O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quarta-feira, após voltar a superar os 132 mil pontos na máxima do pregão, com piora em Wall Street e realização de lucros freando o efeito positivo da queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,79%, a 130.804,17 pontos. Na máxima da sessão, o índice chegou a 132.340,75 pontos, novo recorde intradia. Na mínima, cedeu a 130.709,8 pontos.
O volume financeiro somou 21,9 bilhões de reais.
De acordo com o gestor de renda variável da Western Asset Naio Ino, foi um dia de acomodação, fraco em notícias, com agentes financeiros ainda digerindo eventos recentes.
No exterior, os principais índices acionários dos Estados Unidos pioraram perto do fechamento, após passarem boa parte do dia quase de lado, mas o retorno dos Treasuries de 10 anos recuava a 3,8548% no final do dia.
Como pano de fundo desse movimento, persiste a perspectiva de que o Federal Reserve encerrou o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos e deve começar a reduzir os juros no próximo ano, talvez já no primeiro trimestre.
Tal prognóstico tem apoiado o fluxo de capital externo para a bolsa brasileira, com os dados mais recentes da B3 mostrando uma entrada líquida de estrangeiros de 11,55 bilhões de reais em dezembro até o dia 18.
No Brasil, o Congresso Nacional promulgou a reforma tributária e o Senado ainda aprovou a medida provisória das subvenções, que ainda inclui mudanças nas regras do mecanismo de juros sobre capital próprio (JCP), decisiva para a tentativa do governo de zerar o déficit primário em 2024.
Na visão do analista-chefe da VG Research, Luan Alves, a bolsa paulista teve um dia morno, com o Ibovespa “lateralizado”, acompanhando as variações em Wall Street. E quando Nova York piorou, o Ibovespa acompanhou.
Destaques
Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 1,03%, a 32,57 reais, e Bradesco (BBDC4) caiu 1,65%, a 17,26 reais, entre as maiores pressões de baixa no Ibovespa.
Hapvida (HAPV3) fechou em baixa de 2,69%, a 4,34 reais. Analistas do Itaú BBA estiveram reunidos com executivos da companhia na terça-feira e o entendimento foi de que um aumento de capital apenas para reduzir a alavancagem financeira não deve ocorrer no curto prazo, mas que o grupo de saúde poderia acessar o mercado para financiar projetos.
Totvs (TOTS3) perdeu 4,03%, a 33,06 reais, anulando a alta acumulada até a véspera (+4%) em dezembro, que tem sido marcado por volatilidade, após o papel saltar 31,6% em novembro.
Ambev (ABEV3) recuou 2,41%, a 13,74 reais, tendo de pano de fundo corte na recomendação dos papéis para “underperform” por analistas do Safra, com preço-alvo de 15 reais por ação, enquanto agentes financeiros também continuam calculando os potenciais efeitos da reforma tributária e mudanças no mecanismo de JCP na empresa.
Casas Bahia (BHIA3) disparou 8,86%, a 10,94 reais, experimentando uma recuperação após recuar nas quatro sessões anteriores, acumulando no período um declínio de cerca de 24%.
O papel ainda registra em 2023 uma perda em torno de 79%.
No setor, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 2,78%, a 2,10 reais.
Marfrig (MRFG3) valorizou-se 4,13%, a 9,59 reais, em dia misto para o setor, com JBS ON terminando em alta de 3,39%, enquanto BRF (BRFS3) cedeu -0,77% e Minerva (BEEF3) perdeu-1,89%. Analistas do Santander elevaram a recomendação de Marfrig e JBS a “outperform” e cortaram a de Minerva para “neutra”, mesma classificação mantida para BRF.
Analistas do Safra também elevaram Marfrig para “outperform”, mesma nota mantida para JBS, enquanto BRF e Minerva tiveram as respectivas recomendações rebaixadas para “neutra”.
Vale (VALE3) fechou com variação negativa de 0,32%, a 74,49 reais, distante das máximas da sessão, o que ajudou a enfraquecer o Ibovespa.
Mais cedo, a ação encontrou apoio na alta dos futuros do minério de ferro na China, com o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrando as negociações do dia com alta de 1,46%.
Petrobras (PETR4) avançou 0,36%, a 36,38 reais, beneficiada pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o contrato Brent terminou o dia transacionado com elevação de 0,59%, a 79,70 dólares o barril.
Americanas (AMER3), que não está no Ibovespa, fechou com acréscimo de 5,56%, a 0,95 real, após credores da varejista aprovarem na terça-feira o plano de recuperação judicial da empresa, que inclui uma injeção de 12 bilhões de reais pelos acionistas de referência da companhia.