O dólar (USDBLR) caía ligeiramente frente ao real nesta sexta-feira, em linha com movimento visto no exterior, enquanto os mercados locais reagiam à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vetar integralmente o projeto que prorrogava a desoneração da folha de pagamento.
Às 10:14 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,40%, a 4,8875 reais na venda. Na B3, às 10:14 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,43%, a 4,8890 reais.
Segundo Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, a queda do dólar frente ao real refletia principalmente a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, onde seu índice frente a uma cesta de pares fortes caía 0,16% na volta do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.
“Embora hoje não seja feriado como ontem (nos EUA), a liquidez está comprometida… (Estamos) em linha com a queda no exterior, mas sem direção clara formada ainda”, avaliou ele.
Segundo Bergallo, os investidores domésticos também estavam repercutindo o veto de Lula ao projeto que prorrogava até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que teve sua votação concluída no Congresso no fim de outubro e poderia implicar em perda de arrecadação num momento em que o governo se esforça para melhorar a situação fiscal.
“Acredito que a (decisão de veto) seja positiva para o impacto fiscal, porém temos o aspecto político, e acho que o veto pode ser derrubado” no Congresso, disse Bergallo, reforçando que o principal direcionador do mercado de câmbio nesta sessão continuava sendo o exterior.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o veto à prorrogação da desoneração da folha salarial foi necessário porque a medida é inconstitucional, e prometeu apresentar uma alternativa ao benefício, ressaltando que o governo continuará a fazer revisões de incentivos tributários que estão comprometendo as contas da União.
O dólar estava a caminho de encerrar a semana em baixa de cerca de 0,40% frente ao real, em linha com tendência mais fraca da moeda no exterior devido à acomodação dos rendimentos dos Treasuries, os títulos do governo dos EUA, em patamar mais baixo.
Recentemente, dados de inflação mais baixos do que o esperado reforçaram a visão de que o Federal Reserve já terminou de elevar os juros e pode começar a cortá-los no primeiro semestre do ano que vem, narrativa que têm reduzido o apelo do dólar frente a divisas mais rentáveis.
No mês de novembro, o dólar acumula baixa de mais de 3% frente ao real.