O dólar (USDBRL) tinha alta frente ao real nesta sexta-feira, em linha com movimento de cautela externo, conforme investidores continuavam repercutindo dados fortes dos Estados Unidos e também no aguardo de falas de autoridades do Federal Reserve.
Às 10h30 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,28%, a 4,9936 reais na venda, depois de mais cedo ter superado os 5 reais. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a 5,002 reais na venda.
“O dólar está em alta globalmente, e a situação não é diferente em relação ao real brasileiro, onde a valorização é um pouco mais consistente”, disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
Nesta manhã, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,28%, a 104,280.
“Investidores estão à procura de orientações nos discursos dos representantes dos bancos centrais, enquanto aguardam a divulgação das atas das últimas decisões de política monetária, nas quais poderemos obter uma compreensão mais clara dos motivos por trás da última decisão e das perspectivas futuras.”
Em fala nesta sexta-feira, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, não fez quaisquer comentários sobre as perspectivas para as taxas de juros, de forma que o foco passava a outras autoridades do banco central que falarão ao longo da sessão: o vice-chair, Philip Jefferson; o vice-chair para supervisão, Michael Barr; o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic; e a diretora Michelle Bowman.
Na véspera, o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o número de pessoas que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na semana passada, sugerindo que o crescimento do emprego permaneceu forte em março. Ao mesmo tempo, dados de PMI mostraram que a atividade empresarial dos Estados Unidos manteve-se estável em março, mas os preços aumentaram de forma generalizada, sugerindo que a inflação pode permanecer elevada.
“Estes números sinalizam a força da economia americana”, disse a Levante Investimentos em nota a clientes.
“O receio quanto à resiliência da inflação nos Estados Unidos tem levado à compressão do diferencial de juros com o Brasil, o que contribui para aumentar a percepção de que talvez os juros no Brasil fiquem mais altos do que o esperado, pelo menos no curto prazo”, completou a Levante, acrescentando que, nesse cenário contraditório, a volatilidade tende a aumentar nos próximos meses.
No Brasil, o Banco Central decidiu na quarta-feira fazer uma nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio.
A maior cautela do Copom confirma que não há possibilidade de a taxa Selic terminal ficar abaixo do atualmente projetado pelos mercados –algo que seria prejudicial para o real.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista avançou 0,11%, a 4,9797 reais na venda.