Após o avanço firme da véspera, as taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em leve baixa no Brasil, acompanhando o recuo dos rendimentos dos títulos norte-americanos após a divulgação de dados fracos do varejo e da indústria dos EUA, em meio à leitura de que o Federal Reserve pode não levar tanto tempo para cortar juros.
Com a agenda esvaziada no Brasil, novamente os investidores se voltaram para o exterior e, em especial, para o mercado norte-americano de títulos.
Pela manhã, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA caíram 0,8% em janeiro, um resultado pior que a queda de 0,1% esperada pelos economistas. Os dados de dezembro foram revisados para baixo, mostrando aumento de 0,4% das vendas, e não de 0,6% como informado antes.
Já a produção industrial norte-americana caiu 0,1% em janeiro ante dezembro, resultado também pior que a alta de 0,3% esperada pelos economistas.
Os números negativos do varejo e da indústria acabaram deixando em segundo plano os dados favoráveis dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego, que caíram 8 mil, para 212 mil, na semana encerrada em 10 de fevereiro, considerando os ajustes sazonais.
Na prática, a percepção dos dados do dia foi mais negativa do que positiva, o que colocou os yields dos Treasuries em baixa. A leitura era de que, com a economia desacelerando, o Fed pode ter espaço para cortar juros em maio — e não necessariamente apenas em junho, como vem sendo precificado.
“Isso (queda das vendas do varejo e da produção industrial) faz contraponto àquela informação de inflação mais alta que a gente havia visto no CPI”, pontuou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em referência à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, na terça-feira, que revelou uma inflação acima do esperado.
“Hoje a (taxa do) Treasury de dez anos volta aos 4,20%, depois dessas indicações de que a economia norte-americana desacelerou em janeiro, com esses dois dados (varejo e indústria). Isso obviamente aliviou toda a curva de juros, e aliviou no Brasil também”, acrescentou Gala, em comentário enviado a clientes.
Neste cenário, o Ibovespa sustentou ganhos durante o dia, em sintonia com a alta do S&P 500 em Nova York, o dólar perdeu força ante diversas divisas e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) caíram.
Às 10h31, logo após a divulgação dos dados de varejo nos EUA, a taxa do DI para janeiro de 2027 chegou a cair 8 pontos-base, atingindo o menor nível da sessão (9,915%). Durante a tarde, porém, a curva a termo brasileiro demonstrou maior acomodação.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10%, ante 10,025% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,79%, ante 9,82% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,97%, ante 9,996%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,24%, ante 10,262%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,66%, ante 10,68%.
A curva a termo brasileira precificava 89% de chances de o corte da taxa básica Selic em março ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o Banco Central. Atualmente a Selic está em 11,25% ao ano.
Pela manhã, o relatório Focus divulgado pelo BC mostrou que a mediana das projeções do mercado aponta para uma Selic em 9,00% no fim de 2024 e em 8,50% no encerramento de 2025. A inflação projetada é de 3,82% para este ano e de 3,51% para o próximo.
Às 16:36 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 2,90 pontos-base, a 4,2378%.