O dólar (USDBLR) à vista oscilou em baixa ante o real durante boa parte da sessão desta quarta-feira, marcada por um alívio no mercado de Treasuries após a divulgação de dados econômicos piores que o esperado nos EUA, mas ainda assim a moeda norte-americana fechou o dia praticamente estável no Brasil.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,1528 reais na venda, em variação negativa de 0,06%.
Na B3, às 17:40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,27%, a 5,1720 reais.
Nas duas sessões anteriores, a divisa dos EUA havia acumulado alta de 2,56%, na esteira de dados positivos sobre a economia norte-americana, que elevaram a percepção de que o Federal Reserve poderá subir mais sua taxa de referência e mantê-la alta por mais tempo.
Nesta quarta-feira, porém, o mercado encontrou certo alívio com a divulgação dos dados do Relatório Nacional de Emprego da ADP. O documento mostrou que foram abertos 89.000 empregos no mês passado no setor privado dos EUA. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 153.000 postos de trabalho.
Após os dados da ADP, os rendimentos dos Treasuries cederam, refletindo uma perspectiva de política monetária não tão apertada nos EUA, o que também penalizou o dólar. A moeda norte-americana à vista marcou a cotação mínima de 5,1233 reais (-0,63%) às 9h50 no Brasil.
“O forte impulso do dólar nos últimos dias foi um movimento global. Hoje (quarta-feira), há um alívio por conta da ADP, com dados abaixo das projeções”, resumiu André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.
“Este movimento de correção, de pequena valorização do real, se dá justamente porque a expectativa é em relação aos dados de emprego nos EUA, o payroll de sexta-feira”, acrescentou.
Um profissional ouvido pela Reuters viu a baixa do dólar ante o real durante a sessão, apesar de pequena, como uma “pausa” antes da divulgação de novos dados importantes nos EUA o primeiro deles, o relatório de empregos payroll, na sexta-feira.
Entre os agentes de mercado, a percepção mais geral é de que as cotações seguirão pressionadas enquanto não houver clareza sobre o futuro da política monetária nos EUA.
“Os juros americanos de mais longo prazo atingiram patamares de 16 anos, estão elevadíssimos e podem subir mais, pois a economia se mostra forte, o mercado de trabalho apertado e a inflação custa a ceder para a meta”, avaliou o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo.
“Hoje há uma percepção de que as taxas por lá ficarão elevadas por longo período e isso ajuda a moeda americana a se valorizar no mundo todo.”
Neste contexto, apesar do alívio trazido pelos dados da ADP, o dólar à vista recuperou o fôlego ante o real durante a sessão e chegou a subir.
Às 11h09, marcou a cotação máxima de 5,1790 reais (+0,45%). Depois disso, se reaproximou da estabilidade.
No exterior, a queda do dólar ante as divisas fortes era mais intensa e a moeda norte-americana também recuava ante a maior parte das divisas de emergentes ou exportadores de commodities.
Às 17:40 (de Brasília), o índice do dólar que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas caía 0,27%, a 106,780.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de dezembro.