A Argentina está conversando com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um possível novo programa de financiamento com metas diferentes para a economia em dificuldades, disse a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, depois de se reunir com o ministro da Economia do país latino-americano, Luis Caputo.
O novo governo do presidente liberal Javier Milei está disposto a tomar medidas “muito promissoras” para lidar com os problemas da economia, disse Yellen à Reuters na quinta-feira, após sua primeira reunião com Caputo.
Milei se comprometeu a reverter a crise na Argentina onde a inflação está em 250% e 57% das pessoas vivem na pobreza com medidas de austeridade rígidas, uma mensagem que foi bem aceita pelos mercados e investidores, mas criou tensão com sindicatos e governadores regionais.
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“Eles herdaram uma situação incrivelmente difícil, e acho que as medidas que eles anunciaram que estão dispostos a tomar são muito promissoras”, disse Yellen à margem de uma reunião do Grupo dos 20 em São Paulo. “Será uma transição realmente difícil, pois eles tentarão manter a política fiscal sob controle.”
Caputo negou na quinta-feira uma reportagem da mídia de que o governo estava negociando um novo programa de empréstimos com o FMI no momento, mas disse que o credor global estava aberto a tais discussões com seu maior devedor.
Um programa de empréstimo de 44 bilhões de dólares da Argentina com o FMI saiu dos trilhos no ano passado em meio ao aumento da inflação e ao aprofundamento do déficit fiscal.
Os dois lados estão discutindo como renovar o acordo. Um novo acordo seria um passo mais significativo que envolveria novos fundos para uma economia com reservas de moeda estrangeira no vermelho e controles rígidos de capital.
Uma autoridade do FMI, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que o credor estava concentrado em apoiar as políticas do governo argentino que ajudassem a restaurar a estabilidade macroeconômica, acrescentando que seria “prematuro” que os dois lados discutissem detalhes sobre qualquer novo programa.
Yellen disse que Caputo estava “muito aberto às ideias do FMI”.
“Eles estão potencialmente falando sobre um novo programa e estabelecendo metas diferentes. Eles estão trabalhando com o FMI e continuarão a fazê-lo”, disse ela.
Yellen disse que o longo histórico de crises financeiras e inadimplência da dívida da Argentina foi um estudo de caso quando ela lecionava na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e que a maioria dos analistas considerava o fracasso do país em controlar os déficits orçamentários como sua falha fundamental.
“Este é um país que costumava ser um dos mais ricos do mundo. Nos últimos 100 anos, eles aparentemente tiveram dezenas de crises financeiras e não pagaram sua dívida internacional nove vezes. Eles sofreram com inflação alta, hiperinflação e todos os males macroeconômicos”, disse ela.
Durante a reunião, Caputo disse a Yellen que seu governo sabia que haveria tempos difíceis pela frente, mas que estava confiante de que suas reformas dariam início a um ponto de inflexão.
Yellen elogiou o que disse a Caputo serem “medidas importantes” do governo de Milei para restaurar a sustentabilidade fiscal, ajustar a taxa de câmbio e combater a inflação.