países buscam perturbar a ordem global, acreditando que ela favorece o Ocidente em detrimento de seus próprios interesses, avalia Ian Bremmer, presidente da Eurasia Group em uma análise publicada nesta quarta-feira (24).
A Coreia do Norte, uma vez vista como um incômodo pela Rússia, tornou-se um recurso crucial para Vladimir Putin na Ucrânia. O acordo entre Kim Jong Un e Putin resultou no envio de projéteis norte-coreanos para a Rússia, em troca de alimentos, energia e assistência tecnológica.
Enquanto isso, a relação entre Rússia e Irã evoluiu de uma aliança tática limitada para uma parceria militar e econômica mais abrangente, com Moscou fornecendo apoio militar e diplomático ao Irã.
“Pequim olhou com cautela para o aprofundamento da cooperação em segurança entre Moscou e Pyongyang – na verdade, as autoridades chinesas não sabiam que Kim estava indo para a Rússia até depois de ser anunciado publicamente… e eles ficaram irritados com isso”, lembra Bremmer.
Ameaça crescente à estabilidade geopolítica
Apesar de menos proeminentes do que os laços bilaterais russos, a Coreia do Norte e o Irã têm uma longa história de cooperação no desenvolvimento de mísseis nucleares e balísticos, estendendo-se até mesmo ao fornecimento de armas a grupos militantes apoiados pelo Irã.
Em 2024, a coordenação entre esses estados pária aumentará, representando uma ameaça crescente à estabilidade geopolítica, à medida que fortalecem suas capacidades e atuam de forma disruptiva globalmente.
Desespero, cautela e fragilidade
Este eixo entre Rússia, Coreia do Norte e Irã é uma aliança pragmática e oportunista, sem bases estratégicas ou ideológicas sólidas.
“A Rússia, o Irã e a Coreia do Norte apoiarem-se uns nos outros é um sinal do seu desespero e fraqueza na cena global”, lembra Bremmer.
Além disso, apesar do seu interesse comum em semear o caos, os ditadores têm dificuldade em confiar uns nos outros, o que torna a entente frágil.
Potencial disruptivo
Embora a China não faça parte desse “clube”, sua postura neutra e seus interesses podem amplificar o impacto desestabilizador dessa cooperação no cenário global.
O potencial disruptivo desta aliança emergente não deve ser subestimado, representando um desafio significativo para a estabilidade geopolítica mundial.