A divulgação de dados favoráveis de inflação nos Estados Unidos definiu nesta terça-feira a queda firme do dólar no Brasil, para abaixo dos 4,90 reais, em meio à expectativa de que o Federal Reserve não elevará mais sua taxa de juros no curto prazo.
O dólar (USDBLR) à vista fechou o dia cotado a 4,8631 reais na venda, em baixa de 0,91%, no terceiro recuo consecutivo. Este é o menor valor de fechamento desde 18 de setembro, quando a divisa marcou 4,8564. Em novembro, a moeda acumula baixa de 3,52%.
Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,96%, a 4,8690 reais.
O dólar oscilou no território negativo durante praticamente toda a sessão, mas o movimento se intensificou a partir das 10h30, após a divulgação dos dados de inflação nos EUA.
O Departamento do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável no mês passado e acumulou alta de 3,2% nos 12 meses até outubro, após elevações de 0,4% em setembro e de 3,7% nos 12 meses até setembro.
Economistas consultados pela Reuters projetavam altas de 0,1% no mês e de 3,3% na base anual.
O impacto dos números no mercado brasileiro de câmbio foi perceptível: às 10h30, o dólar à vista era cotado a 4,8963 reais (-0,24%); às 10h31, a divisa já havia despencado para 4,8522 reais (-1,14%).
Por trás do movimento está a leitura de que o Fed tende a não promover novos aumentos de juros no curto prazo, o que pressiona o dólar e favorece divisas de maior risco, como o real, o peso chileno, o peso mexicano e o peso colombiano.
“O CPI confirmou que o Fed encerrou seu ciclo de aperto monetário”, avaliou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Às 11h37, na mínima da sessão, o dólar à vista foi cotado a 4,8485 reais (-1,21%). Posteriormente, a divisa dos EUA recuperou parte da força, mas ainda assim se manteve com folga abaixo dos 4,90 reais.
“Me chamou a atenção o fato de que as moedas fortes seguiram avançando ante o dólar no intraday, enquanto o real perdeu um pouco do fôlego”, destacou Machado.
Outro profissional ouvido pela Reuters pontuou que o feriado de quarta-feira no Brasil, quando os mercados seguirão abertos no exterior, dava certa sustentação às cotações. Além disso, alguns suportes técnicos para o dólar e receios em torno da política fiscal brasileira reduziam o espaço para que a divisa caísse ainda mais.
A proximidade de dezembro era outro fator para que o dólar não aprofundasse a queda ante o real. Tradicionalmente, o último mês do ano é de envios de dólares para fora do país, por fundos e companhias multinacionais, o que costuma dar suporte às cotações.
No fim da tarde, o dólar seguia em queda generalizada no exterior, na esteira dos números de inflação nos EUA.
Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 1,51%, a 104,040.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de janeiro.
À tarde, o BC informou que os dados semanais de fluxo cambial serão divulgados na próxima sexta-feira, às 14h30.