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Dinheirama Entrevista: Leandro Martins, Analista líder em rentabilidade na Bovespa em 2014

by Ricardo Pereira
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Falar que 2014 foi um ano complicado quando o assunto é economia e investimento é “chover no molhado”. Quem acompanha o mínimo sobre o assunto percebeu que o Brasil precisa encarar e ultrapassar muitos obstáculos para voltar a crescer, controlar inflação e etc.

A instabilidade criou um ambiente de mau humor e desconfiança, o que dificultou em muito o desempenho dos profissionais que trabalham com renda variável. Conseguir destaque em um ano como esse é sinal de extrema competência e profissionalismo.

Estas são as características que marcam a personalidade de Leandro Martins, Economista-chefe da Corretora Walpires, líder em rentabilidade em bolsa no ano de 2014 de acordo com ranking do Portal InfoMoney. Até o momento, a carteira sugerida por Leandro alcança rentabilidade acumulada em 2014 de 28,87 (resultado 22,62 p.p. maior do que o Ibovespa).

Conversei com o Leandro sobre o seu trabalho ao longo desse ano. O papo foi muito interessante e o resultado você acompanha a partir de agora:

Leandro, qual sua avaliação em relação ao atual cenário econômico do Brasil? Qual deve ser a postura do pequeno investidor?

Leandro Martins: Falando francamente, o cenário é péssimo, principalmente porque a maior parte das pessoas perdeu a confiança no país nestes últimos anos. A falta de confiança faz com que o mau humor se instaure no mercado e tudo acaba ficando mais difícil.

Olhando para as oportunidades e para os pequenos investidores, vale ressaltar que alguns bancos de menor porte quebraram, e eles ofereciam as melhores taxas para CDB e LCI.  Isso de certa forma atrapalha a oferta de investimentos e concentra as oportunidades nos bancos maiores, que não oferecem rentabilidades tão atraentes.

Com isso, o pequeno investidor tem que primeiro pensar em não perder. Logo, suas escolhas precisam ser mais criteriosas e técnicas. Um cuidado adicional é que devemos ficar muito atentos a golpes que costumam se proliferar em momentos de crise. Recentemente, ouvimos muito falar em empresas disfarçadas de marketing multinível que levaram muita gente a perder dinheiro.

Todo cuidado e pouco, e acompanhar sites de conteúdo criterioso e inteligente como o Dinheirama é fundamental.

Todos os analistas acreditam que 2015 será um ano de grande esforço fiscal e crescimento baixo. Com essa realidade, investir em renda variável será uma alternativa ou o investidor deverá caminhar para renda fixa aproveitando a tendência de juros em alta?

L. M.: Sim, concordo. Para quem ainda não tem experiência na bolsa de valores, uma maior exposição em LFT (título público atrelado à Selic) é uma alternativa muito interessante.

Agora quem tem um bom método para investir em ações, também vejo na bolsa chance de boas oportunidades. Gosto sempre de pontuar que bolsa de valores não é um terreno para amadores, é preciso ter um método antes de colocar dinheiro de verdade.

O brasileiro entra no campeonato de sinuca apostando dinheiro, sem nunca antes ter dado umas tacadas e sem saber se é bom no jogo. O mesmo acontece com algumas pessoas que acreditaram que teriam sucesso na bolsa apenas com a leitura de alguns artigos e cursinhos de poucas horas.

O resultado frustrante acaba se transformando em desserviço para quem trabalha de maneira séria e profissional, pois quem se deu mal saiu do mercado vociferando contra o investimento sem aceitar que o problema foi a pouca experiência e despreparo para investir.

Qual sua opinião sobre a escolha da Presidente Dilma quanto a nova equipe econômica? Os nomes serão suficientes para retomar a confiança do mercado no país?

L. M.: Bons nomes, mas ainda não suficientes. É preciso atitudes significativas para resgatar a confiança, pois tudo piorou nos últimos 4 anos. A confiança nas regras do jogo foi totalmente perdida, o que afugenta demais os investidores internacionais e coloca todos que acompanham o mercado com “a pulga atrás da orelha”.

O maior exemplo do que digo foi o que ocorreu com as empresas do setor elétrico, com as mudanças repentinas dos contratos. Só atitudes concretas e transparentes poderão, ao longo do tempo, construir a ponte que foi destruída.

A sua recomendação de carteira em 2014 é a campeã de rentabilidade até agora. Quais critérios você utilizou para alcançar resultados tão expressivos?

L. M.: Me isolei ao máximo de notícias e fundamentos e segui a Análise Gráfica clássica para assim pegar carona (realmente) no lado mais forte do mercado, sem falsos sinais ou notícias plantadas.

Percebi também a importância de diversificar: fiz isso em cerca de 10 ações, de vários setores, para diluir o risco. Adicionalmente, fiquei de olho no mercado e atento às mudanças de humor e oportunidades que surgiram ao longo do tempo.

Você é um dos melhores professores do país quando o assunto é Análise Técnica. Por aqui também existe a discussão sobre qual tipo de análise é melhor (Técnica X Fundamentalista). Qual sua opinião sobre o assunto? Elas são excludentes ou se completam?

L. M.: Sendo bem sincero, no brasil os fundamentos são muito subjetivos e há muita “enganação” dos investidores. Nesse contexto, notícias e fundamentos ludibriam demais os investidores em ações. Infelizmente, ainda temos muito que evoluir nesse quesito.

Mas também sou daqueles que acredita que as análises técnica e fundamentalista podem ser, sim, complementares. Por exemplo, escolho 10 papéis que acredito ter ótimos fundamentos: Itaú, Brasil Foods, Pão de Açúcar, AmBev, Bradesco, Amil, Saraiva, Embraer, Gol e Eztec. Mas só vou comprar quando o gráfico indicar a compra.

Com isso utilizei as 2 formas de analisar, mas o timing tem que ser identificado na Análise Técnica, também conhecida como Analise Gráfica de ações. Deixo claro que é uma escolha pessoal que ao longo dos anos têm me oferecido ótimos resultados – reconheço e admiro muito analistas especialistas em análise fundamentalista.

No final do ano é normal as pessoas realizarem promessas como “guardar dinheiro” e “aprender a investir”. Se você pudesse fazer dar três conselhos para quem está disposto a se tornar um grande investidor, quais eles seriam?

L. M.: Verdade! Que tal esses conselhos? Emagracer, ganhar dinheiro e fazer voluntariado! Brincadeiras à parte, é fundamental ler muito, testar bastante (e ter calma), criar disciplina e manter a humildade.

Um coaching individual que tenho feito tem dado bastante resultado, além disso existem bons cursos que podem ajudar. Olho vivo na escolha porque tem muito aproveitador no mercado também.

Leandro, muito obrigado pela disponibilidade. Por favor, deixe uma mensagem final para os leitores do Dinheirama que já acompanham seu trabalho e querem saber mais sobre você.

L. M.: Agradeço muito a oportunidade. Acompanho sempre os artigos do Dinheirama. Quem quer conhecer um pouco mais do meu trabalho pode clicar aqui e falar comigo no Facebook. Desejo um ótimo 2015 para todos e que juntos consigamos superar as dificuldades e aproveitar às oportunidades que o Brasil oferece. Grande abraço.

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