Líderes do sindicato norte-americano dos trabalhadores da indústria automotiva UAW indicaram o próximo passo em sua tentativa para aproveitar o sucesso nas negociações com as três grandes montadoras de Detroit: lançar campanhas de organização de trabalhadores na Toyota, na Tesla (TSLA) e em outras fábricas em que os funcionários ainda não são sindicalizados.
“O que funcionários da @Toyota podem ganhar se se juntarem à campanha #StandUpUAW?”, escreveu o diretor de Organização do sindicato, Brian O. Shepherd, nas redes sociais na quarta-feira. Ele fez o comentário após a Toyota aumentar os salários dos trabalhadores nos EUA em 9% e cortar pela metade o tempo que novas contratações levam para chegar ao patamar salarial mais alto.
Outras montadoras estrangeiras estão revisando aumentos salariais recentes do setor automotivo. A Honda disse à Reuters que está avaliando os últimos acordos do UAW com as fabricantes de Detroit General Motors, Ford e Stellantis e que continuará competitiva.
O presidente do sindicato, Shawn Fain, deve fazer um discurso por vídeo nesta quinta-feira para apresentar os detalhes do novo contrato do sindicato com a Stellantis.
Fain usou discursos por vídeo recentes para expor a determinação do sindicato para organizar trabalhadores na Toyota, na Tesla e em outras montadoras não sindicalizadas dos EUA, usando aumentos de salários recordes conquistados em acordos as três de Detroit.
“Um dos nossos maiores objetivos saindo desta vitória contratual histórica é organizar como nunca organizamos antes”, afirmou Fain, no domingo. “Quando voltarmos à mesa de negociações em 2028, não será apenas com as Três Grandes, mas com as Quatro Grandes ou Seis Grandes.”
O diretor da região 8 do UAW, Tim Smith, cujo território abrange muitas fábricas automotivas não sindicalizadas no sul dos Estados Unidos, disse que os funcionários nesses locais estão entrando em contato com a entidade.
“Você não acreditaria nas ligações que estamos recebendo”, disse Smith à Reuters.
Smith afirmou que é importante que os trabalhadores considerem a totalidade dos salários e benefícios, e não apenas a taxa salarial. “Se (os funcionários da Toyota) nos ligarem, o que eles fizeram, vamos educá-los e estaremos ao lado deles.”
O UAW tentou e falhou por vários anos organizar as fábricas automotivas não sindicalizadas dos EUA, a maioria delas construídas por montadoras da Ásia e da Europa em Estados do sul dos EUA, onde as chamadas leis do direito ao trabalho tornam opcional aos trabalhadores o pagamento das taxas sindicais.
“Nada impede a equipe da Tesla em nossa fábrica automotiva de votar pelo sindicato. Podem fazer amanhã se quiserem. Mas por que pagar taxas sindicais e abrir mão de opções de ações por nada?”, escreveu no Twitter o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk, em 2018.
O UAW entrou com uma queixa ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas por esse tuíte e o órgão decidiu que ele violou leis trabalhistas que proíbem ameaças da gestão aos trabalhadores por apoiarem a sindicalização. No início deste ano, um tribunal de apelações dos EUA manteve a decisão do conselho contra a Tesla.