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Três situações que comprometem sua vida financeira

by Conrado Navarro
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Seria ótimo se lidar com dinheiro fosse uma questão puramente matemática ou, quem sabe, de organização – bastaria ser bom com números, saber fazer contas simples (e algumas complexas) e ser reconhecido como o “braço organizado da empresa” para se destacar na conquista de patrimônio e liberdade financeira.

Fosse assim, nós viveríamos em uma realidade onde contadores (e talvez economistas e administradores) seriam os “reis do sucesso financeiro pessoal”. Pois é, a verdade é que não é nada disso o que acontece. Profissionais que lidam bem com números e sabem organizá-los podem até ter alguma espécie de vantagem, mas ela quase não conta.

“Como assim, Navarro?”, ouço um amigo contador gritar. Calma, não tenho nada contra a profissão, só estou reforçando a sensação de que finanças pessoais” não é uma questão puramente numérica, mas um tema amplo e pessoal. Isso mesmo, lidar com dinheiro é subjetivo, tem relação com emoções, experiências pessoais, estilo de vida e até mesmo relacionamentos (já falei sobre isso, clique para ler).

Três situações que comprometem sua vida financeira

  • Você já se viu adiando a hora de começar a controlar o dinheiro, deixando de lado essa tarefa por preguiça de registrar seus gastos e lançá-los em uma planilha?
  • Você já se viu ansioso por resolver todos os problemas de uma vez, escolhendo as saídas mais fáceis quando deveria ser mais diligente e consciente?
  • Você já se deu de presente algo caro, em um momento de euforia, e depois se arrependeu por ter gasto tanto dinheiro?

Se você respondeu “Sim” para uma dessas questões (ou todas), você é um ser humano. Ufa. Para ilustrar o que quero dizer, separei três sentimentos que costumam minar as oportunidades de gerir melhor nossas finanças:

1. Preguiça

Ler a palavra “preguiça” provavelmente já traz à tona muitas lembranças de atividades que você precisa concluir, mas que ainda carecem de mais dedicação. Parte do atraso se deve à preguiça, tenho certeza, muito embora seja difícil admitir isso de maneira natural. Calma, eu sei que ninguém gosta de ser chamado de preguiçoso.

Ser preguiçoso com o dinheiro é o mesmo que rasgá-lo! Não dá para tocar no assunto de outra forma. Deixar o dinheiro parado na conta corrente enquanto existem opções acessíveis e muito mais rentáveis não faz sentido – e muita gente age assim porque tomar essa decisão implica estudar mais sobre investimentos e abrir conta em outra instituição financeira. Ou seja, não age por pura preguiça.

O que fazer? Não há segredo, o remédio contra a preguiça é a atitude. É preciso sair de sua zona de conforto e envolver-se com suas finanças como você nunca fez na vida: lendo livros de finanças pessoais, participando de palestras sobre investimentos e colocando o planejamento financeiro como uma de suas prioridades.

Como fazer? Comece comprando seu primeiro livro de finanças pessoais  e registrando suas receitas e despesas de forma organizada, montando seu orçamento doméstico. Então categorize os gastos de maneira clara e faça uma análise de sua situação financeira real. Liste dívidas, categorias que precisam ter gastos diminuídos e converse com a família pelo menos uma vez por mês sobre as finanças do lar. Você pode ver mais dicas clicando aqui.

2. Ansiedade

A ansiedade geralmente está associada ao excesso de pressões (sociais, familiares, profissionais etc.) ou à falta de planejamento. O indivíduo passa a buscar atalhos para problemas de toda ordem e precipita-se ao não avaliar com paciência as alternativas disponíveis na ocasião – geralmente a saída “mais rápida” ou “mais fácil” é a preferida por quem é ansioso.

Acontece que resultados interessantes relacionados ao patrimônio não surgem da noite para o dia, nem tampouco de um mês para o outro. O ansioso não lida bem com essa realidade e passa a usar o endividamento como forma de comprar seus bens. O resultado é que logo as dívidas passam a ser mais uma fonte de ansiedade (os juros elevados e as cobranças são cruéis!).

O que fazer? O truque para vencer a ansiedade é ser capaz de celebrar metas alcançadas. O simples ato de terminar uma tarefa ou dar cabo de um compromisso nos dá uma sensação importante de que somos capazes de fazer mais. E tudo aquilo que motiva e tem tom otimista ajuda a aplacar a ansiedade.

Como fazer? O mais importante é “quebrar” grandes objetivos em metas diárias, que você seja capaz de concluir. Repare que o objetivo não é só manter-se ocupado com os objetivos certos, mas ter a certeza de que, passo a passo, dia após dia, você está se aproximando cada vez mais dos seus sonhos. Leia mais sobre objetivos clicando aqui.

3. Euforia

Uma olhada rápida no dicionário e a euforia está descrita como “alegria intensa”. Quem não quer viver alegrias intensas, em todas as áreas de sua vida? Pois é, acontece que a euforia tem como efeitos colaterais o excesso de gastos e uma tomada de decisões mais “frouxa”, sem contemplar aspectos óbvios e racionais.

Noto em meu trabalho que a maioria das compras caras de uma família são realizadas depois de uma notícia eufórica. Uma promoção no trabalho, a descoberta da gravidez e o resultado do vestibular são alguns exemplos clássicos. Momentos de alegria intensa, sem dúvida, mas que levam a decisões que podem causar estrago no orçamento familiar.

O que fazer? Cuidado com a história do “Eu mereço!”, pois é geralmente ela que nos faz tomar decisões caras e das quais nos arrependemos depois. Sim, você merece, mas isso não significa que você tenha condições. É simples: comemore, mas respeitando seus limites financeiros – para agir assim, é preciso ter e manter um controle financeiro, portanto comece por ele.

Como fazer? Use as informações de seu orçamento de maneira a projetar seus gastos e receitas, criando uma maneira de olhar para o futuro de suas finanças. Isso é bem fácil com o uso de ferramentas e planilhas (clique aqui para algumas opções). A partir daí, construa uma reserva de emergência e poupe parte do que ganha para projetos futuros. Respeitados estes objetivos, gaste com euforia.

Conclusões

Falamos de três situações, mas existem muitos mais. Uma lista com tudo que influencia nossa relação com o dinheiro é simplesmente inviável. Ficaríamos horas e horas preenchendo este espaço com exemplos, reações, acontecimentos, emoções e sensações cujos impactos financeiros são enormes, o que reforça o fato de que grana é uma questão humana.

Ah, sim, é claro que eu sei que não se pode viver sem preguiça, ansiedade e euforia, afinal de contas somos seres guiados por emoções. O que eu proponho é que sejamos mais atenciosos com a relação entre essas mesmas emoções e nossas finanças, elevando o aspecto financeiro a um nível mais presente na nossa tomada de decisões.

Deixo a reflexão mais básica sobre tudo isso: que você pense no impacto que as emoções já causaram no seu bolso. Agora responda: vale a pena discutir e implementar novos hábitos capazes de evitar suas armadilhas? Espero que sim. Convido-o também a ler o excelente artigo “O que podemos aprender com os panos de chão” (clique), sobre decisões de consumo. Desejo sucesso e boa sorte. Até mais.

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