O dólar (USDBLR) avançou mais de 1% frente ao real no primeiro pregão de 2024, em linha com a valorização da divisa norte-americana no exterior, conforme investidores repensavam as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve neste ano.
O dólar à vista fechou em alta de 1,21%, a 4,9160 reais na venda, marcando o maior aumento diário desde 4 de dezembro (+1,38%). Na B3, às 17:01 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,37%, a 4,9335 reais.
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de pares fortes apurava ganho de quase 0,80% no fim da tarde, conforme os rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos avançavam.
Expectativas de mercado precificavam corte de 1,50 ponto percentual nos juros do Fed este ano, abaixo do 1,60 ponto visto na semana passada, moderação que refletia temores de parte dos investidores de que, talvez, o banco central norte-americano não poderá ser tão brando na condução da política monetária quanto o previsto no final do ano passado.
“Concordamos amplamente com as opiniões de (Thomas) Barkin, (John) Williams e outros (diretores do Fed) que acreditam que é muito cedo para falar sobre cortes de taxas”, disse em relatório Jaime Valdivia, economista-chefe da Galápagos Capital.
“Um ciclo prematuro de cortes de taxas nos EUA nos preocupa pelos seguintes motivos: as expectativas de inflação de curto prazo permanecem elevadas e a inflação núcleo de serviços ainda é bastante persistente.”
Em busca de balizar as expectativas, investidores acompanharão de perto um relatório de emprego do governo dos EUA na sexta-feira, que tem muita importância nas tomadas de decisão do Fed.
Apostas num Fed mais brando ajudaram o real na reta final de 2023, uma vez que apontariam para uma rentabilidade menos competitiva do mercado de renda fixa dos EUA quanto comparada a países mais arriscados, de prêmios maiores.
No entanto, disse Valdivia, o Brasil e vários outros países emergentes estão no meio de um processo de afrouxamento monetário.
“Os diferenciais de taxa, portanto, se comprimirão significativamente em 2024 e reverterão alguns dos ventos favoráveis por trás da força das moedas dos mercados emergentes do ano passado”, disse ele.
A taxa Selic está atualmente em 11,75%, após quatro cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual a partir de agosto do ano passado.
Ainda na cena doméstica, “embora não esteja fazendo preço, o mercado naturalmente segue olhando para o nosso fiscal, com o governo tendo alguma oposição no Congresso neste sentido”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Segundo ele, após o recesso parlamentar, o mercado deve acompanhar com cautela a tramitação da medida provisória de reoneração gradual da folha de pagamento, que precisa ser aprovada pelos parlamentares em até 120 dias após sua publicação no Diário Oficial.