A Mitsui anunciou nesta quarta-feira a criação de uma joint venture com a brasileira Geo para construção e operação de plantas de produção de biogás e biometano no Brasil, em parceria que visa diversificar o fornecimento doméstico de gás com alternativas renováveis.
Batizada de GeoMit, a nova empresa utilizará resíduos orgânicos da cana-de-açúcar, como a vinhaça, para a produção de gases renováveis que despontam como substitutos do gás natural (fóssil) no processo de transição energética.
Esses insumos serão garantidos por meio de parcerias com produtores da biomassa, matéria-prima que tem atraído cada vez mais investidores à medida que empresas buscam sistemas produtivos e geração de energia menos poluentes. O Brasil é o maior produtor global de cana-de-açúcar, e o Estado de São Paulo, principal consumidor de energia no país, é também líder no setor sucroalcooleiro.
O anúncio não traz estimativa de investimentos no projeto, volume de produção projetado ou localização das plantas, mas as empresas afirmam que as unidades ficarão próximas de centros de consumo.
O acordo envolve a Mitsui Gás, braço do grupo japonês que atua na distribuição de gás natural no Brasil como acionista direto e indireto de 13 concessionárias, e a Geo bio gas&carbon, uma provedora de tecnologias para produção de hidrocarbonetos verdes.
“A colaboração entre a vasta experiência da Mitsui Gás em distribuição de gás e a tecnologia de produção de biogás e a experiência operacional em plantas da Geo… garantem a geração e fornecimento confiável de gás renovável durante todo o ano”, disseram as empresas.
A Geo já investiu 450 milhões de reais em biogás e tem hoje quatro plantas operacionais nos Estados do Paraná e São Paulo.
A empresa, que detém processo proprietário único para produção do combustível, tem parcerias com companhias sucroalcooleiras como Raízen e Cocal –no projeto da Cocal, o biometano é distribuído a clientes do interior paulista em parceria com a GasBrasiliano.
O negócio assinado entre as empresas ocorre em meio à aposta de empreendedores no potencial ainda subexplorado do agronegócio brasileiro para projetos de biogás e biometano de grande escala.
Nesta quarta-feira, a Atvos, uma das maiores processadoras de cana-de-açúcar do Brasil, anunciou investimentos de 350 milhões de reais na construção de sua primeira unidade de biometano no Mato Grosso do Sul.
O segmento vem atraindo ainda empresas como a Orizon, de valorização de resíduos em aterros sanitários, que também fornecem biomassa para produção de biogás; e elétricas como a Energisa, que buscam fornecer soluções energéticas sustentáveis a seu portfólio de clientes.