O Ibovespa (IBOV) fechou em alta nesta sexta-feira, liderada pelo avanço de quase 6% da Vale, em meio a noticiário positivo sobre a economia da China e perspectivas de pausa no ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos neste mês, enquanto a economia brasileira cresceu acima do esperado de abril a junho.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,86%, a 117.892,96 pontos, assegurando um ganho de 1,86% na semana até a véspera estava praticamente no zero a zero. O volume financeiro na sessão somou 26,6 bilhões de reais.
O avanço no primeiro pregão de setembro vem após o Ibovespa fechar agosto com declínio acumulado de 5%, quebrando uma sequência de quatro meses de alta, em meio à saída de capital externo, com as últimas sessões ainda sendo pressionadas por preocupações com o cenário fiscal do país.
A recuperação na bolsa paulista encontrou suporte principalmente no exterior, com a agenda dos Estados Unidos incluindo dados melhores do que as projeções sobre a criação de empregos nos EUA em agosto, mas aumento na taxa de desemprego e moderação no crescimento dos salários.
Para o diretor de pesquisa e chefe global de soluções na Janus Henderson Investors, Matt Peron, apesar da criação de vagas mais forte do que o esperado, os detalhes por baixo, em especial salários por hora, vieram mais em linha com a tendência de inflação mais suave vista nas últimas semanas.
“Isso provavelmente manterá o Fed em uma postura de espera e apoiará os ativos de risco”, afirmou.
A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve está prevista para os próximos dias 19 e 20, quando, além da decisão em si sobre os juros, que será conhecida no segundo dia, serão divulgadas projeções econômicas do banco central norte-americano.
Na China, o Índice de Gerentes de Compra (PMI) para a indústria do Caixin/S&P Global subiu a 51 em agosto, de 49,2 em julho, superando as previsões dos analistas de 49,3. Também foram anunciadas nesta sexta novas medidas de estímulo à segunda maior economia do mundo, que vêm preocupando agentes financeiros.
A sexta-feira ainda contou com a divulgação do PIB brasileiro, que mostrou expansão de 0,9% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, ante expectativa em pesquisa de Reuters de um avanço de 0,3%. Ainda assim, representa desaceleração frente ao primeiro trimestre.
Tal resultado desencadeou revisões para cima nas projeções de economistas de bancos como JPMorgan e Goldman Sachs, enquanto outros adiantaram que devem melhorar suas estimativas de 2023.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o resultado do PIB deve favorecer a arrecadação do governo. Ainda assim, voltou a alertar para a necessidade de uma “convergência fiscal” no Brasil, que possibilite a manutenção de juros mais baixos por mais tempo.
Destaques
Vale (VALE3) saltou 5,85%, a 68,89 reais, beneficiada pelo noticiário chinês, assim como alta dos futuros do minério de ferro na China.
O JPMorgan também elevou a recomendação dos papéis da companhia para “overweight”, com preço-alvo de 79 reais, de 75 reais anteriormente. O BTG Pactual também incluiu a ação na sua carteira recomendada para setembro.
Petrobras (PETR4) valorizou-se 2,16%, a 32,63 reais, em dia de alta dos preços do petróleo no mercado externo, onde o Brent encerrou com elevação de 1,98%, a 88,55 dólares o barril.
Itaú Unibanco (ITUB4) fechou em alta de 0,86%, a 27,65 reais, e Bradesco (BBDC4) subiu 0,27%, a 14,99 reais, acompanhando o viés mais comprador na bolsa, após pressão negativa nos últimos dois pregões com receios dos efeitos de medidas do governo para elevar receitas fiscais. Ainda assim, terminaram o dia distante das máximas do pregão.
Lojas Renner (LREN3) avançou 4,62%, a 16,77 reais, buscando respaldo no bom humor na bolsa após fechar na véspera em uma mínima em quase quatro meses, tendo acumulado em agosto uma queda de 14,5%.
No varejo de vestuário, Grupo Soma (SOMA3) ON encerrou o pregão com ganho de 2,8%. O índice do setor de consumo na B3 subiu 1,54%.
Méliuz (CASH3) recuou 5,51%, a 6,35 reais, no que deve ter sido o último pregão do papel na carteira do Ibovespa. A última prévia para o índice que irá vigorar a partir de segunda-feira até o fim do ano excluiu os papéis da Méliuz, enquanto inclui Vamos e PetroReconcavo, que fecharam o dia no azul.
IRB (IRBR3) encerrou o dia em baixa de 2,44%, a 41,91 reais, mantendo em setembro a correção negativa que marcou os últimos dias de agosto, embora a resseguradora ainda tenha terminando o mês passado com uma valorização de quase 4,5%. Até o último dia 29, a alta acumulada em agosto era de 15,5%.