A exportação de soja do Brasil nas quatro primeiras semanas de janeiro atingiram 2,6 milhões de toneladas, mais que o triplo do volume registrado em todo o primeiro mês do ano passado, e já marcando um novo patamar mensal recorde para o período, de acordo com dados publicados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
O recorde anterior para janeiro, quando os estoques de soja geralmente são menores, uma vez que a colheita está apenas começando, foi em 2022, quando o país exportou 2,5 milhões de toneladas, segundo a Secex, cujos números abrangem uma série histórica iniciada em 1997.
Os embarques do maior exportador e produtor global de soja estão fortes apesar de uma quebra de safra esperada para o Estado de Mato Grosso, o principal do Brasil, na temporada 2023/24.
Esses volumes maiores refletem negócios feitos anteriormente, antes de os preços internacionais registrarem uma queda de patamar.
Nesta segunda-feira, contratos futuros na bolsa de Chicago eram contados em uma mínima de dois anos, abaixo de 12 dólares por bushel, considerando fatores como uma forte recuperação na produção da Argentina.
“Isso (as exportações de janeiro) se deve a estoques iniciais herdados da safra passada, que foram negociados antes da queda dos preços observada agora em janeiro. Tem soja nova também, negociada antecipadamente”, explicou a analista Daniele Siqueira, da consultoria AgRural, à Reuters.
Ela ressaltou os bons volumes da safra velha, que sobraram da colheita recorde de 2023.
Questionada sobre uma colheita mais antecipada em 23/24 favorecendo os embarques, em meio a um ciclo encurtado pela seca anteriormente em Mato Grosso, a analista minimizou.
“Pouca coisa. Embora o percentual de área colhida seja maior que o de um ano atrás, o volume em toneladas não é necessariamente maior, porque essa primeira soja, especialmente a de Mato Grosso, tem produtividade mais baixa”, disse.
A colheita de soja da safra 2023/24 do Brasil alcançou 11% da área estimada até última quinta-feira, contra 6% uma semana antes e 5% no mesmo período do ano passado, disse mais cedo nesta segunda-feira a AgRural.
Algodão, Tigo, Café
Os números de janeiro para commodities agrícolas como algodão, trigo e café também já superam o mesmo mês do ano passado antes mesmo do encerramento do período.
Segundo a secretaria do governo, a exportação de algodão do país em janeiro já soma no acumulado do mês cerca de 240 mil toneladas, praticamente o dobro do registrado em janeiro completo de 2023.
O total exportado de café até a quarta semana do mês também já superou janeiro do ano passado, com 211,4 mil toneladas, versus quase 170 mil toneladas em janeiro de 2023.
O trigo registrou fortes números, com os embarques superando 800 mil toneladas, versus 561,5 mil toneladas em janeiro completo de 2023.
O açúcar também superou janeiro de 2023, com embarques de 2,7 milhões de toneladas, ante 2 milhões no mesmo mês do ano passado.
Entre as principais commodities agrícolas, a exceção é o milho, que caminha para uma queda em janeiro, apesar de volumes de quase 4,6 milhões de toneladas, segundo dados da Secex.
Essa redução na comparação anual aconteceria após embarques recordes em 2023 e com o mercado interno mais competitivo que a exportação, disseram exportadores anteriormente.