O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, afirmou nesta quinta-feira considerar necessário que haja outras discussões antes de se pensar em impor limites à produção de petróleo no Brasil, defendendo ainda que o país mantenha a busca por novas fronteiras exploratórias, sob o risco de se tornar dependente de importação no futuro.
A fala de Prates ocorre após a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ter defendido em entrevista ao Financial Times nesta semana a imposição de um teto para a exploração de petróleo no Brasil.
“Só colocar uma bandeira, dizer que o petróleo é feio e tem que acabar tal ano é muito pouco”, disse o executivo, em entrevista à GloboNews, ao ser questionado sobre sua posição em relação à declaração de Marina.
Prates frisou não ser contra o estabelecimento de um teto para a produção de petróleo, mas ponderou que precisaria vir com um conjunto de discussões sobre consumo, uso da floresta, da terra e do mar em atividades que vão além da geração de energia, e considerando ainda de onde viria o substituto do petróleo de forma mais clara.
“O meu entendimento de um teto para o petróleo em um país como o Brasil ainda talvez seja uma coisa que estivesse em uma fila e existem várias outras coisas que a gente precisa pensar”, afirmou, reiterando ainda que “não existe absolutamente nenhum embate da Petrobras ou de seu presidente com a ministra Marina Silva” e repetindo tê-la como referência profissional.
O CEO também voltou a defender a busca por petróleo na Bacia de Foz do Rio Amazonas, em águas ultraprofundas do Amapá, uma região com amplo potencial exploratório, mas enormes desafios socioambientais.
O órgão ambiental Ibama negou licença para Petrobras perfurar um poço exploratório na região em maio deste ano, e a companhia entrou com pedido de reconsideração, sem ainda uma resposta. A busca por petróleo em novas fronteiras, segundo Prates, é necessária para evitar o declínio de sua produção na próxima década.
Segundo o CEO, o pico da produção da Petrobras atualmente está previsto para ocorrer por volta de 2032.
“Se o pré-sal acabar em 30, 35 anos, e o petróleo continuar a ser importante para a humanidade durante 50, 60 anos, nós teríamos teoricamente que começar a importar petróleo de outros países, mais carbonizado, que não paga royalties para nosso Estado e não gera emprego no Brasil”, afirmou.