As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em leve baixa, apesar do avanço dos rendimentos dos Treasuries durante boa parte da sessão, em um dia de agenda esvaziada e com investidores à espera dos dados de inflação do Brasil e dos EUA na terça-feira, enquanto o relatório Focus trouxe projeções econômicas mais favoráveis para 2023.
No exterior, mais cedo, os rendimentos dos Treasuries oscilavam em alta, com investidores à espera de um leilão de títulos do Tesouro dos EUA nesta segunda-feira e do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) a ser divulgado na terça-feira.
Mesmo assim, o viés principal no Brasil era de baixa para as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), com alguns elementos do noticiário local compensando a influência dos Treasuries.
“O Focus trouxe algumas notícias positivas, como a revisão para baixo da inflação e do câmbio, e para cima do crescimento econômico”, pontuou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
O (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad também parece estar conseguindo defender a meta de déficit zero para 2024, pelo menos por enquanto, e o governo pode ter algumas vitórias nesta semana no Congresso.
Estes fatores anulam a influência (sobre os DIs) do movimento de alta dos (rendimentos dos) Treasuries, acrescentou Rostagno durante a tarde, quando os yields ainda se mantinham em território positivo.
Pela manhã, o Banco Central informou que a projeção de inflação do mercado no relatório Focus para 2023 passou de 4,54% para 4,51%.
No caso do dólar para o fim deste ano, a cotação projetada foi de 4,99 reais para 4,95 reais. Já o crescimento esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) este ano foi de 2,84% para 2,92%.
Assim como no exterior, o movimento da curva de juros era contido no Brasil nesta terça-feira, com investidores à espera do CPI nos EUA, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Brasil, também na terça-feira, e das decisões de política monetária dos bancos centrais de ambos os países, na quarta-feira.
“O mercado tem especulado sobre a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária) mudar sua comunicação, que até agora tem enfatizado a conveniência do ritmo atual de cortes (da taxa básica Selic), em direção a uma postura mais ‘flexível’”, pontuou Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, em comentário enviado a clientes.
“(Mas) acreditamos que o Copom deverá manter o diagnóstico de que o ritmo de 50 pontos-base por reunião continua sendo a melhor estratégia para levar a inflação de volta às metas”, acrescentou.
Perto do fechamento, os rendimentos dos títulos norte-americanos de dez anos viraram para o negativo, o que reforçou o viés de baixa para as taxas dos DIs no Brasil.
A curva a termo brasileira precificava perto do fechamento em 98% as chances de o corte da taxa básica Selic nesta semana ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. As chances de corte de 0,75 ponto percentual estavam em 2%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,315%, ante 10,346% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,975%, ante 10,01% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,075%, ante 10,109%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,34%, ante 10,368%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,78%, ante 10,78%.
Às 16:42 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos referência global para decisões de investimento caía 1,00 ponto-base, a 4,2352%.