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Quanto dinheiro preciso para começar a investir? (parte 2)

by Criando Riqueza
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Na parte I deste texto (clique aqui para ver), mostramos que é possível investir com pouco dinheiro através dos Títulos Públicos, que apresentam rentabilidades acima da inflação (ao contrário da poupança).

Agora vamos analisar quanto de dinheiro precisamos para investir em outros tipos de ativos, como ações, fundos imobiliários, dólar e também em planos de previdência.

Ações

Não existe valor mínimo para investir em ações, pois é possível comprar ações com valores bem baixos no mercado fracionário (com menos de R$ 30). Mas alguns aspectos atrapalham os pequenos investidores. Assim, apresentamos dois critérios objetivos que ajudam o investidor (por mais iniciante que seja) a fazer suas próprias análises.

1. Custos de transação e custódia

Eles variam de corretora por corretora e podem comprometer substancialmente os retornos.

A taxa de corretagem é cobrada pela corretora nas ordens de compra e venda das ações e geralmente são fixas em operações executadas pelo home broker (plataforma online da corretora), ou seja, independem do valor. Corretoras baratas cobram em torno de R$ 10 por ordem. Já a taxa de custódia é cobrada mensalmente do investidor que possui ações, opções, fundos imobiliários ou ETFs em custódia. Corretoras baratas costumam cobrar em torno de R$ 10 ao mês e algumas isentam a taxa dependendo da quantidade de operações no mês.

Supondo que sua corretora cobre R$ 10 por ordem de compra e outros R$ 10 por ordem de venda, já são R$ 20 de custos para entrar e sair de uma ação. Nesse contexto, pense que ao aplicar cerca de R$ 2.000,00 você irá deixar 1% na mão da corretora. Consideramos um valor alto, mas veja que esse 1% não invalida um investimento que pode vir a render 10% ou até 100% a longo prazo; mas é algo que precisamos analisar.

Se você pode aproveitar ganhos de escala, aproveite. Assim, caso comece com R$ 2.500,00, quando conseguir investir mais em ações terá o efeito da taxa de custódia diluído por um montante maior aplicado (ex: R$ 10 de taxa de custódia para um valor investido em ações de R$ 2.500,00 representa 0,4% ao mês, já para R$ 10 mil representa apenas 0,1%).

2. Lote padrão de negociação

O lote padrão é composto por 100 ações, e  possui muito mais liquidez que o mercado fracionário (quantidades menores do que 100 ações), pois existe uma quantidade maior de compradores e vendedores. Assim, há maiores chances de se conseguir preços melhores negociando o lote padrão. Graças aos custos de transação, e também à liquidez do mercado, é melhor comprar ações em lotes múltiplos de 100.

Para o pequeno investidor de ações que não conseguir diversificar sua carteira com pelo menos 4 ações de empresas diferentes no lote padrão, uma solução pode ser o investimento em BOVA11. Por ser um ETF (Exchange Traded Funds), que são fundos de índices negociados na bolsa, o seu lote padrão é de apenas 10 cotas. Quando escrevo este texto, o preço de BOVA11 (Fundo do índice Ibovespa) está em torno de R$ 45,00, sendo possível negociar múltiplos de apenas R$ 450 no lote padrão. Como o fundo tem em sua carteira as empresas de maior representatividade da Bolsa (mais de 60) seu risco é menor do que o de comprar papéis de apenas uma empresa. Ganhamos com a “diversificação”.

Observação sobre ETF: Esta é a sigla de “Exchange Traded Funds”, que são fundos de índices negociados na bolsa. Ou seja, um fundo de investimento que investe em um índice de ações. Por exemplo, ao investir no BOVA11, você está investindo em um ETF que investe nas ações que compõem o índice Ibovespa. Dessa forma, terá investido em várias ações sem precisar comprar lotes de cada uma delas.

Fundos Imobiliários

Nos Fundos Imobiliários também incidem as taxas de corretagem e custódia que se aplicam as ações. Por isso, de igual forma, recomendamos investimentos acima de R$ 2.500,00.

Nos chamados FIIs, apesar de o preço da cota ser geralmente maior que o preço das ações, o lote padrão de negociação é de apenas uma cota. Assim, não há necessidade de compra em múltiplos de 100. Você pode comprar por exemplo 25 cotas de um fundo imobiliário cuja cota vale R$ 100.

Dólar

Para o investimento em dólar, recomendamos aplicações via fundos cambiais. Entendemos que este é o caminho mais fácil, mais prático e mais seguro do que a compra do dinheiro em espécie, via corretoras de câmbio, ou compra dos chamados contratos futuros na BM&F.

Por meio de corretoras de valores independentes você poderá ter acesso à fundos cambias que exigem apenas R$ 1.000,00 de investimento inicial e que cobram taxas de administração menores que os fundos cambiais dos grandes bancos. Consideramos 1% ao ano (ou menos) uma taxa adequada para o fundo cambial.

Você pode também comprar papel moeda, mas se atente ao valor cobrado pela corretora de câmbio e pesquise em mais de uma casa, para evitar pagar um spread (diferença de valor) muito alto para o dólar comercial do dia.

A compra de dólares funciona como instrumento de diversificação e proteção da carteira contra uma eventual (e possível) deterioração adicional da economia brasileira, além da continuidade do aumento dos juros nos Estados Unidos (que já se iniciou). A posição em moeda norte-americana pode ser de até 10% da totalidade dos seus investimentos.

Previdência

Os planos de previdência geralmente possuem custos maiores que os outros tipos de aplicações, pois além da remuneração da administradora do fundo há a remuneração da seguradora, o que acaba afetando o retorno do investimento.

Os planos de previdência investem através de fundos de investimento, que podem ser de renda fixa ou multimercado (com no máximo 49% do patrimônio em renda variável). Por isso, há cobrança da taxa de administração do fundo e também podem ser cobradas as famosas (e detestáveis) taxas de carregamento, que incidem sobre as contribuições na entrada, na saída ou portabilidade do plano.

Dessa forma, recomendamos um investimento inicial acima de R$ 30 mil, pois com valores baixos nos grandes bancos (BB, Caixa, Bradesco e Itaú) você pagará taxas muito altas que afetarão diretamente os resultados de seu investimento.

Por exemplo, analisando o site do Itaú, se você optar pelo “Itaú VGBL Proteção Familiar”, de aplicação inicial mínima de R$ 70 e que investe em um fundo de renda fixa, a taxa de administração cobrada será de 3% ao ano (muuuuuito maior que a taxa de 0,3% do Tesouro Direto). A taxa de administração alta afeta bastante a rentabilidade. Esse fundo gerou retorno de apenas 72% do CDI nos últimos 12 meses, bem abaixo dos 97,9% do CDI que conseguiria aproximadamente no Tesouro Selic.

Isso sem contar a taxa de carregamento do VGBL cobrada na entrada, que para valores abaixo de R$ 9.999,99 é de 3,5%. Ou seja, se você aplicou R$ 100, na verdade apenas R$ 96,50 vão ser investidos no fundo.

Saiba mais: Veja como investir no Tesouro Direto e fique rico a cada dia

Por isso, sugerimos o seguinte: se optar por um plano de previdência, faça o investimento em um plano corporativo (caso a empresa onde você trabalha ofereça essa opção). Será melhor ainda se a empresa também contribuir com uma parte, pois em planos coletivos a empresa consegue negociar taxas bem melhores ao seu grupo de funcionários.

Caso você não tenha acesso à um plano de previdência corporativo e mesmo assim opte pela previdência, sugerimos investir via uma seguradora independente, pois você conseguirá acesso a um fundo de renda fixa que cobra taxa de administração de 1% a.a.  Além disso, terá acesso a fundos de diversas gestoras. Para comparar, pesquisamos no site do Itaú e para ter acesso à um fundo de renda fixa com taxa de administração de 1% ao ano, o “Itaú Uniclass VGBL Premium RF”, é necessário aplicação inicial de R$ 750 mil (sim, você leu certo: setecentos e cinquenta mil reais) e tem oferecido retorno próximo de 91% do CDI nós últimos anos.

Voltando a comparar com o Tesouro Selic, que você compra com cerca de R$ 75,00, como mostramos na parte 1 deste texto, a diferença na rentabilidade ainda é muito favorável ao Tesouro Selic, que você pode adquirir pagando taxa de somente 0,3% ao ano.

Finalizando, a previdência possui alguns benefícios, como:

  • Imposto de renda de apenas 10%, para aplicações de mais de 10 anos, no regime tributário regressivo;
  • Possibilidade de dedução de IR (até 12% da renda bruta anual) com PGBL na declaração completa do imposto de renda;
  • Isenção de come-cotas;
  • Na sucessão: facilidade de transmissão aos beneficiários, pois a aplicação não entra em inventário e pode em alguns casos evitar o pagamento de ITCMD (imposto sobre herança);
  • Proteção patrimonial: o cotista do fundo não é o cliente final.

Espero que você tenha gostado!

Antes de encerrar, saiba que caso opte por investimentos em renda variável (se essa opção for adequada ao seu perfil), utilize uma pequena parte de seu patrimônio para esta finalidade. Dizemos isso porque com a alta taxa de juros que temos no Brasil hoje (Selic a 14,25% ao ano), é possível obter ótimos retornos sem correr tantos riscos. Portanto tenha maior exposição à renda fixa (no mínimo 80% da carteira) e aproveite! Clique aqui e saiba mais sobre o Tesouro Direto.

Até a próxima!

Nota: Esta coluna é mantida pela Empiricus, que contribui para que os leitores do Dinheirama possam ter acesso a conteúdo gratuito de qualidade.

Foto: “Brazilian money”, Shutterstock.

 

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