O ex-presidente Jair Bolsonaro permaneceu em silêncio durante depoimento à Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, afirmou a defesa dele na saída da sede da PF em Brasília nesta quinta-feira.
O advogado e ex-ministro de Bolsonaro Fabio Wajngarten disse que o ex-presidente ficou em silêncio porque a defesa alega que não teve acesso às provas apresentadas pela polícia.
“Esse silêncio, quero deixar claro que não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente certos delitos”, disse.
Antes do depoimento, os advogados do ex-presidente já haviam informado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à PF que Bolsonaro iria ficar em silêncio por não terem tido acesso à íntegra da delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid e de trocas de mensagens entre outros suspeitos.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou o pedido de acesso às provas e manteve o depoimento.
O advogado também disse que o ex-presidente nunca demonstrou simpatia a qualquer tipo de movimento golpista.
Além de Bolsonaro, a PF também marcou para esta quinta-feira os depoimentos de mais 22 pessoas suspeitas de envolvimento na tentativa de golpe, entre eles os ex-ministros da Defesa Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira e o presidente do PL partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto.
Uma fonte da PF envolvida nas investigações disse que, diante da intenção de Bolsonaro de não falar durante o depoimento, não foram feitos questionamentos a ele. Alguns outros envolvidos que foram intimados a depor prestaram esclarecimentos, acrescentou.
Mais cedo, na porta da sua casa em Brasília, Bolsonaro deu uma declaração sobre o ato convocado por ele com apoiadores para domingo na Avenida Paulista.
“Convidei o pessoal para aparecer para fazer um retrato para poder me defender, de resto não existe mais nenhum problema a ser tratado aí, tem questão técnica e a questão política, ultimamente tem impacto politicamente, técnica é outra história”, afirmou.