Home Mercados Dinheirama Entrevista: Bruno Yoshimura, CTO e Sócio do Kekanto

Dinheirama Entrevista: Bruno Yoshimura, CTO e Sócio do Kekanto

by Ricardo Pereira
0 comment

Dinheirama Entrevista: Bruno Yoshimura, CTO e Sócio do KekantoTodos vocês, leitores, já sabem que temos uma grande admiração por histórias de sucesso. Mais do que simplesmente contá-las, gostamos de aprender com elas, especialmente quando seu conteúdo mostra como atitudes simples e persistência podem transformar empresas e pessoas. Somos apaixonados por empreendedorismo e sempre defendemos que esta é uma das formas mais interessantes para contribuir com o crescimento do país.

Discutir empreendedorismo é saudável e nada melhor que conversar com quem fez e faz dessa arte um estilo de vida. Conversamos com Bruno Yoshimura (@brunoyoshimura), co-fundador e CTO do Kekanto.com e formado em Ciência da Computação pela USP (Universidade de São Paulo). Bruno é um grande amigo e tem em comum a paixão por investimentos – ele mantém o excelente blog Investidor Jovem ao lado do amigo Allan Panossian.

Segundo sua própria definição, o Kekanto é um guia de serviços colaborativo. Ele reúne os melhores estabelecimentos e ofertas de todo o Brasil, avaliados por seus consumidores. O site funciona como um boca-a-boca online: os usuários avaliam os estabelecimentos e serviços que conhecem e suas opiniões ajudam outras pessoas a decidirem aonde ir ou o que comprar.

O Kekanto já recebeu aportes de investidores e tem excelente visitação e visibilidade. E é justamente sobre empreender e os desafios de ser empresário no Brasil que conversamos. Acompanhe o papo:

Bruno, estamos vivendo um período muito interessante no Brasil. Com a ascensão social surgiram enormes possibilidades para quem deseja empreender e construir uma história de sucesso. Olhando um pouco para as empresas de Internet no Brasil, como elas podem se estabelecer para disputar e encontrar o sucesso dentro desse cenário?

Bruno Yoshimura: O empreendedor brasileiro precisa entender que hoje finalmente temos um mercado mais maduro. Muitos falam que já existe bolha, mas eu discordo. Em 2000, existiam idéias excelentes, mas o mercado estava imaturo: os custos com tecnologia eram estrondosos, a receita era baixa e a conta não fechava. Hoje vemos justamente o oposto: custos cada vez mais baixos com empresas cada vez mais escaláveis e receitas maiores.

O resultado dessa grande mudança é que hoje é possível montar uma startup de Internet sem precisar de muito dinheiro e fazê-la crescer rapidamente. Para aproveitar esse novo ecossistema, os brasileiros deveriam acompanhar de perto o que acontece lá fora para buscar idéias de startups que possam ser lançadas por aqui. Uma vez lançada, o próximo passo é procurar investidores. Desde a bolha não viamos um interesse tão grande dos investidores pelas startups brasileiras e não devemos acreditar que isso vai durar para sempre.

Um dos grandes problemas para quem pensa em empreender no Brasil é a falta de apoio do governo em reduzir e simplificar a carga tributária de pequenas empresas. Além disso, muitos empreendedores não fazem a lição de casa (planejamento dos negócios). O que você diria a alguém que está com uma idéia na cabeça ou um projeto no papel e pretender iniciar seu negócio?

B.Y.: Just do it! A maioria das pessoas com vontade de empreender acaba desistindo antes de começar e isso acontece porque elas pensam demais. A burocracia e os impostos existem, mas o melhor momento para se preocupar com eles é quando o negócio já está rodando ou quando fizer sentido perder tempo com isso. Hoje você pode abrir uma startup de Internet com custo muito baixo e sem precisar de uma empresa aberta.

Como foi o processo de criação do Kekanto? Conte um pouco da história do negócio, como surgiu a ideia e como você enxerga o futuro da ferramenta no Brasil?

B.Y.: O Kekanto surgiu de uma necessidade que vimos no mundo real. Eu estava reformando uma casa e o Fernando Okumura, co-fundador, estava empreendendo na área de construção civil. Notamos que o mercado de boca-a-boca para prestadores de serviços era ineficiente e que poderíamos resolver isso com um guia colaborativo online.

Quando começamos a desenvolver, resolvemos fazer isso também para restaurantes, bares e baladas, pois a dificuldade técnica seria a mesma. Em três meses e sem gastar quase nada conseguimos lançar um protótipo e no primeiro mês já atingimos 1 milhão de pageviews. Sentimos que havia tração no negócio e desde então estamos 100% focados nele.

O futuro do Kekanto está muito ligado à duas tendências bem fortes: social e mobile. Os usuários vão querer saber quais são os restaurantes mais próximos recomendados pelos seus amigos.

Sempre reforçamos a importância de lidar muito bem com as finanças pessoais e evitar as armadilhas do consumo. Muitos empreendedores misturam as contas familiares com as da empresa, dando asas a um verdadeiro caos financeiro. Como vocês evitaram esse problema? Houve profissionalização na gestão desde o início? Isso é importante?

B.Y.: Antes de abrir a empresa fizemos uma planilha simples, com registro de todos os gastos, e isso foi suficiente no começo. Não demorou muito para abrirmos a empresa e contratarmos uma empresa de contabilidade. Ao abrir a empresa, é bom manter as finanças sempre organizadas para evitar retrabalho, especialmente se há no horizonte o objetivo de procurar investidores.

O foco do empreendedor nos negócios é fundamental para o sucesso e, pensando nisso, eu teria contratado uma pessoa para ajudar na parte financeira parte para focarmos o máximo de tempo no que importa: a criação.

Um dos assuntos mais procurados pelos interessados no tema “startups” é justamente a busca por investidores. Recentemente, vocês passaram por essa experiência de uma forma positiva. Como se deu esse processo? Como deve ser a abordagem em busca de um investidor?

B.Y.: Desde o começo mantivemos conversas saudáveis com investidores, pois o Fernando tem bastante contato na área. Nós seguramos a empresa com recursos próprios por quase um ano, pois acreditávamos que poderíamos deixar o produto redondo e mostrar resultados sem gastar muito dinheiro.

Quando sentimos que estava na hora, resolvemos optar por investidores anjos que agregassem mais do que o dinheiro e que confiassem no que estávamos fazendo. Florian Otto (CEO do Groupon) e Vinicius Marchini (sócio do fundo de private equity BRPartners) investiram em junho desse ano.

Dessa pequena experiência que tivemos em dezenas de conversas, notei que os itens que mais atraem investidores são (em ordem de prioridade):

  • Um bom time! Os investidores querem saber quem são os empreendedores e o que fizeram. É importante ter um time balanceado, com conhecimento nas áreas estratégicas da empresa e com tempo 100% focado no negócio;
  • Mercado grande. Não precisa ser inovador, não precisa ter modelo de negócio implementado, mas precisa ter mercado grande. O investidor de risco está buscando algo que dê um retorno de 10 vezes (até 100 vezes) do capital investido, então pense grande. Gosto da frase:“Think big, start small, move fast”;
  • Um produto! Ter um bom produto é melhor do que ter números estrondosos. Essa é uma visão que nem todos os investidores tem, mas que, na minha opinião, deveriam ter.

Ainda sobre a questão do aporte de capital, outra dúvida importante diz respeito ao que a empresa alvo de investidores deve oferecer. Em outras palavras, quais os pré-requisitos para que a negociação seja bem sucedida? Existem exigências? Você pode detalhar um pouco melhor tudo isso?

B.Y.: Uma das coisas que aprendemos com tantas conversas com investidores é que para ganhar tração é importante fixar uma expectativa de prazo para levantar o dinheiro. Tendo isso, os investidores vão correr para fazer uma proposta concreta, pois saberão que você está em processo de fund-raising e poderão existir outros fundos fazendo propostas.

Uma exigência que eu acho bem plausível é que todos os empreendedores do time estejam 100% focados na empresa. Se o empreendedor acredita realmente no negócio, ele precisa ter coragem para largar todos os outros compromissos.

É importante tambem ter uma consultoria jurídica na parte dos termos do contrato. Aqui no Brasil você pode se deparar com uns termos não muito amigáveis para o empreendedor e têm capitalistas oportunistas querendo tomar o controle da sua companhia.

Bruno, muito obrigado por sua contribuição e parabéns pela trajetória de sucesso. Por favor deixe um recado final aos leitores do Dinheirama que tanto apreciam o empreendedorismo.

B.Y.: Agradeço pelo espaço aqui no Dinheirama! Acompanho vocês há muitos anos e tenho orgulho do que vocês fazem. Educação financeira muda a vida das pessoas, especialmente dos jovens. Deixo aqui uma dica de leitura para quem tem vontade de empreender, mas falta um empurrãozinho: “Aposentado Jovem e Rico” do Robert Kiyosaki.

Para aqueles interessados em nosso trabalho, sugiro que visitem nosso site – www.kekanto.com – e também baixem nosso aplicativo para iPhone, Android e Blackberryhttp://br.kekanto.com/mobile. Até a próxima.

Foto: divulgação.

Sobre Nós

O Dinheirama é o melhor portal de conteúdo para você que precisa aprender finanças, mas nunca teve facilidade com os números.  Saiba Mais

Assine a newsletter “O Melhor do Dinheirama”

Redes Sociais

© 2024 Dinheirama. Todos os direitos reservados.

O Dinheirama preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe, ressaltando, no entanto, que não faz qualquer tipo de recomendação de investimento, não se responsabilizando por perdas, danos (diretos, indiretos e incidentais), custos e lucros cessantes.

O portal www.dinheirama.com é de propriedade do Grupo Primo.