Home Mercados Adeus! Netflix, será o começo do seu fim?

Adeus! Netflix, será o começo do seu fim?

by João Gabriel Chebante
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A faculdade não ensina – confesso que foi mais um aprendizado dos últimos dois anos gerando estratégias para empresas do segmento financeiro. Mas uma das máximas que aprendi ao ver movimentações de empresas ao longo de quase 13 anos de experiência, inclusive sendo coadjuvante de fusões e aquisições, é que o capitalismo vive de ciclos de implosão e explosão.

Talvez a maioria não compreenda de cara, então aqui vai uma explicação bem lúdica: entendam como explosão a constituição de empresas que mudam a característica de um setor, ou mesmo criam novos segmentos da economia. Pesquiso hoje para um cliente que desenvolve soluções para o mercado de bioplásticos, em franca expansão de participantes frente a um oligopólio de grandes organizações que desenvolvem plásticos a partir do petróleo. Isso muda um mercado, assim como os aplicativos-plataforma de transporte urbano, como Uber e 99 que “liquidaram” as cooperativas de taxis e motoristas mundo afora.

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O problema é que não raro o mercado não suporta a quantidade ou o porte dos novos entrantes. O lucro ou a expansão do consumo disponível em certos segmentos não sustenta um grande número de competidores. Um dos casos mais notórios é são os food trucks: depois da explosão de veículos em 2014, hoje estima-se que metade dos empreendedores quebraram ou partiram para outras atividades, deixando uma frota numerosa de carros transformados parada ou com capacidade ociosa.

A concentração no setor bancário brasileiro

Quanto o segmento da economia é formado por empresas mais parrudas, ou a barreira de entrada é mais alta, a tendência é de consolidação – a famosa fusão & aquisição de empresas.

O segmento bancário brasileiro é notório neste sentido: as 5 maiores instituições detêm mais de 70% de todo o giro financeiro da população. A disponibilidade em caixa e as potenciais sinergias são as responsáveis por tal movimentação, que com alguma mudança brusca de macro ou microambiente gera novo movimento de explosão de novos competidores – porque vocês acham que os bancos estão de olho no segmento de fintechs, que no Brasil é um dos 5 principais do planeta?

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Neste sentido, duas notícias me chamaram a atenção nas últimas semanas: o fato da Disney declarar que vai abrir seu próprio serviço de streaming de vídeos em breve, abrindo mão da plataforma da Netflix para disponibilizar seu portfólio nos EUA e a suposta procura por parte da Amazon e da Apple pelos direitos de produção e distribuição da saga 007. Ambas, assim como o Facebook, já possuem provisões de US$ 1 bilhão para conteúdo próprio para 2018, o que mostra que temos uma forte competição pelo seu tempo, leitor, ocioso a procura de filmes, séries e documentários.

Os desafios da Netflix

Neste sentido, nenhum elo é mais fraco que o da Netflix: ainda que seja a líder do mercado no segmento, não possui a estrutura de unidades de negócios, lucro e mesmo caixa que seus novos competidores diretos, como Apple, Disney, HBO, Amazon e a gora Facebook – destas apenas uma vive como ela exclusivamente do conteúdo. Pensando que o mercado não comporta tamanha quantidade de plataformas (você pagaria pelo serviços de todas, ao mesmo tempo?) não vejo outro caminho que a consolidação a médio prazo destes projetos.

E neste sentido o Netflix é a “noiva cobiçada” do setor. Cairia como uma luva para Apple e Facebook, que não possuem projetos sustentados neste segmento. Traria uma notória liderança para HBO e Amazon, que não entram em novos mercados para ser mero figurante. E complementaria o portfólio de quem vislumbro como principal interessado futuro numa sinergia: a Disney poderia agregar portfólios bem como canais para evoluir seu modelo de streaming de conteúdos que vão dos filmes ao noticiário e esportes, virando uma completa alternativa à TV a Cabo nos EUA e globalmente.

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Por cerca de US$ 60 bilhões a Netflix é de uma delas; Apple e Amazon podem comprar com o vultoso caixa que possuem, a medida que as demais precisariam realizar uma fusão de ativos que colocaria Reed Hastings – fundador da empresa – como um dos principais acionistas individuais. Quem não gostaria de ter um profissional que explodiu seu mercado de atuação no movimento posterior de consolidação/implosão?

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