Distribuidoras de combustíveis que atendem à região amazônica estão atuando para mitigar impactos no atendimento a clientes decorrentes da severa seca no Norte do país, e a reguladora ANP avaliou nesta quinta-feira que não há riscos de desabastecimento, embora tenha afirmado que flexibilizou algumas operações de transporte.
Para garantir o atendimento, em meio a uma redução no nível de rios que são corredores fundamentais para a logística de abastecimento da região, foram tomadas algumas medidas de flexibilização, disse nesta quinta-feira o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia.
“Estão sendo identificados gargalos que podem impactar a logística da região e estão sendo abertas exceções para atender o abastecimento”, disse o Saboia a jornalistas após participar de um evento do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás).
“Exceções têm sido feitas. Por exemplo, a operação que era para ser feita num ponto de um rio, mas não há condições, a ANP concede autorização temporária para fazer em um outro ponto de forma extraordinária”, adicionou.
Nesta semana, o nível de água em um dos principais portos fluviais da floresta amazônica brasileira atingiu seu ponto mais baixo em pelo menos 121 anos, impactando a vida de centenas de milhares de pessoas e o ecossistema da floresta.
A baixa dos afluentes do rio Amazonas deixou barcos encalhados, cortando o fornecimento de alimentos e água para vilarejos remotos na selva, enquanto há suspeita de que as altas temperaturas da água tenham sido responsáveis pela morte de mais de 100 botos ameaçados de extinção.
Um gabinete de crise foi montado pelo governo federal para acompanhar os efeitos da seca no norte do país.
“Existe uma restrição à circulação nos rios por conta da seca… Temos que nos preocupar em enfrentar a situação, e no momento não identificamos risco de desabastecimento”, afirmou Saboia.
O presidente do Sindigás, Sergio Bandeira de Mello, afirmou à Reuters que o abastecimento do GLP, também chamado de gás de cozinha, está normal na região Norte, embora os custos estejam mais elevados.
“Há um trabalho de contingência, as empresas estão acostumadas no norte a trabalhar com planos A, B e C. Na Amazônia não dá para trabalhar nunca com plano ajustado”, disse.
“Não há risco nenhum de desabastecimento, o custo está mais alto, as empresas precisam navegar mais com menos carga, mas não vamos penalizar consumidor por águas baixas”, adicionou ele.