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Dinheirama Entrevista: Gustavo Caetano, fundador e CEO da Sambatech

by Janaína Gimael
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Ele é considerado uma das mentes mais inovadoras do País. É um dos grandes influenciadores do mundo das startups e também está na lista das personalidades que merecem ser obrigatoriamente seguidas no Linkedin. O site Business Insider, um dos maiores dos Estados Unidos especializados em negócios, chegou, acreditem, a considerá-lo uma espécie de Mark Zuckerberg. Estamos falando de Gustavo Caetano, empreendedor, fundador e CEO da Sambatech e autor do livro Pense Simples.

Ele que, apesar dos tantos adjetivos positivos que recebe o tempo todo, também se mostra alguém extremamente simples e disponível, que atendeu prontamente o convite do Dinheirama para contar um pouco mais sobre si mesmo, ideias e projetos. “Inove ou morra tentando. Quando se quer alguma coisa que não existe é porque tem demanda e possivelmente um mercado. Não acredite no ‘sempre foi assim’. Às vezes é preciso inovar e o mudar o rumo do seu negócio para continuar crescendo”, sugere.

Confira o papo e inspire-se!

Você poderia contar um pouquinho de sua história e trajetória até começar a empreender? Houve pessoas que te influenciaram neste caminho?

Gustavo Caetano:  Minha história de empreendedorismo começou antes da faculdade, mesmo sem saber ao certo o que significava. Era fascinado pelo mundo hacker e, com 17 anos, fiz um website chamado Hacker News Brasil com notícias atualizadas dos sites que eu tinha hackeado. Escrevíamos sobre tecnologia, segurança, vírus e ataques de hackers. O conteúdo era relevante e, como pouquíssimas pessoas se arriscavam a falar sobre esse assunto, conseguimos nos afiliar à Hacker News Americana, o que nos rendeu uma boa repercussão na mídia. Por alguns problemas na época, tive que fechar o site para não ter complicações futuras.

Na verdade, o que eu sempre quis era entrar na Escola Superior de Guerra, mas lá é um lugar que só aceita militares. Não era nem de longe um exemplo de criança. Causei problemas. Não sei por que, mas eu nunca gostei de seguir as regras, de fazer mais do mesmo. Nasci em uma cidade pequena, Araguari (MG), e me formei na ESPM do Rio de Janeiro.

Nunca fui de ficar parado, esperar a vida passar, por isso comecei a fazer estágio na empresa que meu pai trabalhava – uma gigante no ramo de seguros de saúde. Era o sonho dele. Durante esse período eu ficava extremamente incomodado com a burocracia e estrutura interna engessada. Era jovem e minha cabeça borbulhava de ideias, queria contá-las para alguém, fazer algo de valor. Só que minhas ideias ou eram abortadas ou nem chegavam a ser ouvidas. Hoje, vejo que o fato de querer agradar e orgulhar meu pai foi essencial para que pudesse sair da zona de conforto e lutar pelo meu objetivo de vida: trabalhar num negócio em que em pudesse expor minhas ideias e em que pudesse me divertir. A solução que encontrei foi abrir o meu negócio com uma cultura interna diferenciada.

Também nunca planejei ser empreendedor. O “clique” que me fez montar a empresa veio de uma oportunidade que enxerguei em 2004. Sempre fui fanático por tecnologia e por isso resolvi comprar um celular top de linha da época. Como minha rotina era uma ponte área BH-Rio-Araguari, passava muito tempo em terminais rodoviários e aeroportos. Num desses dias, esperando por um voo tentei conectar na internet – WAP, naquela época 3G nem existia – e baixar um game para passar o tempo. Não consegui. Isso me fez lembrar o que estava aprendendo na faculdade: Quando se quer alguma coisa que não existe é porque tem demanda e possivelmente um mercado. Voltei para casa e pesquisei sobre o assunto.

Para minha surpresa games mobile também eram novidade nos EUA, mas na Europa esse mercado estava “esquentando”. Ainda no calor do momento tomei minha decisão: abordar umas das desenvolvedoras de jogos para ser seu reseller local. Não tinha nem ideia de como faria isso. Mandei e-mails para mais de 10 companhias e uma me respondeu dizendo que iria se reunir comigo, desde que eu levasse um Plano de Negócios. Com 22 anos nas costas e o conhecimento da faculdade criei um com o que tinha aprendido e viajei para Londres para apresentar a ideia. E deu certo.

Voltei para o Brasil e fui contar para o meu pai a novidade. Mesmo contrariado ele me parabenizou e me fez uma das perguntas mais difíceis que tive que encarar “Com que dinheiro você vai abrir sua empresa?”. Sem muito pensar respondi “É aí que você entra, me apresenta um cara rico?”. Foi aí que ele me apresentou Almir Gentil, o “Big Boss”. Almir é médico de formação, foi diretor de Marketing por oito anos da Unimed do Brasil e tem faro para negócios. Vendi meu sonho, ele e meu pai compraram. Com o capital Anjo de US$ 100 mil a Samba saiu do papel e pôde virar, na época, a Samba Mobile.

A Sambatech já chegou a ser considerada um dos negócios mais inovadores do mundo e você também já foi eleito uma das mentes mais inovadoras do país. O que é inovação para você e de onde vêm as suas ideias para inovar?

G.C.: O DNA da Samba é de inovação, sempre. Nosso time é composto por pessoas que desejam sempre melhorar, aprimorar processos, facilitar a vida dos usuários e implementar novas soluções para problemas já existentes.

Acredito que a inovação deve acontecer de forma simples. Todos os dias encontramos problemas que podem ser resolvidos de uma forma diferente, e são essas oportunidades que devem ser aproveitadas, pois numa dessas, você pode encontrar uma necessidade real do mercado e transformar a sua ideia num negócio.

Em uma entrevista, você disse que a diversão te leva a fazer coisas cada vez maiores e melhores, certo? Neste caso, você considera fundamental a pessoa gostar do que faz para fazer direito?

Eu sempre digo que você não deve trabalhar somente pelo dinheiro. É preciso seguir os seus valores, construir uma imagem baseada naquilo que você acredita. Só assim as pessoas verão verdade em você e no posicionamento do seu produto ou serviço. A Samba Tech representa aquilo que eu sou e eu dividi esse sonho com várias pessoas que também acreditam nele.

Você já disse também que não segue a manada, procura ir do lado oposto ao que todo mundo está indo. É preciso coragem para agir assim? Como encorajar as pessoas a serem mais corajosas no mundo de hoje?

G.C.:A tendência das pessoas é buscar ou fazer aquilo que a maioria faz. Isso te deixa confortável e socialmente aceito ao tomar uma decisão. Porém, as grandes inovações geralmente não acontecem de forma linear, elas são disruptivas. O que eu quero dizer com isso é que há 50 anos, todos nós imaginávamos que hoje cada pessoa teria o seu carro voador, e pode ser que isso nunca aconteça e uma nova tecnologia substitua os carros.

Gosto de pensar dessa forma exatamente para dar novos passos e chegar onde ninguém ainda chegou. Quem quer chegar a um lugar diferente, precisa pensar de forma diferente, assumir alguns riscos e ser capaz de impactar positivamente a vida das pessoas.

Você começou a empreender muito cedo e começou a estimular o empreendedorismo como causa. Se pudesse dar um único conselho a quem está empreendendo hoje, qual seria?

G.C.: Inove ou morra tentando. Quando se quer alguma coisa que não existe é porque tem demanda e possivelmente um mercado. Não acredite no ‘sempre foi assim’. Às vezes é preciso inovar e mudar o rumo do seu negócio para continuar crescendo.

Qual o papel do networking e das parcerias para você? Quem você escolhe para trabalhar no seu time?

G.C.: A Samba é muito mais do que um emprego. Nós compartilhamos um ideal de trabalho. Aliamos um ambiente descontraído à produtividade e excelentes resultados. Proporcionamos aos colaboradores a oportunidade de crescer junto com a empresa, aprender coisas novas todos os dias e superar desafios. Aqui, todo dia é diferente, nunca estamos fazendo a mesma coisa. Reconhecemos as pessoas com meritocracia. Isso motiva muita gente e atrai os melhores profissionais, que são aqueles que não trabalham só pelo dinheiro, mas por algo maior.

Desde o princípio, acreditei que, para construir algo grande, eu precisava de pessoas que estivessem dispostas a sonhar junto comigo. E é dessa forma que eu quero chegar cada vez mais longe.

Você contou em um vídeo que foi vender joguinhos para celular batendo de porta em porta das operadoras mesmo sem entender muito bem sobre o mercado, certo? E aí percebeu que seria preciso educar e quebrar paradigmas para conseguir resultados melhores. Um dos grandes desafios que as startups têm é exatamente essa quebra de paradigmas. Existe receita para fazer isso?

G.C.: Não acredito que tenha receita para isso, mas procuro sempre dizer: “Faça acontecer, depois aprimore”. Você pode ter uma ideia de produto que vai mudar o mundo, mas se você não testá-la no mercado, ela continuará sendo somente uma ideia. Por isso, é importante colocar o seu produto no mercado e colher feedbacks dos potenciais clientes.

Um dos mantras do Google diz que se você não falha é porque não está se movendo rápido o bastante. Essa frase revela uma das principais características que um negócio deve ter: “Fail fast and cheap”. Ou seja, se existe uma maneira ideal para falhar, ela deve ser rápida e barata. Se demorar uma eternidade para colocar o seu produto no mercado e, só depois de muito investimento e desenvolvimento, descobrir que as pessoas não querem ou não precisam dele, você terá gasto muito dinheiro e frustrado as pessoas que acreditaram no seu sonho.

Portanto, só se quebra paradigmas colocando as ideias em prática, testando e evoluindo o seu negócio a cada feedback.

Você está na “lista” das pessoas que deveriam ser seguidas no Linkedin. Você acredita no poder das redes sociais para alavancar pessoas e projetos de forma geral? Dá para usá-las de uma forma que seja mais positiva? Como?

G.C.: Pra mim, é uma honra fazer parte desse seleto grupo no Linkedin. Acredito que a inovação é capaz de mudar o mundo e transformar a vida das pessoas para melhor. As redes sociais permitem que eu compartilhe meu sonho com milhares de pessoas e o meu objetivo com isso é que todos que leem o meu conteúdo possam tirar uma lição simples, mas que seja capaz de mudar o seu dia a dia.

Finalmente, queria te perguntar quem é o Gustavo Caetano além da personalidade que todo mundo conhece? E para onde ele quer ir a partir daqui?

G.C.: Gustavo Caetano é um cara comum, de Araguari e com um sonho muito grande. Tenho uma família espetacular, que é a minha base e me ajuda todos os dias a alcançar meus próximos objetivos.

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