Quando falamos do mercado financeiro, precisamos estar cientes de que existem muitas armadilhas para separar você do seu dinheiro. Isso pode acontecer das mais diferentes formas, mas há uma pergunta que sempre pode ser feita para te proteger. Basta você se perguntar: “como a outra parte dessa operação está ganhando dinheiro?”
Antes que você me questione, estou ciente de que é uma pergunta muito simples e que costuma ser respondida de maneira simples. Especialmente quando feita para a sua contraparte na operação. Entretanto, esse questionamento é mais profundo do que parece, porque ela gera uma série de implicações.
Vamos começar com um caso bastante simples, de uma corretora de valores. Essa empresa tem algumas formas principais de ganhar dinheiro, mas vamos ficar aqui com as taxas de corretagem e com os investimentos feitos em fundos da própria corretora, sob o qual incidem as taxas de administração e performance.
Se a corretora ganha com cada operação, quanto mais delas você fizer, mais receita será gerada. É interessante para a corretora que sua carteira seja cada vez mais ativa, com compras e vendas frequentes de ações. O mesmo vale para investimentos nos fundos mais arrojados, que possuem as maiores taxas de administração e performance.
Nesse cálculo, o ganho da corretora está descolado do seu bem-estar financeiro. Não porque a corretora está buscando sabotar você, mas simplesmente porque seus ganhos e perdas são, em larga medida, indiferentes na geração de receita.
Se, para a corretora, é interessante que você invista nos fundos mais caros e faça o máximo de operações possível, você acredita que seja coincidência que ela busque te incentivar a fazer justamente isso? Será que os conselhos oferecidos por essas empresas deveriam realmente ser levados a sério?
Isso ilustra, de forma simples, como funciona o conflito de interesses no mercado financeiro nacional. No caso, o seu bem-estar financeiro precisa disputar espaço com a necessidade de produzir lucros, muitas vezes em detrimento da qualidade da sua carteira.
O modelo comissionado e a máquina de devorar rendimentos
Quando olhamos para o mercado nacional, os conflitos de interesse têm uma natureza estrutural. Isso significa que eles estão presentes em quase todos os níveis, o que dificulta muito a vida de quem está dando seus primeiros passos. O caso mais comum envolve as assessorias de investimento que trabalham com remuneração comissionada.
Antes de falarmos sobre isso, queria deixar claro que não estou buscando causar rusgas com profissionais da área, mas apontar como esse modelo de remuneração é problemático, além de proibido em países como a Inglaterra.
Nesse tipo de relação, a receita gerada pela assessoria está inteiramente atrelada a comissões pagas pela corretora e/ou gestoras usando parte do dinheiro que você investiu. Isso ocorre via rebates nas taxas, comissões diretas, percentuais do rendimento contratado etc.
Como você pode imaginar, o conflito de interesse está no fato de que há um incentivo muito claro para recomendar os produtos que pagam comissões mais altas, sem necessariamente avaliar a qualidade do produto ou se ele faz sentido para sua carteira. No limite, existem prêmios como viagens, ingressos para shows, jantares de luxo e toda sorte de incentivo para quem realizar mais captações.
Os resultados desse tipo de relação, como você perguntar para ex-clientes de assessorias, varia do desagradável ao desastroso, porque muitos ativos geram prejuízos altos ou sequer podem ser resgatados. Esse é o exemplo mais cristalino de como a pergunta “como a outra parte dessa operação ganha dinheiro?” é importante.
O problema não termina na assessoria. Como gestoras costumam pagar bônus e prêmios para quem realizar mais captações, seus fundos precisam cobrar taxas caras para se manterem ativos. Com maiores taxas, cresce a chance de fechamento e diminuem os retornos finais de quem é cotista.
Sair dessa lógica e montar a própria carteira não é necessariamente irá te proteger do conflito de interesses. Casas de análise, especialmente as mais agressivas, precisam manter você pagando por relatórios, o que significa que sua carteira estará sempre sofrendo giros constantes. Mais uma vez, isso costuma gerar péssimos retornos.
Nos dois casos, as pesquisas mostram que a esmagadora maioria dos fundos de renda fixa e variável, assim como carteiras independentes, irão ter performances bem inferiores a alguns poucos índices amplos, como o IBRX 100, S&P 500 ou IMA-B5. Que, diga-se de passagem, podem ser replicados a uma fração do custo de fundos ativos.
A força de um modelo sem conflitos
Gostaria de encerrar esse pequeno texto lembrando que nem todas as assessorias, fundos ou casas de análise estão buscando se aproveitar de você, há excelentes profissionais em cada uma dessas áreas. Além disso, na dúvida, basta repetir a pergunta que apresentei aqui: “como essa pessoa ou empresa ganha dinheiro? Será que há um conflito de interesses?”
Com isso em mente, é importante lembrar que o Brasil conta com um tipo de atividade que é legalmente proibida de incorrer em conflitos de interesse: as consultorias de investimentos. Qualquer recomendação oferecida por profissionais dessa área deve ser isenta de comissões de qualquer natureza, visando proteger o bem-estar de quem investe.
No caso de uma empresa como a Portfel Consultoria, você paga uma taxa pelo acompanhamento total dos seus investimentos e recebe de volta toda e qualquer comissão que seria paga, reduzindo o custo final do acompanhamento. Isso tem uma implicação bem importante quando nos questionamos sobre como as receitas da empresa são geradas.
Na medida em que a principal atividade da empresa são as recomendações e acompanhamento, sem incidência de nenhuma comissão ou taxa oculta, esse serviço precisa ser prestado da melhor forma possível, pois essa é nossa atividade principal. Isto inclui tanto a seleção de ativos, quanto o planejamento financeiro e o acompanhamento psicológico.
Como nossa taxa incide sobre o patrimônio administrado, temos um incentivo permanente para que você obtenha os melhores resultados possíveis, pois nossa remuneração está atrelada ao seu sucesso financeiro. Isso muda profundamente os termos da relação, e não por menos, temos um altíssimo grau de satisfação entre clientes.
Se você gostaria de saber mais sobre nosso trabalho, que tal dar uma olhada em nosso portal? Basta acessar: www.portfel.com.br
Por André Salmeron
Atua como analista e pesquisador na Portfel Consultoria. Busca escrever textos que ajudem a popularizar as ciências financeiras e integrá-las no dia-a-dia das pessoas comuns.