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Safra recorde de soja no Rio Grande do Sul compensa quebra de produção no Centro-Oeste

by Reuters
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Uma safra recorde de soja no Rio Grande do Sul deve compensar as perdas no Centro-Oeste, região atingida pela seca, contendo o avanço dos preços no maior produtor e exportador do mundo e diminuindo o ritmo das vendas, de acordo com os produtores e cooperativas locais.

O Rio Grande do Sul produzirá 68% mais soja nesta temporada do que na anterior, de acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que disse nesta quinta-feira que o Estado recuperaria o posto de segundo maior produtor do Brasil, depois de Mato Grosso.

A Emater, órgão do Estado sulista, projeta uma safra recorde de 22,25 milhões de toneladas métricas, um aumento de 71,5% em relação ao ano anterior.

A safra atual marca um retorno à boa produtividade após dois anos consecutivos de seca no Sul do Brasil e na vizinha Argentina.

Na temporada corrente, o padrão climático El Niño prejudicou os produtores de soja no estado de Mato Grosso, o maior produtor do Brasil, mas compensou com fortes rendimentos no sul.

Ainda assim, o aumento da oferta gaúcha encontrou uma demanda fraca, mantendo muitos agricultores fora do mercado até o momento.

Elcio Carlot, um produtor da região de Sarandi, disse que esperava que seus campos produzissem 60 sacas de soja por hectare, acima das cerca de 40 sacas dos últimos dois anos. Mas com os preços à vista abaixo de 120 reais por saca na cooperativa local Cotrisal, ele vendeu apenas 500 sacas das cerca de 6.000 que deve colher nesta temporada.

“Acertei o olho da mosca quando vendi minha soja a 130 reais por saca”, disse ele à Reuters, orgulhoso do primeiro lote vendido. Mas mesmo esse valor ficou muito abaixo das máximas de 142 reais por saca no ano passado e de 186 reais no ano anterior.

Os agricultores do Rio Grande do Sul venderam apenas cerca de 16% de sua safra até agora, estimou o corretor local Adelson Gasparin, em comparação com uma média de 40% a 45% para o final de abril na maioria dos anos.

Helvio Debona, superintendente da Cotrisal, que trabalha com cerca de 11.000 agricultores na região, disse que as vendas fracas ocorrem em meio a estoques de passagem acima da média do ano passado.

A cooperativa começou o ano com mais de 40% do estoque de soja ainda dentro da cooperativa. A Cotrisal tem capacidade para armazenar de 1,27 milhão de toneladas. Debona espera terminar o ano em um nível semelhante se os preços não melhorarem.

A Cotrisal prevê que receberá 720.000 toneladas de soja dos agricultores no ciclo 2023/2024, um aumento de 30% em relação ao ano anterior. A cooperativa vende 30% de sua soja para fabricantes locais de biodiesel e 70% para comerciantes globais de grãos, disse Debona.

“Um problema bom”

O Brasil produzirá cerca de 146,5 milhões de toneladas de soja nesta temporada, de acordo com a Conab, que havia previsto 162 milhões de toneladas em outubro, antes do forte El Niño devastar os campos no Centro-Oeste do Brasil.

Em Mato Grosso, onde a Conab prevê uma queda de 7,5 milhões de toneladas na produção de soja este ano, os comerciantes globais de grãos geralmente compram diretamente dos agricultores.

Mas no Rio Grande do Sul eles tendem a negociar com cooperativas criadas no final da década de 1950, inicialmente para ajudar os produtores de trigo a armazenar e vender a safra, disse Enio Schroeder, vice-presidente da Cotrijal, a maior cooperativa agrícola do Estado, com mais de 16.000 associados.

(Imagem: unsplash/ James Baltz)
(Imagem: unsplash/ James Baltz)

No ano passado, a Cotrijal recebeu cerca de metade da soja que havia previsto, depois que uma seca arruinou a produção. As chuvas melhores fizeram o ciclo ser chamado de “a safra de esperança”, disse Schroeder.

A produção abundante na atual temporada significa que a Cotrijal receberá 1,3 milhão de toneladas de soja, acima das 900.000 toneladas em 2023, disse o presidente da cooperativa, Nei Mânica. Isso é mais do que a capacidade dos silos da Cotrijal, o que demandará negociar espaço de armazenamento com parceiros na região.

“Todo ano investimos para ampliar o armazenamento, mas continua faltando espaço”, disse Mânica. “Esse é um problema bom.”

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