O ano de 2015 certamente deixará saudades! Guarde esta frase. O pior ano da economia brasileira em termos de crescimento desde 1930, repleto de discussões políticas acaloradas no país neste início de segundo mandato da presidente Dilma será sempre lembrado por aqueles que, como eu, viveram intensamente este momento.
Um ano “bombardeado” por momentos de forte turbulência, tanto no campo econômico quanto político (cenário internacional e nacional), fatos estes que repercutiram diretamente nos mercados de ações, câmbio e juros.
Aliás, em janeiro de 2015, Dilma Rousseff assumiu para dar sequência àquilo que tinha realizado nos quatro anos anteriores, mas com o discurso afiado de mudanças especialmente na economia do país, que já começava a demonstrar sinais de fraqueza. Para tanto nomeou o ex-superintendente do Bradesco e ex-secretário de Estado da Fazenda do Rio de Janeiro, Joaquim Levy, para tentar resgatar a credibilidade da economia nacional, contornar as finanças públicas e garantir o ajuste fiscal – e consequentemente o grau de investimento do país, o que apenas configurou-se em partes.
Inclusive, no início de 2015 esperava-se uma inflação próxima do teto da meta, que é de 6,5% ao ano e crescimento nulo para o país, o que não ocorreu devido à drástica piora da economia nacional.
Citando apenas a inflação, a elevação dos preços administrados (combustíveis e energia elétrica) contribuiu fortemente para estourar o “número mágico” pretendido pelo Banco Central – o IPCA deve fechar acima de 10% no ano.
Além destes fatores, tivemos elevação da taxa de juros (Selic) em todas as reuniões do Comitê de Política Monetária até outubro, lembrando que a taxa iniciou o ano em 11,75% e termina 2015 em 14,25%, a taxa mais alta dos últimos 9 anos.
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No front externo, o tema Grécia continuava a incomodar, além da continuidade de preocupações relacionadas a desaceleração de indicadores da economia da China e queda dos preços das principais commodities, como petróleo e minério de ferro, que recuaram cerca de 35% e 45% respectivamente, o que seguiu trazendo preocupações ao longo de todo o ano.
No entanto, o principal tema na economia internacional e que começou a ser discutido logo em fevereiro tinha relação com os EUA. De que forma e em que tempo o Banco Central dos EUA (Federal Reserve) começaria a elevar os juros no país, novamente trazendo turbulência aos mercados em geral, especialmente aos emergentes? Isso devido ao prognóstico de migração de capital destes países para os títulos mais seguros do mundo, os norte-americanos.
Poderíamos citar também mais alguns fatores que foram de extrema relevância e que adicionaram ainda mais volatilidade aos mercados, como até mesmo os conflitos no Iêmen e os atentados terroristas, especialmente na França.
Já na segunda maior economia global, as preocupações são tantas em relação à desaceleração econômica que o Banco Central da China reduziu a taxa de juros em cinco ocasiões, na tentativa do governo de enfrentar a persistente queda dos indicadores, inclusive nas exportações e na produção industrial do país.
Voltando ao Brasil, foram tantos eventos que fica difícil enumerá-los em termos de relevância. O fato é que começamos 2015 sugerindo o retorno do racionamento de energia e água devido à falta de chuvas no Sudeste e estamos encerrando com discussões em torno da volta da CPMF para tentar equilibrar o déficit fiscal do país.
Elevação consistente das taxas de desemprego e discussões em torno do ajuste fiscal também fizeram a corda balançar para o atual ministro da Fazenda, que entrega o ano cheio de indicadores depreciados, como na indústria e nos índices de confiança do consumidor e do empresariado, que atingem níveis historicamente baixos.
Em termos de crescimento, esperava-se estabilidade (ou crescimento zero) para o PIB no início de 2015, mas o ano deve fechar com recuo de pelo menos 3% no indicador que mostra o crescimento da economia – e as previsões para 2016 configuram a possibilidade de uma nova queda, o que configuraria uma recessão não vista há pelo menos 80 anos.
Enfim, o ano de 2015 se encerra com o dólar próximo ao patamar de R$ 4,00 e inflação de dois dígitos, o que não ocorria desde 2002, além de discussões políticas envolvendo uma abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma e tantos outros temas relevantes para o Brasil.
Inclusive, as últimas semanas do ano ainda proporcionaram algumas surpresas, como as eleições na Argentina e na Venezuela que mostraram o esgotamento do modelo que já durava mais de 10 anos dos países da América do Sul.
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Agora é preciso aguardar o final do ano de fato e observar se haverá a elevação da taxa de juros nos EUA e as brigas políticas no Brasil que podem trazer muitas surpresas nas próximas semanas, podendo inclusive trazer a destituição da presidente da República, modificando assim o panorama para o cenário nacional em 2016. Muita coisa pode acontecer, como é sempre característica do Brasil.
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Foto “Brazil 2015”, Shutterstock