São 50 milhões de cães e 22 milhões de gatos no Brasil, todos parte de um segmento que gera cerca de R$ 19 bilhões anuais e que cresceu 7% do ano passado para cá. São produtos alimentícios, de saúde, moda, brinquedos e, naturalmente, a publicidade, que também acaba querendo contar com modelos pet visando despertar a empatia do consumidor. É dentro deste cenário que Deborah Zeigelboim trabalha com a agência Pet Model Brasil.
Formada em Rádio TV, com ampla experiência em produções e amante de animais, Deborah resolveu unir a experiência com a paixão para oferecer algo que trouxesse profissionalismo aliado a uma preocupação de bem-estar com os animais que participam de projetos publicitários. Em 2009, quando criou a agência, os números do mercado pet ainda não eram tão vistosos, mas havia demanda e, segundo ela, a necessidade de profissionalizar era latente.
Neste ano, a Pet Model Brasil, que conta com cerca de 700 animais cadastrados (entre cães, gatos, aves e até um búfalo, que podem chegar a ganhar cachê de até R$ 2.500), ganhou um espaço físico, uma casa de 1.700 metros no Jardim Paulista, em São Paulo, onde ela recebeu o Dinheirama para falar um pouco sobre o funcionamento do negócio, seus planos empreendedores e cuidados com os animais.
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Como surgiu a ideia de criar uma agência de modelos Pet e quais os diferenciais que a Pet Model Brasil oferece?
Deborah Zeigelboim: A ideia veio de Londres para suprir uma demanda que encontrei aqui. Sempre gostei de animais e fiquei 9 anos morando fora. Quando voltei ao Brasil, comecei a trabalhar em produtoras em Curitiba. Volta e meia entravam jobs que solicitavam cães e gatos e percebi que havia muito amadorismo. Os animais eram encontrados por indicação e não havia fiscalização, nem para garantir que seriam bem tratados. A partir daí pensei em criar uma agência que atingisse o Brasil todos através de parcerias e que checasse tudo para oferecer segurança e profissionalismo, tanto para o cliente quanto para os tutores e seus animais.
Vocês têm uma plataforma virtual na qual é possível a qualquer tutor inscrever o seu animal. Como funciona?
D.Z.: O site foi feito para funcionar de forma autônoma. Não somos uma rede social, somos uma agência. Desta forma, o tutor se cadastra preenchendo os dados e inserindo fotos e vídeo do seu animal e depois o material passa por uma curadoria. Olhamos se tudo está adequado, comprovamos se o animal é treinado ou não, e fazemos um trabalho de pré-produção para garantir que está tudo bem, que o animal realmente sabe fazer determinado truque ou, ainda, sugerimos alguns cursos e treinamentos se necessário. Para manter o animal cadastrado o tutor paga uma taxa anual de R$ 60.
Você estava explicando que garantir o bem-estar do animal em uma campanha publicitária ou algo do tipo é uma das premissas da agência. Como fazem isso?
D.Z.: Nós temos uma cartilha e algumas coisas garantidas em contrato. Um cachorro não pode passar mais de 6 horas no ambiente de trabalho por exemplo. Entendemos que é como uma criança de 3 anos de idade que é levada pelos pais para fazer publicidade. Ele não sabe porque está lá e depois de determinado tempo começa a ficar cansado. Nós orientamos o tutor e o cliente sobre os cuidados necessários, pedimos um ambiente separado para ele nas produções e garantimos que o animal estará em segurança.
Também evitamos trabalhos em emissoras, queremos trabalhos rápidos que não estressem o animal. É claro que não dá para agradar a todos. Temos parcerias com ONGs que entendem e elogiam o nosso trabalho, mas outras acham que exploramos. O fato é que sempre haverá produções com animais e resolvemos tomar a frente para garantir a segurança e o bem-estar deles, além de levar educação para os clientes, profissionais da área e tutores através de cursos.
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E como vocês conseguem garantir esses cuidados nos casos das parcerias que têm pelo Brasil todo?
D.Z.: Quando abri a agência, pensei que ela deveria atender todos os lugares que não contam com algo do tipo, por isso tive que ir atrás de parceiros e a busca é contínua. Nós procuramos parceiros que sejam adequados, visitamos Fazendas, Haras para ver como é o tratamento dado aos animais, como seria o transporte caso um animal fosse aprovado para publicidade, e etc. Checamos todos os passos para oferecer algo seguro e profissional, estabelecemos contato contínuo com os parceiros que estarão presentes em uma filmagem por exemplo. Não pensamos somente em retorno financeiro. Cuidamos também da parte burocrática caso um animal precise viajar para fora do Brasil.
Vocês também têm um projeto que ajuda a conseguir doações para animais abandonados. Pode contar um pouco sobre ele?
D.Z.: Nós fizemos um projeto com a Tombalatas, ONG de Curitiba que é nossa parceira. Me mandaram uma lista dos animais que estavam há mais tempo por lá, além dos filhotes, e levamos para um estúdio parceiro para fotografar. Tivemos a ajuda da Petland com banho e acessórios também. Depois disparamos releases para vários veículos, colocamos as fotos e a história de cada animal no site, e o resultado foi muito bom. Todos foram adotados. Pretendemos fazer isso de novo em breve.
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Existe uma média de trabalhos por mês? Ou um perfil específico?
D.Z.: Varia muito. Já são mais de 60 campanhas para marcas como Itaú, Shopping Villa Lobos, Net e outras. Em alguns meses fazemos 6, 7 trabalhos por mês. Em outros fazemos 2. No fim de ano costuma ter muito. Entre os principais trabalhos da Pet Model Brasil estão campanhas publicitárias para meios off-line, curtas-metragens, filmes publicitários, eventos, ações corporativas, produções independentes e fotografias. Todas as espécies de animais e raças são bem-vindas. Não é essencial que o pet saiba truques ou comandos, porém, se ele tiver essas aptidões é sempre mais fácil de agenciar um animal adestrado. Animais silvestres deverão ter uma autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente ou órgãos similares.
Você pode falar um pouco sobre o modelo de negócios? De onde vem as receitas?
D.Z.: Além das mensalidades dos cadastrados e dos trabalhos publicitários em si, temos os cursos e atividades em geral e o uso do espaço físico de formas diversas.
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A agência já tem alguns anos de funcionamento e somente neste ano houve a abertura de um espaço físico. Esta decisão teve diretamente a ver com os planos de expansão de atividades?
D.Z.: Sim, o espaço físico foi uma necessidade para ampliarmos algumas atividades. Oferecemos a parte de booking de animais com área para estúdio fotográfico, salas para cursos e palestras, treinamentos para tutores, profissionais e parceiros para padronizar algumas coisas, e etc. Também pensamos em fazer feiras de adoção futuramente.