O Ibovespa (IBOV) mostrava uma alta discreta nesta sexta-feira, após três quedas seguidas, em dia de vencimento de opções sobre ações na B3, mas a tentativa de recuperação era frágil conforme permanecem os ajustes de expectativas relacionadas à política monetária norte-americana.
Às 11:01, o Ibovespa subia 0,11 %, a 127.449,85 pontos, após ter recuado mais de 3% nos três pregões anteriores. Na semana, até o momento, acumula um declínio de 2,7%. O volume financeiro na sessão somava 2,14 bilhões de reais.
Em meio a dados recentes mostrando uma economia norte-americana robusta, agentes financeiros têm ajustados apostas sobre o começo e o tamanho de um bastante aguardado ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve, com alguns já avaliando que uma redução em março pode ser uma aposta muito otimista.
Isso tem afetado particularmente mercados emergentes, como o Brasil, que tendem a se beneficiar de perspectivas de juros mais baixos em economias como os Estados Unidos. Até a quinta-feira, o índice MSCI para mercado emergentes acumulava uma queda de mais de 6% no mês.
Dados da B3 sobre o fluxo de investidores estrangeiros na bolsa brasileira em janeiro endossam esse menor apetite, uma vez que mostram saída líquida de 59,3 milhões de reais até o dia 17.
“A expectativa quanto a quando o Fed irá iniciar o processo de queda da taxa de juros no país tem dominado o comportamento dos preços dos ativos financeiros nos Estados Unidos e sido um importante fator no comportamento destes preços no Brasil”, disse o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo.
Em Nova York, os futuros acionários norte-americanos apontavam uma abertura positiva, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 4,1437%, de 4,144% na véspera.
Na cena local, o IBC-Br, índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou uma variação positiva de apenas 0,01% em novembro ante outubro, frustrando expectativas de economistas que apontavam um acréscimo de 0,1%.
Destaques
Usiminas (USIM5) subia 2,23%, a 8,71 reais, tendo no radar reportagem publicada pelo Estadão de que representantes da indústria siderúrgica devem ser chamados pelo governo na próxima semana para uma nova conversa sobre as reivindicações do setor, que pressiona pelo aumento da taxação do aço importado.
Analistas do Itaú BBA, citando a notícia, afirmaram que um potencial aumento nas tarifas de importação poderia gerar efeitos positivos no poder de fixação de preços das siderúrgicas e a Usiminas seria a mais beneficiada. Eles também veem um impacto benigno para CSN e Gerdau, mas destacaram que ambas estão relativamente menos expostas. CSN (CSNA3) valorizava-se 0,41% e Gerdau (GGBR4) mostrava acréscimo de 1,25%.
Eletrobras (ELET3) subia 2,44%, a 42,04 reais, reagindo após acumular uma queda de 5,6% nos últimos três pregões, apesar de novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera à privatização da elétrica, classificando o processo como “escárnio”. Em paralelo, o índice do setor elétrico na B3 mostrava elevação de 0,3%.
Gol (GOLL4) avançava 1,20%, a 6,72 reais, acompanhada de perto por Azul (AZUL4), que se valorizava 1,19%, a 12,77 reais, também experimentando uma trégua na pressão vendedora, amparadas pela queda do dólar em relação ao real e fraqueza dos preços do petróleo no exterior. Na semana até a véspera, Gol acumulava perda de 12,6% e Azul, de 9,7%.
Natura (NTCO3) caía 3,35%, a 16,14 reais, após anunciar no final da quinta-feira que seu conselho de administração aprovou a deslistagem dos papéis (ADSs representadas por ADRs) da fabricante de cosméticos da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE, na sigla em inglês). A empresa disse esperar que a NYSE suspenda a negociação até 9 de fevereiro.
Analistas do Bradesco BBI destacaram que a decisão está alinhada à estratégia de simplificação da empresa, um dos pilares do processo de integração entre as marcas Natura e Avon. Além disso, afirmaram que isso deve proporcionar uma redução nas despesas da holding, ainda que pequena em relação às suas despesas totais. “Vemos isso como marginalmente positivo para a empresa à luz da sua mensagem e compromisso com os processos de simplificação.”
Hapvida (HAPV3) cedia 3,50%, a 3,86 reais, mais uma vez entre os destaques negativos, apesar da forte queda acumulada nos últimos pregões (-12,28%), com os papéis fechando na véspera com um tombo de quase 7%.
De pano de fundo das negociações, estão notícias sobre bilhões de reais em ações judiciais envolvendo cobertura de tratamentos, erro médico, prazos de cobertura do plano de saúde, entre outros processos de natureza cível. Procurada na véspera pela Reuters, a empresa afirmou que não iria se manifestar.
A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), por sua vez, enviou ampla nota sem citar especificamente a Hapvida, mas destacando a “a importância de se haver segurança jurídica nos contratos firmados entre os beneficiários e as operadoras de planos de saúde, que seguem uma extensa e complexa regulamentação e legislação vigente”.
Vale (VALE3) caía 0,22%, a 68,85 reais, mesmo com nova alta dos futuros do minério de ferro na Ásia, enquanto agentes financeiros continuam monitorando ruídos envolvendo planos do governo para que o ex-ministro Guido Mantega assuma o comando da mineradora.
De acordo com uma fonte palaciana ouvida pela Reuters na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer emplacar Mantega na companhia.
Em paralelo, o ministro de Minas e Energia defendeu as qualificações dele para ocupar um cargo na empresa. Nos 13 pregões deste ano da bolsa paulista até a véspera, as ações da mineradora fecharam em baixa em 12 deles, acumulando no período queda de mais de 10%, equivalente a uma perda da 37,2 bilhões de reais em valor de mercado.
Petrobras (PETR4) avançava 0,24%, a 37,82 reais, tendo como pano de fundo a fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o contrato Brent mostrava variação negativa de 0,03%, a 79,08 dólares o barril. Em discurso na véspera, o presidente da empresa, Jean Paul Prates, disse que a petroleira planeja investir de 6 bilhões de reais a 8 bilhões de reais na ampliação da capacidade de processamento de petróleo da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) para 260 mil barris de barris por dia (bpd) até 2028, ante os atuais 100 mil bpd. A declaração foi feita em cerimônia para marcar a retomada de obras na unidade, em Pernambuco.
No setor, PRIO (PRIO3) cedia 0,2%, enquanto 3R Petroleum (RRRP3) perdia 0,1% e PetroReconcavo (RECV3) mostrava acréscimo de 1,04%, com agentes financeiros ainda repercutindo sugestão de fusão dos ativos onshore de ambas as companhias.
Itaú Unibanco (ITUB4) ganhava 0,37%, a 32,98 reais, enquanto Bradesco (BBDC4) subia 0,45%, a 15,74 reais.