As empresas financeiras da Alemanha podem estar bem capitalizadas agora, mas enfrentam desafios que vão desde o aumento das despesas com juros e a fraca demanda por empréstimos até perdas não realizadas, disse nesta quarta-feira a vice-presidente do Bundesbank, o banco central do país, Claudia Buch.
As taxas de juros subiram no ritmo mais rápido já registrado no ano passado e os bancos se saíram bem para lidar com a mudança, mas o novo ambiente operacional também apresenta riscos, incluindo uma queda acentuada no valor dos títulos mantidos pelos credores.
“Quase dois terços dos bancos de poupança e cooperativas de crédito agora têm perdas não realizadas em toda a sua carteira bancária, que inclui empréstimos e títulos”, disse Buch em um comunicado. “As seguradoras de vida estão em uma situação semelhante.”
Como resultado, os valores contábeis são muitas vezes mais altos do que os valores de mercado atuais, de modo que a venda de títulos resultaria em perdas, o que poderia levar a déficits de liquidez em tempos de estresse, alertou o Bundesbank em um relatório de estabilidade financeira.
Buch alertou que as despesas com taxas de juros provavelmente aumentarão no futuro, o que comprimirá as margens e pesará sobre os lucros.
“Nossas simulações mostram que se os bancos tivessem repassado as taxas de juros mais altas em um ritmo semelhante ao que fizeram no passado, sua receita líquida de juros este ano seria 29 bilhões de euros, ou um terço, menor”, disse Buch.
Os bancos terão dificuldades para compensar os custos mais altos por meio do aumento dos volumes de empréstimos, uma vez que a demanda das empresas está fraca em meio a um ambiente de recessão.
Além dos problemas, o mercado imobiliário comercial parece especialmente vulnerável, aumentando os riscos de crédito.
Ainda assim, por enquanto, os lucros dos bancos estão saudáveis, o que permitiria que os credores economizassem capital para lidar com as prováveis dificuldades, disse Buch.
“Mesmo em cenários adversos, as instituições financeiras devem ter níveis suficientes de capital e liquidez para poder absorver os choques por conta própria”, acrescentou Buch.