O dólar (USDBLR) acelerou a queda em relação ao real nesta segunda-feira, com os mercados trabalhando em modo de espera antes das decisões de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil desta semana.
Às 10:22 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,34%, a 4,8550 reais na venda.
Na B3, às 10:22 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,35%, a 4,8635 reais.
“É uma semana que promete ser bem agitada… com os investidores em compasso de espera com as decisões de política monetária”, disse Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora.
O banco central da maior economia do mundo, o Federal Reserve, encerra sua reunião de política monetária de dois dias na quarta-feira, e investidores esperam quase unanimemente que mantenha a taxa entre 5,25% e 5,5%.
Mais do que isso, sustentando um ambiente benigno no mercado internacional, as probabilidades de outra pausa em novembro são de 69%, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.
“A chave para a reação dos mercados será se o banco central irá combater as expectativas do mercado de que o ciclo de cortes começará no início do próximo ano”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury. “Caso os membros do Fed mantenham as portas abertas para um possível novo aumento de juros em 2023, o dólar pode encontrar suporte, embora os níveis elevados da moeda americana no exterior sugiram que o terreno para uma recuperação é limitado.”
Num geral, sinais de que banco central norte-americano abrandará sua postura no combate à inflação costumam impulsionar divisas emergentes de maior rentabilidade, como o real, uma vez que os retornos dos rendimentos dos Treasuries ficam menos atraentes.
Por outro lado, surpresas “hawkish”, inclinadas a uma política monetária mais restritiva, na retórica do Fed quase sempre impulsionam o dólar globalmente.
No Brasil, o BC deve repetir a dose de afrouxamento monetário promovida em agosto e cortar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual ao final de sua reunião na quarta-feira.
“Vemos que a ‘barra é alta’ para o BC apresentar uma comunicação mais ‘dovish’ (leniente na luta contra a inflação) em relação ao último encontro e, assim, mantém as dúvidas sobre a aceleração do ritmo de cortes de juros neste ano”, disse o BTG Pactual em relatório a clientes.
O nível elevado da taxa Selic, atualmente em 13,25%, é apontado como um fator de sustentação para o real, uma vez que o torna mais atraente para uso em estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com diferenciais de juros entre economias.
Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,8716 reais na venda, com variação negativa de 0,02%.