O dólar (USDBRL) tinha queda frente ao real nesta terça-feira, estendendo movimento da véspera em meio a nova alta do minério de ferro, enquanto investidores aguardavam dados de inflação norte-americanos na quarta, que podem influenciar a decisão do Federal Reserve sobre quando cortar os juros.
Às 10h20 (de Brasília), dólar à vista caía 0,46%, a 5,0089 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,35%, a 5,019 reais.
Sustentando a moeda brasileira, os contratos futuros do minério de ferro ampliaram os ganhos pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira, sustentados por esperanças crescentes de melhora na demanda da China, maior mercado consumidor do produto, nas próximas semanas.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 5,0320 reais na venda, em baixa de 0,65%, movimento que já havia refletido o salto do minério, commodity chave na pauta de exportação brasileira.
“O preço do minério de ferro trouxe impacto positivo para a Vale, que se valorizou mais de 5% e empurrou o Ibovespa como um todo (na véspera)”, explicou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Segundo ele, “essa maior atratividade do mercado de capitais beneficia nosso fluxo estrangeiro”, apoiando o real.
Enquanto isso, “na véspera da divulgação dos dados norte-americanos de inflação ao consumidor de março e da ata da última reunião de política monetária do Fed, investidores seguem atentos a sinais de quando o ciclo de cortes de juros nos EUA poderá ter início, após os dados de mercado de trabalho renovarem incertezas sobre esse processo”, disse o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco em relatório a clientes.
A expectativa é de que o relatório de inflação dos EUA mostre uma inflação de 3,4% na base anual, de 3,2% em fevereiro.
Qualquer surpresa para cima deve impulsionar o dólar ao reduzir ainda mais as expectativas de cortes de juros para este ano.
As apostas atuais de um afrouxamento de cerca de 60 pontos-base ao longo de 2024 são as mais baixas desde outubro, de acordo com dados do LSEG, em comparação com os cerca de 150 pontos que foram precificados no início de 2024.
Quanto mais tarde o Fed cortar os juros, pior para o real, já que o diferencial de rendimento entre Brasil e EUA ficaria menor por mais tempo, reduzindo a atratividade do mercado de renda fixa doméstico, já que os ativos norte-americanos são muito seguros e estão oferecendo retornos consideráveis.