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Brasil ganhará bolsa de energia elétrica com parceria entre fundo da B3 e europeia EEX

Batizada de N5X, a joint venture entre o fundo L4 Venture Builder e a Nodal prevê iniciar operações em 2024

by Reuters
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 O Brasil está avançando para ganhar sua primeira bolsa de energia elétrica, com o lançamento nesta terça-feira de uma iniciativa conjunta de um fundo apoiado pela B3 e da Nodal Exchange, bolsa de derivativos da alemã European Energy Exchange (EEX).

Batizada de N5X, a joint venture entre o fundo L4 Venture Builder e a Nodal prevê iniciar operações em 2024 ofertando em um primeiro momento produtos não regulados, como o registro de negociações bilaterais de compra e venda de energia.

Mas a proposta é de que ela assuma o papel de uma contraparte central no médio ou longo prazo, reduzindo significativamente os riscos existentes hoje nos negócios do mercado livre de energia, em uma aposta que pode elevar consideravelmente os volumes financeiros transacionados no mercado brasileiro.

“Seremos uma clearing. A EEX hoje está em 21 países da Europa, no Japão e Estados Unidos, esses países passaram por um movimento de liberalização (do setor elétrico) e ao longo do tempo, fez sentido se ter uma clearing. Acreditamos que faz sentido para o país”, explicou à Reuters a CEO da N5X, Dri Barbosa.

O setor elétrico brasileiro vem em um movimento de aproximação com o mercado financeiro, tendo começado nos últimos anos a trabalhar com derivativos de energia elétrica, instrumentos que atuam como “hedge” contra as flutuações de preço de um insumo fundamental para indústrias e grandes empresas.

Apesar de iniciativas da plataforma eletrônica BBCE e da B3 para estimular os derivativos de energia, o volume transacionado de produtos financeiros para energia segue limitado, com grande parte dos negócios ainda ligados à entrega física da energia.

Segundo Barbosa, a N5X vê espaço para estimular o crescimento e a sofisticação do mercado livre de energia brasileiro que, embora já represente parcela importante do consumo total de energia do Brasil, ainda tem volume baixo de negociação de contratos via plataformas.

A executiva não revelou estimativas do volume potencial de negócios para a nova bolsa, mas apontou que os agentes –geradores, comercializadores e consumidores– e reguladores estão ansiosos por oportunidades para alavancar o mercado.

“Hoje o giro no Brasil é de 4,7 vezes o volume (de energia negociado em contratos em relação ao consumo), o benchmark é de 10 vezes no resto do mundo. Então, tem uma oportunidade de o volume transacionado ser maior”, disse.

Um dos pontos fundamentais para aumentar as transações é reduzir o risco da contraparte –como o mercado brasileiro não tem hoje uma “clearing” para gerenciar esse risco, os agentes precisam avaliar o risco de crédito de todas as suas contrapartes, o que acaba reduzindo a liquidez do mercado.

O Brasil é o sexto maior mercado consumidor de energia elétrica do mundo, com 589 terawatts-hora (TWh) consumidos em 2022, além de ser o sétimo maior produtor, com uma capacidade instalada de mais de 190 gigawatts (GW), segundo dados da N5X.

A CEO destacou ainda o movimento de abertura do mercado para um novo universo de consumidores de energia a partir de 2024, estimulando o segmento de comercialização varejista, que serão possíveis agentes na nova bolsa de energia.

Primeiras operações e portifólio

A partir do lançamento nesta terça-feira, a N5X iniciará um diálogo com os principais agentes e reguladores para entender as necessidades do mercado livre brasileiro e quais produtos poderão ofertar no país.

A ideia é que, em 2024, a empresa já possa oferecer a formalização de contratos de energia negociados bilateralmente. Em paralelo, montará um plano para perseguir aprovações regulatórias para ofertar derivativos e estruturar a clearing.

“Tanto o grupo EEX como o L4 VB têm uma visão de longo prazo. Eles sabem que esse projeto é um projeto que não é de três anos, não é de cinco anos, é muito longo”, disse Barbosa.

No futuro, a N5X pretende expandir seu portfólio de produtos para ativos além do setor elétrico.

“Tanto Nodal quanto grupo EEX começaram com instrumentos financeiros com o ativo ‘energia elétrica’ e, ao longo do tempo, fez sentido ir para ativos adjacentes, então hoje já transacionam gás natural, ‘environmental products’, créditos de carbono, entre outros”.

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