O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta terça-feira, com ajustes após duas quedas seguidas, tendo as ações de GPA (PCAR3) e Ambev (ABEV3) entre os destaques positivos após os respectivos balanços trimestrais, enquanto a queda dos papéis da Petrobras e de bancos minou uma recuperação mais forte.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,54 %, a 113.143,67 pontos, após acumular um declínio de quase 2% nos dois pregões anteriores.
Na máxima do dia, chegou a 113.597,32 pontos. Na mínima, a 112.098,12 pontos. Em outubro, acumulou queda de 2,94%.
O volume financeiro nesta terça-feira somou 19 bilhões de reais.
Para a sócia e especialista da Blue3 Investimentos Bruna Centeno, a bolsa paulista teve uma sessão de recuperação, após mau humor com ruídos políticos, notadamente as discussões em torno da meta fiscal do próximo ano.
Desde a última sexta-feira, após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cresceram os receios de que, além de uma falta de um comprometimento maior do governo com o déficit zero em 2024, via contingenciamento de gastos, a busca do equilíbrio nas contas se dará por meio do aumento da carga tributária.
Na véspera, o ministro da Fazenda buscou amenizar a fala de Lula, mas teve pouco sucesso. Nesta terça-feira, o governo não tratou diretamente da mudança da meta em reunião de líderes, mas reforçou a necessidade de cumprir o Orçamento de 2024, o que parlamentares entenderam como admissão de chance de mudança.
“Isso é um fator importante principalmente na parte de precificação de risco”, afirmou Centeno, da Blue3.
Wall Street corroborou a melhora na B3, com o S&P 500 fechando em alta antes da decisão de política monetária do banco central nos Estados Unidos na quarta-feira, com o foco principalmente voltado aos sinais sobre os próximos passos dada a perspectiva de manutenção da taxa em 5,25% a 5,50%.
A decisão do Federal Reserve será conhecida com o pregão no Brasil ainda aberto, o que pode adicionar volatilidade.
Após o fechamento da bolsa paulista, o Banco Central comandado por Roberto Campos Neto anuncia sua decisão de juros, com as previsões apontando para queda da Selic de 12,75% para 12,25%.
Destaques
GPA (PCAR3) disparou 8,38%, a 3,62 reais, tendo alcançado 3,65 reais na máxima, após lucro líquido das operações continuadas da varejista de alimentos de 809 milhões de reais no terceiro trimestre, quando a receita líquida cresceu 9,7% e as vendas mesmas lojas subiram 6,6%.
O CFO do GPA também afirmou que a companhia espera arrecadar cerca de 500 milhões de reais com a venda de ativos e diminuir dívidas estruturais nos próximos trimestres.
Ambev (ABEV3) avançou 4,05%, a 12,86 reais, após divulgar salto de 19,3% no lucro líquido em uma base orgânica, uma vez que os preços mais baixos do alumínio e as taxas de câmbio favoráveis compensaram uma queda nos volumes de vendas em comparação com o ano anterior.
No Brasil, as vendas cresceram na casa dos 10%, superando o desempenho do setor.
Vale (VALE3) subiu 1,20%, a 69,00 reais, tendo como pano de fundo alta dos futuros do minério de ferro na China.
O contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o dia com acréscimo de 0,34%, a 898,5 iuanes (122,80 dólares) a tonelada, mesmo com dados nesta terça-feira mostrando que a atividade industrial da China contraiu-se inesperadamente em outubro.
Petrobras (PETR4) caiu 0,97%, a 34,74 reais, em dia de fraqueza do petróleo no exterior. Investidores ainda repercutiram notícias sobre investimentos da companhia, enquanto seguem na expectativa do desfecho da assembleia de acionistas convocada para o final do próximo mês para avaliar propostas como a criação de uma reserva de remuneração do capital e alteração em regras sobre a indicação de membros da alta cúpula.
Assaí (ASAI3) recuou 0,18%, a 10,94 reais, abandonando os ganhos da primeira etapa do dia, quando chegou a 11,49 reais, com o balanço do terceiro trimestre mostrando lucro líquido de 185 milhões de reais, queda de 34,2% ano a ano, mas acima da expectativa de analistas.
Executivos do Assaí afirmaram estar “um pouco mais” cautelosos para o final do ano.
No setor, Carrefour Brasil (CRFB3), que reporta os seus números ainda nesta terça-feira, subiu 3,1%.
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,96%, a 26,82 reais, e Bradesco (BBDC4) perdeu 1,41%, a 13,99 reais, também pressionados pelas preocupações com as contas públicas no país, principalmente o risco de o governo buscar o equilíbrio fiscal via aumento da carga tributária, eventualmente antecipando medidas previstas apenas para 2024, incluindo ações que afetem o setor de bancos.
Magazine Luiza (MGLU3) recuou 2,92%, a 1,33 real, enquanto Casas Bahia (BHIA3) fechou estável, a 0,45 real, com agentes financeiros ainda atentos à cena fiscal brasileira e o risco de um menor espaço para a queda da taxa Selic.