A mineradora Anglo American avalia que um acordo com a Vale (VALE3) anunciado na véspera permitirá não só a ampliação da vida útil de sua operação de minério de ferro no Brasil Minas-Rio, como também dará um leque de opções logísticas que poderão dobrar a produção no ativo futuramente.
O negócio prevê que a Vale contribuirá com recursos de minério de ferro de alto teor de um depósito na Serra da Serpentina, próximo ao ativo da Anglo, e desembolsará 157,5 milhões de reais, para adquirir 15% de participação acionária no Minas-Rio.
Estudos técnicos sobre o negócio, incluindo avaliações sobre a possível ampliação da capacidade do Minas-Rio, deverão ser concluídos em cerca de cinco anos após o fechamento do negócio, o que está previsto para o fim deste ano, disse à Reuters a presidente da Anglo American no Brasil, Ana Sanches.
“Concluída a transação, a gente vai dar início a uma série de estudos, estudos técnicos, de viabilidade, pra gente entender qual é a melhor forma… para a gente utilizar todo esse recurso”, disse Sanches.
“(Estamos estudando também) não só integrar, mas aumentar a capacidade da nossa de produção. Agora com a Vale, abre-se um leque bem maior de opcionalidades logísticas.”
Com capacidade de produção anual de 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro, o empreendimento leva a commodity por meio de um mineroduto de mina e unidade de beneficiamento da Anglo em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais, até o Porto do Açu, no Estado do Rio de Janeiro.
O acordo prevê também a opção de compra pela Vale de uma participação adicional de 15% na operação do Minas-Rio, caso o empreendimento tenha sua capacidade ampliada, em iniciativa que considera eventual utilização de ferrovia e porto da Vale, como alternativa à construção de um segundo mineroduto até as instalações da Anglo American no Porto do Açu.
O mineroduto existente do Minas-Rio cruza a rede ferroviária da Vale, permitindo que um segundo mineroduto muito mais curto se conecte com o corredor ferroviário até o porto de Tubarão.
Atualmente, toda a produção de minério de ferro da Anglo é exportada do Brasil, segundo Sanches, que observou ainda o interesse crescente de clientes siderúrgicos por um produto de mais alto teor e que permita a produção de aço com menos emissões.
“Nossos principais clientes estão nos Emirados Árabes, no Japão, alguns clientes no Norte da África, alguns clientes no resto da Europa, mas a gente é 100% exportado”, afirmou Sanches, pontuando que também atende a alguns clientes na China.
O depósito de Serpentina, segundo a Anglo, contém recursos minerais de 4,3 bilhões de toneladas de minério de ferro, com teor ainda mais alto que o minério do Minas-Rio, com predominância de minério friável, menos compacto.
Mais cedo nesta sexta-feira, o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou a analistas que as licenças preliminares para o desenvolvimento de Serpentina devem sair em cerca de cinco anos e que a operação comercial deverá começar no início ou em meados da década de 2030.