Começo o texto com uma constatação: ter o controle real sobre as finanças pessoais não é algo comum para a maioria das pessoas no Brasil. Muita gente tem apenas uma vaga ideia do que está de fato acontecendo com seu dinheiro, o que contribui para que o acaso e a emoção atuem nas suas decisões.
A maioria da população não sabe quanto paga de juros todos os meses ao entrar no cheque especial ou ao usar o crédito rotativo do cartão de crédito. O que mais me preocupa é que uma parcela de pessoas deste grupo não está disposta a mudar esse tipo de atitude. O texto de hoje é mais um convite no sentido de incorporar novos hábitos capazes de iluminar a rota do sucesso financeiro.
Sempre escrevemos no Dinheirama sobre o que pode transformar alguém em uma pessoa bem-sucedida financeiramente (clique e veja um exemplo). Sei que é um assunto que desperta interesse, mas não se trata de um caminho fácil, simples. É preciso realmente criar um novo estilo de vida.
Uma boa ideia é conhecer e analisar a história dos milionários que admiramos (clique para ler mais): fica fácil perceber que o sucesso veio depois de muito trabalho, dedicação, algumas decepções, muitos fracassos e também variados momentos de superação.
O aspecto que quero desenrolar no texto de hoje tem a ver com a famosa afirmação dos especialistas de que precisamos ser capazes de “fazer o nosso dinheiro trabalhar por nós”.
4 fatores importantes para ser bem-sucedido nos investimentos
Sugiro abaixo quatro importantes fatores que devem sempre ser aproveitados pelos investidores inteligentes. Não tenho a pretensão de ser o dono da verdade nem dar “dicas de ouro a la Warren Buffett”, mas apontar aquilo que vi e experimentei durante minha vida pessoal e profissional.
Também sei que você irá se lembrar de outros fatores também importantes, e desde já peço que use o nosso tradicional espaço de comentários para que possamos trocar impressões, ideias e sugestões sobre o tema.
Vamos lá para o que eu acho importante:
Fator 1: Não aproveitar as boas oportunidades que surgem em períodos de crise
Desde a já discutida crise de 2008, muita coisa aconteceu no mercado financeiro mundial. Países tidos como de economia desenvolvida experimentaram um cenário triste com desaceleração da economia, corte de investimentos, elevação de desemprego e inúmeros protestos por parte da população desacostumada com problemas dessa natureza.
A crise fez com que os olhos do mundo se dirigissem para mercados em desenvolvimento que, mesmo afetados “por tabela” pela crise, conseguiram crescer (em parte pelo desenvolvimento e consumo interno).
Muita gente, pautada pelo noticiário econômico, deixou de perceber que mesmo em períodos de crise é possível garimpar boas oportunidades: em alguns momentos não diretamente no mercado financeiro, na economia do dia a dia e no próprio mercado de trabalho.
Setores que precisam de investidores dispostos a correr certos riscos, oportunidades de empreender para preencher uma lacuna ou mesmo a chance de comprar ativos pagando mais barato (ações de boas empresas, afetadas momentaneamente por notícias ou movimentações políticas, por exemplo), tudo isso é válido diante de crises.
O recado é relativamente simples: um mercado em crise não deve ser encarado apenas sob o ponto de vista do pessimista. Boa parte dos milionários conseguiram aumentar seu patrimônio ao investir e agir nos momentos de dúvida e crise na economia.
Jorge Paulo Lemann, o homem mais Rico do Brasil, já contou em diversas oportunidades que conseguiu comprar a Brahma em um período de crise e desconfiança. Os antigos donos estavam apreensivos com uma possível vitória, em 1989, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva e estavam dispostos a vender a empresa a um preço baixo.
Todos acompanhamos hoje o grande negócio que se tornou para Lemann e seus sócios. Listamos inclusive 5 lições importantes que Jorge Paulo Lemann nos ensinou sobre o sucesso (clique aqui para saber quais são).
Preste atenção: manter uma perspectiva pessimista muitas vezes nos deixa cegos e com medo demais para boas oportunidades que insistem em aparecer justamente porque há uma crise acontecendo.
Fator 2: Acreditar no que dizem gurus financeiros e analistas econômicos
Temos acompanhado muitos especialistas e “figurões do mercado” desperdiçando a oportunidade de ficarem quietos ao fazerem prognósticos de todo tipo em relação à economia do Brasil e do mundo.
Algumas pessoas, com base nessas profecias, acabaram deixando de lado o mercado. Vi um “guru” de economia que previu um mundo cor de rosa e errou (feio); outros foram por outro lado e disseram que tudo ia dar errado. O fato é que apontar tendências e cravar acontecimentos não costuma dar certo com a economia.
Digo isso me prendendo a palavras e projeções feitas por muita gente respeitada e com voz forte no meio. Não podemos esquecer a figura do próprio Ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se notabilizou por sempre errar seus prognósticos de crescimento da economia (e depois viu sua credibilidade ruir).
O investidor deve estar atento a tudo que acontece na economia, mas relativizando a opinião das pessoas e tomando muito cuidado com prognósticos exagerados. Se a ideia é seguir alguém, vale olhar o histórico do analista ou profissional.
Também é fundamental para o investidor aumentar sua própria capacidade de interpretar os sinais da economia e emitir sua própria opinião. Desenvolver sua própria interpretação dos acontecimentos ajuda a criar confiança e mudança. O resultado são decisões mais inteligentes, tomadas de maneira mais sensata e segura.
Fator 3: Apostar todas as fichas em uma única análise de investimentos (Análise Técnica ou Fundamentalista)
Aqui, tomo muito cuidado para não correr risco de má interpretação: tenho muitos amigos adeptos de uma única escola, mas o fato é que os que apresentam os melhores resultados levam em consideração o que de melhor a Análise Técnica e Análise Fundamentalista oferecem.
Se você vai se tornar um trader ou se sua ideia é investir pensando no longo prazo (ou as duas coisas), sugiro que você estude e conheça um pouco de cada tipo de análise antes de apenas defender um dos lados dessa discussão (não vejo sentido nas brigas sobre qual das duas é melhor, pois entendo que se complementam).
Eu sempre digo para as pessoas que o mínimo que um investidor precisa saber envolve um pouco de indicadores das empresas (saúde financeira da empresa, seus resultados e gestão) e como o mercado enxerga essa realidade (tendência, volume e desempenho do preço da ação).
Torno a reforçar que não desprezo nenhuma das duas escolas. Pelo contrário, acho que ambas as formas de olhar o mercado e suas empresas podem, juntas, oferecer evidências importantes para a formação e execução de sua estratégia.
Procure entender bem as diferenças entre a Análise Técnica e a Fundamentalista (clique para ler mais) e use e abuse do que cada uma pode oferecer de melhor.
Fator 4: Não ter um objetivo definido para cada investimento
Muita gente bate no peito e se diz investidor, mas não é bem assim. Quando paro para conversar um pouco mais sério com alguns desses “investidores”, logo descubro que a maioria não sabe de fato porque está investindo seu tempo e dinheiro em determinados produtos financeiros.
Por exemplo, não faz nenhum sentido alguém investir em ações o dinheiro que precisará ser usado em pouco tempo. Pensando do jeito contrário, faz todo o sentido alguém que tem um horizonte de longo prazo montar uma carteira de investimento com um bom percentual correspondendo a ativos de maior risco (ações, agora sim!).
O investidor inteligente sempre leva em consideração o objetivo final na escolha do melhor investimento e o tempo esperado para atingir essa meta. Investir apenas por investir embute um enorme risco de não ver o dinheiro crescer da maneira esperada – é muito comum que o dinheiro poupado sem objetivo acabe sendo usado em uma emergência ou “oportunidade” (assim, com aspas).
Os objetivos e o tempo darão o tom do esforço necessário para chegar lá e comemorar. Isso criará a mudança mental necessária para evitar tentações de consumo e, assim, prosperar.
Conclusão
O melhor investimento vai sempre depender de muitos fatores e o investidor nem sempre terá todas as respostas na hora em que precisar tomar sua decisão. Em alguns momentos, o erro deve ser considerado como um bom retorno, pois mesmo os melhores investidores também se equivocam e aprendem com isso.
A lição principal que fica é que não existe enriquecimento fácil, rápido e sem disciplina. Ao abordar os quatro fatores para ser bem-sucedido nos investimentos, a minha intenção foi mostrar que investir é uma escolha que precisa estar associada a uma estratégia clara e mais disposição para correr riscos. Obrigado e até a próxima.
Foto “Success and money”, Shutterstock.