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Dinheirama Entrevista: Roberto Sato, Disseminador da Educação Financeira e Aprendiz Vitalício Jr.

by Redação Dinheirama
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Roberto Sato costuma se apresentar com um cartão no qual consta: “Aprendiz Vitalício Jr”. Com 61 anos, começou a trabalhar aos 7 anos na roça, foi assistente de verdureiro aos 12, e durante 33 anos integrou a equipe de uma multinacional, começando como vendedor temporário e chegando a gerente executivo. Ele, que é grande disseminador da Educação Financeira, atuando em uma série de frentes que abrangem pessoas físicas e empresas, afirma que posicionar-se como aprendiz descongestiona o ego e permite que siga desafiando a saúde, a mente, o relacionamento e a aprendizagem de educação financeira.

Atualmente, além de gerenciar grupos presenciais e online com o objetivo de compartilhar conhecimentos para quem quer cuidar melhor do dinheiro, ele também participa como Conselheiro de duas instituições voltadas a área de Educação Financeira: Multiplicando Sonhos e Ninja Investidor, além de fazer parte de um Grupo de debate sobre Psicologia Econômica e de um Grupo Auto dirigido de Psicologia Econômica. Como aqui no Dinheirama acreditamos e atuamos para disseminar a educação financeira, convidamos Roberto Sato para contar um pouco mais sobre suas iniciativas tão ricas. Confira!

Dinheirama: Pode nos contar um pouco sobre sua história de vida? Onde nasceu e cresceu?

Nasci na cidade de Inajá, noroeste do Paraná. Lá residi até os 4 anos, mas lembro de várias passagens e situações. Depois fui para Paraná Real, Japurá cidade e sítio.  Fui alfabetizado em São Luiz do Oeste, distrito de Toledo, oeste do Paraná. Tudo que aprendi ali nos 5 anos que estudei são a base que faz diferença até hoje. Saber que comecei ali me dá força, persistência e coragem. Sair de um lugar tão diminuto e distante nunca me fez menor, nem pensar pequeno, ou posicionar-me como vítima. Inajá e São Luiz do Oeste são a minha base protagonista. Depois passei parte da minha adolescência em Toledo e na cidade de São Paulo. Residi em mais de 25 casas ou apartamentos diferentes nestes 61 anos. Aprendi a me adaptar rápido em cada situação de mudança. Qualquer mudança, física ou mental é desgastante, desafiadora, mas muito rica em proporcionar experiências diferentes!

Dinheirama: Quais aprendizados teve que você considera importantes para a sua formação? Há algo que também aplicou com seu filho ou acredita que seja importante para as crianças em geral?

Lembro das histórias infantis contadas pela minha avó paterna e da citação: “Cuidado exige um segundo, consequência é eterna!”. Em São Luiz do Oeste, aos sábados, nós alunos cuidávamos da escolinha, os meninos tiravam a água do poço e as meninas lavavam o assoalho. E outros varriam o pátio do colégio ou lixavam as carteiras com uma folha colhida no matagal: a lixa de macaco. Também plantávamos trigo em volta da escolinha para vender e comprar bola. Estávamos aprendendo o valor do trabalho voluntário, comunitário e autossuficiência.

Dos 19 aos 23 residi na CEU – Casa do Estudante Universitário em Curitiba, com mais de 400 estudantes de diferentes cursos, mas todos de famílias de classe baixa. Estudava de dia, trabalhava à noite, e nas horas vagas trabalhava para compor 20 horas semanais durante o primeiro ano em troca de pensão completa, pagando um quarto do salário mínimo. Depois contribui mais um ano como tesoureiro da CEU.  Trabalhei na tesouraria, no bar, no refeitório, na granja, na lavanderia, sala dos outros (hospedaria para estudantes em trânsito). Ali aprendi muito sobre gestão dos recursos, importância da liderança e convivência com pessoas e ideias díspares!

De Inajá à Casa do Estudante em Curitiba, notei que ninguém havia sido preparado para fazer do dinheiro o seu aliado, para gerir o seu dinheiro como uma empresa. Então, sempre orientei o meu filho Paulo Henrique, as crianças e os jovens a terem contato com o manejo do dinheiro desde a pré semanada até o início dos investimentos por conta própria. O importante é começar pelo básico: gaste menos do que ganha e guarde a diferença para investir, regularmente!

Dinheirama: Pode contar um pouco de sua trajetória profissional agora? Quando começou a trabalhar efetivamente e o que este início de trabalho, ganhando seu próprio dinheiro, te ensinou?

Comecei a trabalhar com 7 anos na roça. Mas oficialmente com salário, aos 12 anos, como ajudante do verdureiro Kurihara, em Toledo. Logo depois como boy da farmácia Santo Antônio na mesma cidade, da família Fazzano. Lembro com muita emoção do salário que recebia, em espécie, num envelope, com o nome e o valor. Voltava para casa e entregava para a minha mãe, Marta. Uma alegria enorme!

Aprendi que cada atividade tem uma dinâmica; cada responsável te orienta de forma diferente; sempre tem alguém observando o resultado do seu empenho ou não; que mesmo uma criança ou adolescente faz diferença se ele quiser e se empenhar com regularidade; enfim, que o trabalho mais simples também gera renda que contribui e muito para compor a renda da família.

Dinheirama: Você teve uma vida profissional longa em uma única empresa. Certamente deve ter aprendido muitos detalhes com relação a áreas e pessoas. Esse olhar te estimulou a pensar na questão da importância da educação financeira dentro das empresas hoje? 

Trabalhei por mais de 33 anos numa empresa multinacional do ramo alimentício. Foi uma longa jornada de aprendizado e experiência. Em qualquer empresa poucos são aqueles que atuam como proprietários do negócio. Poucos atuam como protagonistas na função contratada. Poucos administram o salário que recebem como uma empresa a ser gerida. Poucos encaram como se fosse uma empresa prestando serviço para uma outra empresa. Um colaborador que possui educação financeira e previdenciária saberá manejar o seu salário de tal modo que a médio e longo prazo construirá um investimento autossustentável. Um colaborador com esta visão trabalha centrado para mover o mercado; não cultua a formação de grupelhos dos “puxa sacos”; tem uma fortaleza no seu talento de trabalho diferenciado; não fica fazendo papel de vítima; tem voz e independência na condução de seus resultados; trabalha com fatos, resultados e lidera gente que pensa. Já um colaborador falido, com dívida e sem investimento tem mais problemas de saúde, performance abaixo da média, mais estresse e menos produtividade. Ou seja, Educação financeira é um dos melhores meios para engajar e mobilizar todos.

Dinheirama: Como você atua nesta área hoje? O que procura fazer para expandir essa necessidade de educação financeira nas empresas?

Tenho procurado sensibilizar a importância da Educação Financeira para pessoas, micro, pequenas, médias e grandes empresas. Converso com proprietários, gestores, funcionários de diferentes escalões. Levo a mensagem de que, independente da idade, é momento para pensar em poupar e investir. Que pensar e agir na busca pela longevidade com qualidade de vida é para qualquer idade.

Implementar o valor da Educação Financeira na mente das pessoas e na cultura de uma empresa é trabalhar com mudanças de paradigmas, de status quo, de comportamento. É um desafio gigante, mas que, quando sensibilizado e praticado, gera um efeito transformador. No aspecto pessoal, tem impacto na saúde, mente, relacionamento e finanças. Profissionalmente, impacta na performance, mas principalmente no reconhecimento de que você é uma pequena empresa prestando serviço para uma outra.

Dinheirama: Você também tem outras iniciativas muito legais para ampliar a educação financeira, como um grupo de WhatsApp e reuniões mensais. Pode contar um pouco mais sobre esses programas? Qualquer um pode participar?

Sim, no LinkedIn, Facebook e Instagram procuro compartilhar o que acho relevante em termos de Educação financeira, liderança e gestão. No WhatsApp tenho um Grupo de Educação Financeira chamado “Vintém poupado, vintém ganho”, do qual participam 350 pessoas de diferentes faixas etárias, profissões, gêneros, classes, formações e também com vários especialistas em Educação Financeira & finanças.

O objetivo é sensibilizar sobre a importância de praticar a Educação Financeira em qualquer idade, compartilhar os impactos transformadores na vida das pessoas que abraçam esta causa, e trocar ideias com outras pessoas que também valorizam a Educação Financeira.

O outro momento chama-se Bate Papo sobre EDUCAÇÃO FINANCEIRA, que ocorre toda terceira quarta-feira de cada mês das 17h00 as 19h00, no Espaço Cultural Alberico Rodrigues, na Praça Benedito Calixto, 159, em São Paulo. O próximo será no dia 17 de julho. Em cada ocasião começamos o Bate Papo com um convidado e há interação de todos os presentes. A meta é compartilhar e entender o que diferentes pessoas estão realizando em favor da educação financeira e que tipos de necessidades são demandadas no cotidiano.

Dinheirama: Quais os problemas que a falta de educação financeira traz em sua opinião?

 Uma baixa Educação financeira traz uma série de consequências para a vida pessoal, profissional, gestão e liderança. Há muitas coisas que constato na prática. Entre elas:

  •  A pessoa gasta mais do que ganha, vive sempre no negativo, não poupa nem investe.
  • Também reclama do salário, perde tempo vendo o que os outros compram, não tem consciência previdenciária ou pensa na aposentadoria e previdência de forma estreita, em vez de focar na longevidade com qualidade de vida.
  • Pensa no ônus do trabalho não no seu propósito de vida, se posicionando como vítima e não como protagonista.
  • Reclama de tudo e todos, em vez de se auto avaliar para avançar no aprendizado.
  • Tem medo de mudanças e não percebe que tudo muda o tempo todo, teoriza muito e coloca pouca coisa em prática.
  • Reclama do presente, mas sonha com futuro, em vez de plantar hoje para colher amanhã e depois.
  • Reclama dos colegas e do chefe, em vez de trabalhar para ser referência em sua atividade.
  • Não aprecia a produtividade nem pratica a prosperidade, não pratica o que prega e joga responsabilidade para outros, fala na busca de resultados, mas vive no vermelho ou perdendo para a concorrência.
  • É chefe mas não é líder, comanda e desmanda sem autoridade.
  • Trabalha com planilha e não com a realidade.
  • Conhece o escritório, mas desconhece o seu consumidor, cliente.
  • Fala de muitas coisas e não pratica o que defende.
  • Pavoneia pelos corredores, mas tem zero efetividade.
  • Perde tempo e energia internamente, negligência o cliente e o consumidor.
  • A estratégia é 4.0, mas a implementação e resultado é 0.4!

E assim segue…

Dinheirama: Quais conselhos daria para quem não tem ideia de onde começar a aprender a lidar melhor com as próprias finanças?

 O primeiro passo é saber que tem espaço para se aprimorar na educação financeira, independente da idade, conhecimento e classe social!

O segundo é efetivamente querer mudar a situação, desafiar o seu status quo.

O terceiro é começar a ler, estudar, aprender tudo sobre educação financeira, do básico à independência financeira. O quarto é começar a gastar menos do que ganha; poupar e investir num ativo após compreender o seu risco, retorno e liquidez, e o seu perfil de investidor, objetivo e prazo. E o quinto, finalmente, é entender e internalizar que este é um caminho sem volta, que é preciso seguir aprendendo para cada vez investir melhor. Perceber que tem uma renda extra adicional ao seu salário traz uma liberdade cada vez maior de que todo empenho e esforço tem resultado, faz sentido. Começar a sentir que você está no controle de suas finanças, na construção de um futuro consistente, dá a você uma sensação de uma vida em plenitude! É liberdade de escolha!

Dinheirama: Finalmente, quais os planos do Roberto Sato daqui para frente? Continuará aprendendo e ensinando?

Vou seguir atento, lendo e estudando, fazendo cursos e assistindo aulas, compartilhando, dando consultoria e palestras, andando na rua e conversando com as pessoas, debatendo assuntos correlatos à educação financeira, gestão e liderança. Percebo que ao ensinar uma coisa aprendo pelo menos três: reforço o que sei, amplio o que conheço e multiplico as possibilidades! Então percebo que estou no caminho certo e sigo focado no meu objetivo maior, que é continuar aprendendo sempre e praticando o que prego para me transformar!

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