Home Economia e Política Vendas no varejo do Brasil ficam estáveis em junho, diz IBGE

Vendas no varejo do Brasil ficam estáveis em junho, diz IBGE

Pesquisa da Reuters apontou que as expectativas eram de altas de 0,4% na comparação mensal e de 0,35% sobre um ano antes

by Reuters
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O varejo no Brasil decepcionou e registrou estabilidade das vendas em junho em comparação com o mês anterior, para encerrar o segundo trimestre com perda de ritmo em meio às pressões da política monetária restritiva.

O resultado do mês frustrou a expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,4%, e deixa o comércio varejista do país 3,3% abaixo do pico da série (outubro de 2020), ainda que 3,0% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020).

Os dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda alta de 1,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativa de avanço de 0,35%..

No primeiro semestre, o setor acumula ganho de 1,3% em relação ao igual período de 2022, de acordo com o IBGE, mas mostra forte perda de força ao fechar o segundo trimestre com queda de 0,2% sobre os três meses anteriores, de uma alta de 1,9% no primeiro trimestre.

“O primeiro semestre fecha em alta muito por conta do crescimento concentrado em janeiro, quando foi de 4,1%. Depois de janeiro, os resultados são mais tímidos, com variações mais próximas a 0%”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, acrescentando que janeiro foi um ponto fora da curva.

A piora das condições de crédito com os juros altos vem impactando o setor varejista, mesmo com medidas de transferência de renda do governo e algum arrefecimento da inflação.

“A perda de fôlego no segundo trimestre se deve ao acesso ao crédito. Os juros altos têm segurado o avanço do comércio nos últimos meses. (Eles) afetam o consumo de bens de maior valor”, disse Santos.

O Banco Central cortou na semana passada a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, nível que ainda dificulta a oferta de crédito e afeta o varejo, principalmente no que se refere a bens de maior valor agregado.

Entre as oito atividades pesquisadas, em junho tiveram crescimento Tecidos, vestuário e calçados (1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%), Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%) e Móveis e eletrodomésticos (0,8%).

Na ponta negativa ficaram Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,6%).

O comércio varejista ampliado, por sua vez, apresentou aumento de 1,2% na comparação mensal, com destaque para a alta de 8,5% nas vendas de veículos, motos, partes e peças, compensando a queda de 0,3% em material de construção graças ao programa de incentivo à venda de carros do governo.

“Fica claro que a política de incentivo setorial feita pelo governo para tentar dinamizar o conjunto da economia não logrou o sucesso desejado, uma vez que a indústria, que possui maior relevância no PIB, mais encadeamento e gera melhores empregos, pouco foi afetada, enquanto o comércio … acabou colhendo o grosso dos benefícios do programa”, destacou em nota Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

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