A exportação de milho do Brasil foi estimada nesta quarta-feira em 6,86 milhões de toneladas em dezembro, redução de quase 6% ante o mesmo mês em 2022, apesar de o país contar com a oferta de uma safra recorde e a demanda adicional da China em 2023, estimou a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
A queda esperada para os volumes de milho em dezembro acontece após uma baixa nos rios amazônicos devido à seca nos últimos meses do ano, o que levou exportadores a transferirem cargas para o porto de Santos, em alguns casos.
Os canais portuários do Norte têm sido importantes nos últimos anos para o país escoar a produção de grãos brasileira no segundo semestre, quando o Brasil exporta maiores volumes conjugados de soja e milho.
Mas em 2023 uma seca mais acentuada na Amazônia gerou transtornos –reduzindo o volume transportado pelas barcaças no rio Tapajos–, os quais na visão da associação não interferiram nas projeções de recordes de exportações no ano.
“É possível que tenha ocorrido algum contratempo pontual de um ou outro exportador. Todavia, é importante destacar que não é possível quantificar esse problema e que os totais estimados para as exportações de soja e milho foram crescentes ao longo do ano, sem ter tido redução quando a seca afetou alguns dos rios do Norte”, disse o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, ao ser questionado se o volume poderia ter sido maior, não fosse a seca.
Ele destacou que, pela primeira vez, foi batido um recorde simultâneo para os embarques de soja e milho, em meio a uma safra recorde. “A previsão é que a gente feche este ano ultrapassando os recordes anteriores destes grãos em 25 milhões de toneladas, sendo 14 milhões de toneladas a mais para soja e 11 milhões de toneladas a mais para o milho”, pontuou.
A Anec projetou que o Brasil poderá fechar o ano com embarques recordes de cerca de 56 milhões de toneladas de milho em 2023, ante 44,7 milhões de toneladas em todo o ano passado, com impulso da demanda da China e de uma safra recorde.
“A China se destaca como um grande mercado este ano, sendo responsável por 31% do volume total de janeiro a novembro, o que representa cerca de 15,4 milhões de toneladas”, disse a Anec.
O país asiático começou a comprar milho do Brasil em volumes relevantes ao final do ano passado, após a assinatura de um acordo.
Já a exportação de soja do Brasil deve alcançar 3,58 milhões de toneladas em dezembro, contra 1,52 milhão no mesmo mês em 2022, segundo a Anec, com o Brasil contando com maiores estoques após uma safra recorde para manter os embarques fortes até o final do ano.
A exportação de soja brasileira 2023 foi estimada em recorde de 101,18 milhões de toneladas, ante 77,8 milhões em 2022, estimou a Anec. O volume projetado para este ano supera a máxima anterior registrada em 2021, de 86,6 milhões de toneladas, segundo dados da Anec.
A Anec destacou em boletim que a China também foi importante para a obtenção do recorde na soja, citando que o país asiático foi responsável por importar 74% do total, de janeiro a novembro, ou 72,6 milhões de toneladas.
No caso do farelo de soja, os volumes exportados também têm sido volumosos, com a Anec projetando 22,3 milhões de toneladas no ano, sendo 2 milhões de toneladas em dezembro, versus 1,3 milhão do mesmo mês do ano passado.
Já a exportação de trigo brasileiro voltou a apresentar alguns volumes mais relevantes em novembro e dezembro, mas ainda assim a expectativa é de fechar o ano com queda de cerca de 900 mil toneladas ante 2022, quando o país embarcou históricas 3,2 milhões de toneladas.